A
cura gay no Parlamento
Professor
Nazareno*
Muito
antes da existência do Homo Sapiens que a homossexualidade já era uma
realidade. Aliás, acredita-se que pelo menos uns dez por cento dos indivíduos em
qualquer espécie animal são LGBTQIA+. E nada de propagar aos quatro cantos que
isso seria o fim da espécie humana “uma vez que iguais não se reproduzem”.
Os noventa por cento restantes e assumidamente heterossexuais já garantem
tranquilamente a continuidade dos humanos sem problema. Sempre houve homossexuais
e nunca paramos de crescer. Óbvio que os homossexuais são minoria e por isso
mesmo são vítimas de injustas e monstruosas perseguições por parte de algumas
pessoas homofóbicas que dizem estar incluídas nos 90% restantes. O viés religioso hoje, com ênfase em algumas
denominações evangélicas principalmente, só tem contribuído para aumentar as
discriminações contra essa minoria.
Pior:
no Brasil a política se misturou à religião e com poucos conhecimentos sobre a
causa entrou no assunto de forma sorrateira. Já na França e também em outros
países desenvolvidos e civilizados os parlamentares criminalizaram qualquer
discussão que envolva a chamada cura gay. A própria Psicologia orienta os seus
profissionais a não trabalharem em seus pacientes qualquer tipo de reorientação
sexual. Mas o Brasil é um país atrasado, cruel e homofóbico. Aqui alguns
parlamentares, que não foram eleitos para lidar com a questão, estão tentando “reinventar
a roda” e propõem a cura gay na maior cara de pau. Já houve até proposta de
se criar uma espécie de bolsa para os “ex-gays” que voltaram a ser
heterossexuais. É uma pena uma discussão desnecessária e inútil como essa num
país onde há inúmeros problemas para serem resolvidos. Perde-se tempo à toa.
O palestrante Leandro
Karnal disse que todo ataque homofóbico geralmente parte de um homossexual
contra outro. Aquele que ataca é um enrustido que não assume publicamente a sua
homossexualidade e a vítima, que corajosamente assume sua orientação sexual, muitas
vezes é assassinada por isso. E nenhum dos dois, no entanto, optou em ser o que
é. O Brasil infelizmente é o país que mais mata homossexuais no mundo. Mais até
do que muitos países muçulmanos. O próprio Jesus Cristo, que morreu aos 33 anos
sem nunca ter se relacionado com uma mulher e vivia rodeado de homens, pode ser
uma boa inspiração para muitos desses nossos irmãos homossexuais. O valor de
Cristo está em sua filosofia de amor, respeito e fraternidade e não em sua
orientação sexual. Maomé, por exemplo, teve 13 mulheres. Discutir sexualidade
dos outros é má fé.
Muitos desses
parlamentares deviam tomar vergonha na cara e discutir, por exemplo, o problema
da falta de água e de saneamento básico em Porto Velho e também a questão dos
Yanomamis, a devastação do meio ambiente, a desigualdade social, a violência
urbana com tantos mortos todos os anos, o crescimento das milícias, o tráfico
de drogas, a corrupção e o trabalho escravo no país dentre muitos outros conflitos
que temos. Nenhum deles foi eleito para ser fiscal do “fiofó” alheio. A
não ser que com esta discussão sem fundamento e visivelmente homofóbica estejam
todos eles criando uma cortina de fumaça para esconder outros problemas
do Brasil. Um Parlamento que discute algo como cura gay se apequena em sua
função e os parlamentares que entram nessa discussão em nada contribuem para o
desenvolvimento e o progresso do país. Mazzaropi, Santos Dumont, Shakespeare e
tantos outros homossexuais devem é estar envergonhados.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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