O
que é saneamento básico?
Professor
Nazareno*
O
Instituto Trata Brasil publicou recentemente os seus números de saneamento básico
e de água tratada oferecidos à população no ano de 2022 e a cidade de Porto
Velho, capital do Estado de Roraima, continua vergonhosamente nos últimos
lugares. Há mais de dez anos seguidos, a cidade ocupa as últimas posições e por
isso muitas pessoas daqui não sabem o que é viver com esgotos e água potável.
Porto Velho é uma imundície só. Uma nojeira de tão fedorenta e podre que
envergonha quem tem a coragem de vir aqui. Muitos dos moradores da cidade, no
entanto, já estão tranquilamente acostumados com a carniça diária e assim
fingem que não veem tamanho descaso das autoridades. Cidades como Santos em São
Paulo, Uberlândia/MG e São José dos Pinhais no Paraná aparecem em primeiro
lugar na lista do ITB. E só ganhamos de Macapá. Coitados dos amapaenses!
Porto
Velho não tem qualidade de vida nenhuma. O IDH daqui é muito pior do que o de
Porto Príncipe no Haiti ou o daquelas cidades da África subsaariana. O pior é
que grande parte do povo porto-velhense está alegre e feliz com o lodaçal a que
já está acostumado. Nas eleições, sempre se reelegem os mesmos candidatos que
nunca se preocupam com a higiene e a limpeza da cidade. Não temos água tratada.
Só um pouco de água encanada. Isso apesar de termos ao nosso lado o majestoso
rio Madeira com água ainda potável, apesar do mercúrio e de outros minerais
pesados que já derramaram em seu assoreado leito. Uma voltinha pelas ruas da
cidade é um espetáculo dantesco e infernal. Não há um só logradouro em que não exista
muita bosta humana, garrafas pet, plástico e lixo de toda sorte espalhados
pelas poucas calçadas. Nem praças há para lazer.
Talvez
seja por isso que a cidade está encolhendo a olhos vistos. Segundo o IBGE, os
presumíveis seiscentos mil habitantes que deveria ter, diminuíram para menos de
500 mil. Quem se aposenta “monta no porco” e vai morar em outras cidades
do país que são bem mais limpas e com um IDH melhor do que o da velha “currutela
fedida”. Porto Velho não tem rodoviária, não tem hospital de pronto-socorro
e nem mobilidade urbana. O pior SUS do Brasil é o de Rondônia. A cidade não tem
atrações turísticas e na beira do rio, na área do porto, só há sujeira que atrai muitos ratos e urubus. A Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, a EFMM, que
devia ser um atrativo turístico, é uma desgraça só. Há muitos anos que tentam
recuperá-la, mas ainda hoje continua totalmente abandonada, o mato toma conta e
o que se vê é muita merda, urubus, cachorros mortos, lixo e mendigos.
Infelizmente
muitos dos filhos de Porto Velho, alguns já adultos, não sabem o que é saneamento
básico e nem água tratada. Nunca viram uma torneira. Os poucos que sabem é
porque viram em outros lugares. Quase toda a população da cidade bebe água de
poços imundos cavados ao lado de fossas sem nenhuma higiene. Na verdade, bebem
coliformes fecais e outras nojeiras. Aqui se vive pior do que na Idade Média
com a tristeza que não temos nada de atrativo. A desgraça desta curva de rio
pode ser até pior do que a crise dos Yanomamis, pois o governo federal até já
mostrou dedicação a esses povos originários enquanto o país inteiro e a classe
política esquecem que existe um lodaçal imundo e promíscuo que é uma capital de
Estado. E pior: neste ano tentaram empurrar na população um IPTU irreal e
vergonhoso. É um acinte sem tamanho pagar imposto para viver no meio da nojeira
e da fedentina. Será que alguém já usou os banheiros da nossa rodoviária?
*Foi Professor em Porto
Velho.
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