Lockdown de
mentirinha
Professor
Nazareno*
A pandemia da Covid-19 não dá
tréguas ao Brasil e aos brasileiros. Enquanto países do mundo desenvolvido e
civilizado como Israel, Estados Unidos e Reino Unido já estão tendo certo êxito
ao enfrentar o Coronavírus com isolamento social e campanhas de vacinação em
massa de suas populações, no nosso país as coisas estão totalmente fora de
controle. O número de mortes não para de crescer e logo chegará aos 300 mil
óbitos com 11 milhões de infectados. Num único dia, chegou-se à assombrosa
marca de quase 1800 pessoas mortas. Hospitais públicos e particulares estão
lotados em todas as cidades e Estados. O caos é iminente. Para piorar tudo de
vez, no meio desta tormenta, também estamos sem nenhuma coordenação nacional.
Não há vacinas, não há maneiras de deter o monstro incontrolável. O Brasil está
abandonado sem rumo algum.
Encurralados e sangrando em sua
fraca popularidade, muitos governadores estão desesperados. O de Rondônia, por
exemplo, o coronel bolsonarista Marcos Rocha está “mais perdido do que cego em tiroteio”. O Estado de Rondônia, que
sempre foi um zero à esquerda dentro na realidade nacional, enfrenta o caos de
maneira desastrosa. Num único dia foram registradas 46 mortos pela Covid-19
sendo 19 óbitos somente na capital. As incompetentes autoridades locais estão
perdidas como nunca. Tenta-se de tudo para tentar estancar a sangria causada
pela pandemia. Há indícios relatados recentemente pelo Ministério Público
estadual de que o número de leitos disponíveis nos poucos hospitais do Estado
foi forjado para que assim não fosse necessário decretar nenhum Lockdown.
Verdade ou não, agora a realidade macabra bate a nossa porta.
Fechado em tudo com o presidente
Jair Bolsonaro, o “fraco coronel rondoniense
nada tem a oferecer aos seus governados”. Assim como o Brasil, Rondônia
está jogada à própria sorte. Aqui não há vacinas, não há vagas nos hospitais,
não há médicos, não há esperanças. Dessa vez, tenta-se um Lockdown fake e de
última hora “só para inglês ver”. Bem
diferente das cidades inglesas e de outros países civilizados, a paralização em
Porto Velho não para absolutamente nada. Pessoas continuam se aglomerando e as
festas acontecem nas barbas da polícia, que nada pode fazer. Em Cacoal,
interior do Estado, uma festa clandestina com mais de 200 futuros médicos e outros
filhos de autoridades teria sido interrompida pela polícia. Nos poucos parques
de Porto Velho, as caminhadas continuam acontecendo sem nenhum problema. E o
comércio nem fechou.
Na terra das “sentinelas avançadas” durante esta cruel pandemia é cada um por si.
E sempre foi assim, entra governo e sai governo. Por acaso o “açougue” João Paulo Segundo de Porto
Velho já resolveu o seu eterno problema de superlotação? Só que agora muitas
das autoridades políticas, à procura dos holofotes, prometem trazer vacinas e
mais vacinas para acabar com a aflição dos rondonienses. Tudo balela e conversa
fiada. Promessas de político mesmo. A realidade visível até o momento é que raríssimas
e sortudas pessoas receberam o imunizante, que chega a conta-gotas ao Estado. A
próxima remessa de vacina se vier só Deus sabe quando vai chegar às terras
karipunas. Enquanto isso, doentes se acumulam nos hospitais e mortos nos
cemitérios. É preciso fazer Lockdown de verdade e não de mentirinha. Fato: “o governo finge que o decreta, o comércio
finge que o cumpre, as pessoas fingem que obedecem e o vírus pega todos”.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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