domingo, 5 de março de 2023

De Bianco a Hildon: só chicote!

De Bianco a Hildon: só chicote!

 

Professor Nazareno*

 

            O Estado de Rondônia é um desses abortos da natureza. Sua criação no início da década de 1980 desencadeou uma das maiores devastações ambientais de que se tem notícia no mundo. Sua capital, Porto Velho, é pior ainda em termos de agressões ao meio ambiente. Mas é na área da política que a desgraça acompanha dia após dia os habitantes tanto do Estado quanto de sua principal cidade. No ano 2000, o governador de então, José Bianco, simplesmente demitiu dez mil funcionários públicos estaduais. Vivíamos a pandemia das privatizações e o auge do Neoliberalismo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Dez mil pais de famílias de Rondônia foram para o olho da rua sem direito a nada. Muitos servidores entraram em depressão. Alguns se suicidaram. Famílias inteiras foram destroçadas. O caos se instalou no Estado. Fome e miséria ameaçaram muita gente.

            José de Abreu Bianco com suas demissões injustas e arbitrárias perdeu a reeleição. Seu sucessor, Ivo Cassol, promete recontratar todos os demitidos. Ganhou as eleições e assim fez. Porém as chicotadas de Bianco no lombo dos coitados rondonienses ficaram para a História. Mas eis que vinte e três anos depois, foi a vez de Porto Velho, a imunda e suja capital, sofrer as agruras das más administrações políticas. Dr. Hildon Chaves, o atual prefeito, permite que o IPTU da cidade seja reajustado em alguns casos em até 300 ou 400 por cento. Essas ações equivocadas penalizam sem dó nem piedade grandes parcelas da sofrida população. Bianco chicoteou servidores públicos probos e honestos e nada aconteceu com ele, enquanto Dr. Hildon penaliza a população de uma cidade inteira. O atual prefeito é um homem muito rico. Muitos falam que nada também lhe acontecerá.

             Nem José Bianco nem Hildon Chaves são cidadãos de Rondônia ou de Porto Velho. Um nasceu em Apucarana no distante Estado do Paraná e o outro em Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco. Portanto, não se preocupar com os pobres e miseráveis cidadãos nascidos em Rondônia pode até ser normal para eles. Por isso, chicotear o povo humilde é até divertimento para muita dessa gente metida a rica. Pagar IPTU altíssimo em uma cidade porca e imunda é um acinte. Não há chuva que não inunde as ruas de Porto Velho, que tem menos de dois por cento de esgoto e saneamento básico. Água tratada por aqui inexiste. A cidade é uma pocilga a céu aberto. E o Dr. Hildon sabe disso. Mas foi reeleito e também conseguiu eleger a sua esposa como deputada estadual. O povo de Porto Velho, em sua maioria, parece que consente que lhe batam de chicote no lombo.

            O alienado, idiotizado e despolitizado povo daqui, em sua maioria, até que tenta reagir ao descalabro. Invoca o MP, o TCE e outras instâncias de poder. Mas parece que tudo vai dar em nada mesmo. VAMOS PAGAR SEM CHIAR ESSE IMPOSTO. Seremos chicoteados “até dizer chega”. Hildon Chaves, que quer ser governador de Rondônia em eleições próximas, tentou comparar a suja e fedorenta Porto Velho com Londrina e Maringá no Paraná para justificar o assalto que está tentando emplacar por aqui via IPTU. Só que não cola. Essa comparação é esdrúxula e sem sentido. As cidades paranaenses estão a anos-luz de nós em matéria de limpeza e de boa administração. Dos 21 vereadores de Porto Velho, em quem votamos em 2020, “somente” 21 deles estão com o prefeito. Ou seja, 100% estão contra o povo daqui. Bianco não retrocedeu e parece que o Hildon Chaves vai fazer a mesma coisa. Ou viramos Yanomamis ou iremos às vinícolas gaúchas.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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