De
Bianco a Hildon: só chicote!
Professor
Nazareno*
O
Estado de Rondônia é um desses abortos da natureza. Sua criação no início da
década de 1980 desencadeou uma das maiores devastações ambientais de que se tem
notícia no mundo. Sua capital, Porto Velho, é pior ainda em termos de agressões
ao meio ambiente. Mas é na área da política que a desgraça acompanha dia após
dia os habitantes tanto do Estado quanto de sua principal cidade. No ano 2000,
o governador de então, José Bianco, simplesmente demitiu dez mil funcionários
públicos estaduais. Vivíamos a pandemia das privatizações e o auge do
Neoliberalismo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Dez mil pais de
famílias de Rondônia foram para o olho da rua sem direito a nada. Muitos
servidores entraram em depressão. Alguns se suicidaram. Famílias inteiras foram
destroçadas. O caos se instalou no Estado. Fome e miséria ameaçaram muita
gente.
José
de Abreu Bianco com suas demissões injustas e arbitrárias perdeu a reeleição.
Seu sucessor, Ivo Cassol, promete recontratar todos os demitidos. Ganhou as
eleições e assim fez. Porém as chicotadas de Bianco no lombo dos coitados
rondonienses ficaram para a História. Mas eis que vinte e três anos depois, foi
a vez de Porto Velho, a imunda e suja capital, sofrer as agruras das más
administrações políticas. Dr. Hildon Chaves, o atual prefeito, permite que o
IPTU da cidade seja reajustado em alguns casos em até 300 ou 400 por cento.
Essas ações equivocadas penalizam sem dó nem piedade grandes parcelas da sofrida
população. Bianco chicoteou servidores públicos probos e honestos e nada
aconteceu com ele, enquanto Dr. Hildon penaliza a população de uma cidade
inteira. O atual prefeito é um homem muito rico. Muitos falam que nada também
lhe acontecerá.
Nem José Bianco nem Hildon Chaves são cidadãos
de Rondônia ou de Porto Velho. Um nasceu em Apucarana no distante Estado do Paraná
e o outro em Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco. Portanto, não se preocupar
com os pobres e miseráveis cidadãos nascidos em Rondônia pode até ser normal
para eles. Por isso, chicotear o povo humilde é até divertimento para muita
dessa gente metida a rica. Pagar IPTU altíssimo em uma cidade porca e imunda é
um acinte. Não há chuva que não inunde as ruas de Porto Velho, que tem menos de
dois por cento de esgoto e saneamento básico. Água tratada por aqui inexiste. A
cidade é uma pocilga a céu aberto. E o Dr. Hildon sabe disso. Mas foi reeleito
e também conseguiu eleger a sua esposa como deputada estadual. O povo de Porto
Velho, em sua maioria, parece que consente que lhe batam de chicote no lombo.
O
alienado, idiotizado e despolitizado povo daqui, em sua maioria, até que tenta
reagir ao descalabro. Invoca o MP, o TCE e outras instâncias de poder. Mas
parece que tudo vai dar em nada mesmo. VAMOS PAGAR SEM CHIAR ESSE IMPOSTO.
Seremos chicoteados “até dizer chega”. Hildon Chaves, que quer ser
governador de Rondônia em eleições próximas, tentou comparar a suja e fedorenta
Porto Velho com Londrina e Maringá no Paraná para justificar o assalto que está
tentando emplacar por aqui via IPTU. Só que não cola. Essa comparação é
esdrúxula e sem sentido. As cidades paranaenses estão a anos-luz de nós em
matéria de limpeza e de boa administração. Dos 21 vereadores de Porto Velho, em
quem votamos em 2020, “somente” 21 deles estão com o prefeito. Ou seja,
100% estão contra o povo daqui. Bianco não retrocedeu e parece que o Hildon
Chaves vai fazer a mesma coisa. Ou viramos Yanomamis ou iremos às vinícolas
gaúchas.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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