Dê
um golpe, Dr. Hildon!
Professor
Nazareno*
O
prefeito de Porto Velho, Roraima, Dr. Hildon Chaves, tinha cem por cento do
apoio da Câmara de Vereadores local. Tinha! Com a baderna instalada na cidade
após os amentos abusivos do IPTU, esses 100% diminuíram para apenas um terço.
Foi o que mostrou a aprovação, pelos vereadores, da PL 1267 revogando a planta
genérica que aumenta o IPTU na cidade. Antes da exótica crise, todos os 21
vereadores estavam na base do prefeito. Agora, pelo menos 14 deles votaram
contra o executivo municipal “por causa da surpreendente pressão popular”
verificada nas redes sociais contra esse injusto aumento. Dr. Hildon teve
apenas 7 votos e não tem mais, por enquanto, a maioria naquela casa. Fosse ele,
dava um golpe de Estado em Porto Velho para reverter a situação a seu favor.
Começava fechando a Câmara de Vereadores e decretava estado de sítio na cidade.
Mas
Porto Velho não terá nem estado de chácara, quanto mais de sítio. Aqui está
mais para estado de fossa ou de vala suja mesmo. Se pelo menos a prefeitura
tivesse guarda municipal colocava esses “militares” nas ruas, fechava a
Sete de Setembro, proibia manifestações nas redes sociais e mandava prender
todos os 14 vereadores que votaram a favor da PL 1267. Mas o Dr. Hildon não vai
fazer nada disso, mesmo sendo um político alinhado com a direita e a
extrema-direita golpistas do país. Ele é um administrador sério e competente e
quer ser governador dos rondonienses no futuro próximo. Sabe que a taxa de IPTU
está defasada há uns 20 anos e todos os ex-prefeitos, inclusive ele próprio,
que já está no sexto ano de administração, não a reajustaram porque não
quiseram. Resta saber qual foi o “sábio” que teve a brilhante ideia de
aumentar o IPTU daqui no pós-pandemia.
Quando
se visita Paris, Viena, Londres, Barcelona ou qualquer outra cidade civilizada
do mundo, paga-se imposto de estadia, talvez uma espécie de IPTU para visitantes.
Em Frankfurt na Alemanha, por exemplo, eu paguei o ano passado dois euros por
cada dia que fiquei naquela deslumbrante cidade. Porém, quem diabos vai pagar
IPTU caríssimo em Porto Velho para ver lixo, nojeira, lodo, carniça, cachorros
e gatos mortos, urubus, bosta, esgotos correndo a céu aberto, garrafas pet
jogadas, papel higiênico sujo, absorventes íntimos usados, imundície e igarapés
contaminados com água podre e fedorenta? Nem lugar para turismo existe em Porto
Velho, onde a qualidade de vida é inferior à de qualquer cidade do Sudão do Sul
ou da Etiópia. Já disse que quem tem coragem de morar aqui devia era receber alguma
verba extra e não ter que pagar impostos.
O
Dr. Hildon ao tentar reajustar o IPTU sem o apoio dos vereadores parece que
quer compensar os mais de 100 milhões de reais que Porto Velho perdeu com a
diminuição do preço da gasolina feita irresponsavelmente pelo ex-presidente
Bolsonaro no intuito de ganhar as eleições do ano passado. Mas “de algum
lugar esse dinheiro vai sair”. Se a “jogada” do IPTU não deu certo
agora, com certeza haverá outros ataques ao bolso dos contribuintes dessa
imunda e suja cidade. Além do mais, político brasileiro que não aumenta
impostos não é político. Não é o caso de Porto Velho, claro, mas sempre haverá
a necessidade de mais dinheiro em qualquer “Cuité do Noca” espalhado por
esse Brasil afora para poder comprar a imprensa marrom e também o Legislativo. O
prefeito não deu o golpe nos vereadores. Na verdade, foi golpeado por eles. E o
povo daqui deve agora ficar atento e vigiar a ambiciosa classe política. Mesmo
que seja pelas redes sociais.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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