sexta-feira, 3 de março de 2023

Desgraça em Cuité do Noca


Desgraça em Cuité do Noca

 

Professor Nazareno*

 

            Cuité do Noca, antiga Cuité de Chica Gorda, é uma cidadezinha atrasada e perdida nos cafundós do Brasil. Tem um prefeito, que foi reeleito em 2022, tem vários juízes, autoridades diversas e também uma Câmara de Vereadores. Na política, Cuité é um caso único no mundo: não tem oposição à administração municipal. Dos 21 vereadores daquela malfadada cidade todos eles são cupinchas do prefeito. De Mao Tsé Tung na China, Hitler na Alemanha, Maduro na Venezuela, Fidel Castro em Cuba, Idi Amin Dada em Uganda passando por outros déspotas, não há um só deles que tenha governado o seu povo sem ter o mínimo sequer de oposição. Um jornal apenas, uma emissora de rádio, um jornalista, um político qualquer. Esse fato inédito deveria ir para o livro dos recordes: o prefeito de Cuité do Noca não tem desafeto nenhum. Governa o lugar voando em céu de brigadeiro.

            Político de pouca experiência e muito incompetente, ele suborna os jornais e as emissoras de rádio da cidade que administra. Nenhum periódico pode publicar matéria que desabone a conduta desse “líder municipal”. Artigos, matérias e textos de opinião são censurados na maior cara de pau pelos corruptos donos desses órgãos noticiosos. Por isso, o abençoado prefeito faz o que quer contra os pobres munícipes. Quase todos os eleitores cuiteenses são pobres e miseráveis, mas todos eles são da direita e da extrema-direita. Dessa vez o insensível alcaide resolveu aumentar o valor do dízimo municipal. Disse que havia muitos anos que não se dava reajuste naquele imposto. Assim, teve uma ideia de gênio: deixou cobrar o atrasado de uma só vez dos coitados dos contribuintes. Determinou que os “sábios” da prefeitura “descessem a lenha” nas taxas do dízimo. E assim foi feito.

Sem dinheiro sequer para comer, muito menos para pagar impostos altíssimos, os indigentes moradores de Cuité do Noca sofrem mais do que os Yanomamis famintos ou aqueles trabalhadores baianos escravizados nas vinícolas do sul do país. Se não pagarem esse imposto, muitos podem até perder os seus “tapiris”, que levaram a vida inteira para conseguir. Há casos escabrosos de contribuintes que tiveram aumento de 300 ou 400 por cento na sua parcela do tributo. Enquanto isso, a Câmara de Vereadores de Cuité nada faz para amenizar o sofrimento do povo. Puxa-sacos incondicionais do executivo municipal, os legisladores mirins “nadam em dinheiro” e riem da desgraça de seus eleitores. E estão certos: 2023 é um ano sem eleições e quando 2024 chegar, quase ninguém vai se lembrar desta desgraça que se abateu em Cuité de Chica Gorda. Muitos até elogiam aquele “líder”.

E parece que não há mesmo muito o que fazer. O infortúnio chegou de vez àquela cidade promíscua e explorada. “O jeito é pagar o dízimo municipal”, já disseram às gargalhadas alguns dos comprados vereadores. “Precisamos de muita grana para bancar as próximas eleições”, devem pensar. Fala-se que em Cuité do Noca não existe um só político honesto. Exagero? Mas o eleitor de Cuité, iletrado e sem nenhuma consciência política, fica feliz, pois lhe dão algumas válvulas de escape para esquecer seus problemas.  Desfila todo ano numa enorme banda de Carnaval que é bancada, algumas vezes, com polpudas verbas municipais. Dizem que os vereadores cuiteenses não vão fazer nada para resolver o caos. Percebe-se que nenhuma autoridade está interessada em resolver a lenga-lenga. Mas os edis, todos endinheirados e alegres, ficaram entre a cruz e a espada: não querem, claro, aborrecer o prefeito nem os seus eleitores trouxas. Triste sina essa de Cuité.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da denominação da cidade. Veja que trocou o Chica Gorda, mas conservou o Cuité, denominação que garante sua originalidade.

Anônimo disse...

pura verdade.um IPTU de 600 passou pra 3.500 eu mi sinto um legítimo mané do pé roxo.mas só avisando nenhum veriador desse napi vão receber meu voto

Anônimo disse...

O que te a ver se posicionar ser de direita ou extrema direita?