sábado, 11 de março de 2023

Dê um golpe, Dr. Hildon!

Dê um golpe, Dr. Hildon!

 

Professor Nazareno*

 

            O prefeito de Porto Velho, Roraima, Dr. Hildon Chaves, tinha cem por cento do apoio da Câmara de Vereadores local. Tinha! Com a baderna instalada na cidade após os amentos abusivos do IPTU, esses 100% diminuíram para apenas um terço. Foi o que mostrou a aprovação, pelos vereadores, da PL 1267 revogando a planta genérica que aumenta o IPTU na cidade. Antes da exótica crise, todos os 21 vereadores estavam na base do prefeito. Agora, pelo menos 14 deles votaram contra o executivo municipal “por causa da surpreendente pressão popular” verificada nas redes sociais contra esse injusto aumento. Dr. Hildon teve apenas 7 votos e não tem mais, por enquanto, a maioria naquela casa. Fosse ele, dava um golpe de Estado em Porto Velho para reverter a situação a seu favor. Começava fechando a Câmara de Vereadores e decretava estado de sítio na cidade.

            Mas Porto Velho não terá nem estado de chácara, quanto mais de sítio. Aqui está mais para estado de fossa ou de vala suja mesmo. Se pelo menos a prefeitura tivesse guarda municipal colocava esses “militares” nas ruas, fechava a Sete de Setembro, proibia manifestações nas redes sociais e mandava prender todos os 14 vereadores que votaram a favor da PL 1267. Mas o Dr. Hildon não vai fazer nada disso, mesmo sendo um político alinhado com a direita e a extrema-direita golpistas do país. Ele é um administrador sério e competente e quer ser governador dos rondonienses no futuro próximo. Sabe que a taxa de IPTU está defasada há uns 20 anos e todos os ex-prefeitos, inclusive ele próprio, que já está no sexto ano de administração, não a reajustaram porque não quiseram. Resta saber qual foi o “sábio” que teve a brilhante ideia de aumentar o IPTU daqui no pós-pandemia.

            Quando se visita Paris, Viena, Londres, Barcelona ou qualquer outra cidade civilizada do mundo, paga-se imposto de estadia, talvez uma espécie de IPTU para visitantes. Em Frankfurt na Alemanha, por exemplo, eu paguei o ano passado dois euros por cada dia que fiquei naquela deslumbrante cidade. Porém, quem diabos vai pagar IPTU caríssimo em Porto Velho para ver lixo, nojeira, lodo, carniça, cachorros e gatos mortos, urubus, bosta, esgotos correndo a céu aberto, garrafas pet jogadas, papel higiênico sujo, absorventes íntimos usados, imundície e igarapés contaminados com água podre e fedorenta? Nem lugar para turismo existe em Porto Velho, onde a qualidade de vida é inferior à de qualquer cidade do Sudão do Sul ou da Etiópia. Já disse que quem tem coragem de morar aqui devia era receber alguma verba extra e não ter que pagar impostos.

            O Dr. Hildon ao tentar reajustar o IPTU sem o apoio dos vereadores parece que quer compensar os mais de 100 milhões de reais que Porto Velho perdeu com a diminuição do preço da gasolina feita irresponsavelmente pelo ex-presidente Bolsonaro no intuito de ganhar as eleições do ano passado. Mas “de algum lugar esse dinheiro vai sair”. Se a “jogada” do IPTU não deu certo agora, com certeza haverá outros ataques ao bolso dos contribuintes dessa imunda e suja cidade. Além do mais, político brasileiro que não aumenta impostos não é político. Não é o caso de Porto Velho, claro, mas sempre haverá a necessidade de mais dinheiro em qualquer “Cuité do Noca” espalhado por esse Brasil afora para poder comprar a imprensa marrom e também o Legislativo. O prefeito não deu o golpe nos vereadores. Na verdade, foi golpeado por eles. E o povo daqui deve agora ficar atento e vigiar a ambiciosa classe política. Mesmo que seja pelas redes sociais.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


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