Fúnebre comédia
rondoniana
Professor
Nazareno*
Rondônia é uma
desgraça só. Sempre foi. Desde os extintos territórios do Guaporé e de Rondônia
até a maldita transformação em Estado, a mais “nova estrela no azul da União”, a desventura é companheira das hoje
poucas mais de um milhão e oitocentas mil desafortunadas pessoas que tiveram o
supremo azar de ter nascido aqui ou que escolheram isso aqui para morar e viver.
Em tempos de bonança, se é que já houve, apresentava só desgraça, infortúnios e
desmantelos. Em raríssimos tempos de honestidades sempre esteve carcomida pela
corrupção e pela roubalheira dos muitos maus políticos que aqui aportaram e
melhoraram de vida, mas não melhoraram a vida dos rondonienses. Nem a de
ninguém. Já em tempos de pandemia do Coronavírus, o inferno para cá mandou uma
de suas filiais. Agora, Rondônia ou leva fim ou implode.
Nesta pandemia
terrível, eu não teria coragem e dizer que Rondônia é uma porcaria. É muito pior,
mesmo sabendo que sempre foi a latrina do Brasil. Somos a segunda pior dentre
todas as unidades da federação em vacinação. Ganhamos só do Pará. E nunca
saberemos quantas doses de vacina vêm para cá e nem quantas virão. Parece que
não temos políticos atuantes, fato, aliás, a que já estamos acostumados desde
sempre. Rondônia toda vida foi levada a pagode pelo resto do país. Os
rondonienses acreditam, por exemplo, que um gaúcho de coração foi o maior
defensor deste pedaço de Brasil. Dentre todos os Estados do país, recebemos
sempre o menor número de vacinas para imunizar nossa gente. Parece até que não
temos deputados federais nem senadores que lutam para salvar o povo que pelo
menos os elegeu para nos representar.
Como se não
bastasse esta desgraça da falta de atuação da classe política para tentar debelar
o Coronavírus, um de nossos ex-governadores envergonha mundialmente o Estado prescrevendo
fumaça e maçaricos de solda elétrica para curar a Covid-19. Não sou rondoniense
e nem quero ser e com esta bizarrice rondoniana certamente nesta hora teria
muita vergonha de dizer que vivo aqui. O atual governador do Estado está omisso
diante do caos. Pouco ou nada fez até agora para salvar a vida dos seus
iludidos e tolos governados. É apenas fã do “Bozo”, outro ineficaz. Nunca o vi se lamentar pelos muitos mortos
do vírus letal. Pressionado pelo prefeito da capital, também prometeu muitas
vacinas para imunizar os beiradeiros aqui nascidos. Só que até agora, nada de
imunizantes. Os rondonienses estão jogados à própria sorte. Se escapar um será
milagre.
O prefeito da
capital, que neste pior momento da pandemia está desaparecido da cidade
(Maldivas?), nos calou por um mês com as prometidas 400 mil doses de vacinas
que viriam da AstraZeneca/Oxford, mas que estão para serem bloqueadas pela
União Europeia. Já o fraco e “perdido”
governador do Estado nos prometeu um milhão de doses da vacina russa Sputnik V,
ainda não aprovada pela ANVISA. Tomara que nos próximos dias estes imunizantes
prometidos com toda a pompa e astúcia desembarquem em terras karipunas. Caso
contrário, estaremos todos perdidos e seremos facilmente devorados pelo
Coronavírus. O “Tonhão” será pequeno
para receber tantos defuntos. O jeito é o secretário de Saúde de Rondônia, para
agradar ao governador do Estado e ao presidente da República, continuar com a
sua teimosia em prescrever “tratamento
precoce” para um vírus. Em Rondônia é tudo “em fim”. Assim diz seu feio e tosco hino.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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