quarta-feira, 3 de março de 2021

Lockdown de mentirinha

Lockdown de mentirinha

                                                                                              

Professor Nazareno*

 

            A pandemia da Covid-19 não dá tréguas ao Brasil e aos brasileiros. Enquanto países do mundo desenvolvido e civilizado como Israel, Estados Unidos e Reino Unido já estão tendo certo êxito ao enfrentar o Coronavírus com isolamento social e campanhas de vacinação em massa de suas populações, no nosso país as coisas estão totalmente fora de controle. O número de mortes não para de crescer e logo chegará aos 300 mil óbitos com 11 milhões de infectados. Num único dia, chegou-se à assombrosa marca de quase 1800 pessoas mortas. Hospitais públicos e particulares estão lotados em todas as cidades e Estados. O caos é iminente. Para piorar tudo de vez, no meio desta tormenta, também estamos sem nenhuma coordenação nacional. Não há vacinas, não há maneiras de deter o monstro incontrolável. O Brasil está abandonado sem rumo algum.

            Encurralados e sangrando em sua fraca popularidade, muitos governadores estão desesperados. O de Rondônia, por exemplo, o coronel bolsonarista Marcos Rocha está “mais perdido do que cego em tiroteio”. O Estado de Rondônia, que sempre foi um zero à esquerda dentro na realidade nacional, enfrenta o caos de maneira desastrosa. Num único dia foram registradas 46 mortos pela Covid-19 sendo 19 óbitos somente na capital. As incompetentes autoridades locais estão perdidas como nunca. Tenta-se de tudo para tentar estancar a sangria causada pela pandemia. Há indícios relatados recentemente pelo Ministério Público estadual de que o número de leitos disponíveis nos poucos hospitais do Estado foi forjado para que assim não fosse necessário decretar nenhum Lockdown. Verdade ou não, agora a realidade macabra bate a nossa porta.

            Fechado em tudo com o presidente Jair Bolsonaro, o “fraco coronel rondoniense nada tem a oferecer aos seus governados”. Assim como o Brasil, Rondônia está jogada à própria sorte. Aqui não há vacinas, não há vagas nos hospitais, não há médicos, não há esperanças. Dessa vez, tenta-se um Lockdown fake e de última hora “só para inglês ver”. Bem diferente das cidades inglesas e de outros países civilizados, a paralização em Porto Velho não para absolutamente nada. Pessoas continuam se aglomerando e as festas acontecem nas barbas da polícia, que nada pode fazer. Em Cacoal, interior do Estado, uma festa clandestina com mais de 200 futuros médicos e outros filhos de autoridades teria sido interrompida pela polícia. Nos poucos parques de Porto Velho, as caminhadas continuam acontecendo sem nenhum problema. E o comércio nem fechou.

            Na terra das “sentinelas avançadas” durante esta cruel pandemia é cada um por si. E sempre foi assim, entra governo e sai governo. Por acaso o “açougue” João Paulo Segundo de Porto Velho já resolveu o seu eterno problema de superlotação? Só que agora muitas das autoridades políticas, à procura dos holofotes, prometem trazer vacinas e mais vacinas para acabar com a aflição dos rondonienses. Tudo balela e conversa fiada. Promessas de político mesmo. A realidade visível até o momento é que raríssimas e sortudas pessoas receberam o imunizante, que chega a conta-gotas ao Estado. A próxima remessa de vacina se vier só Deus sabe quando vai chegar às terras karipunas. Enquanto isso, doentes se acumulam nos hospitais e mortos nos cemitérios. É preciso fazer Lockdown de verdade e não de mentirinha. Fato: “o governo finge que o decreta, o comércio finge que o cumpre, as pessoas fingem que obedecem e o vírus pega todos”.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


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