quinta-feira, 18 de março de 2021

A censura “bolsonarista”

A censura “bolsonarista

 

Professor Nazareno*

 

            É claro que não estamos no Irã, na Arábia Saudita nem na Coreia do Norte. Não se deve estar também numa republiqueta de bananas nem num país miserável da África Subsaariana. Estamos no Brasil, que apesar das evidências, vive um regime democrático desde o fim da Ditadura Militar em 1985. Seria normal se pensar que “nestas paragens do poente” a censura já faz parte do passado. Ledo engano. O cerceamento às liberdades democráticas e à liberdade de pensamento nunca deixou de existir. Em certos lugares, por exemplo, a censura pode não existir na Constituição, nos compêndios, códigos de conduta e em algumas repartições públicas. Mas dentro de várias redações de muitos sites “informativos” é o “pau que rola”. O ataque por grana aos entes públicos mais endinheirados como prefeituras, assembleia legislativa e governo do Estado é a rotina.

            Muitas vezes eivados pela falta de competência na arte de informar, alguns “jornalistazinhos de fundo de quintal vergonhosamente colocam suas “empresas” à disposição de determinados órgãos públicos. Assim, agem como nos tempos da escravidão quando o antigo capitão-do-mato, mesmo sendo negro, perseguia, maltratava, torturava e até matava seus irmãos de cor em troca de algumas reles moedas. A adulação, o lamber de botas e a puxação de saco ao patrão branco e rico era algo até normal para esses ex-escravos. A diferença é que o dinheiro que pagava àquele era particular. Já o dinheiro que é pago hoje ao moderno “capitão-capanga” pode ser público. O que seria uma excrescência inaceitável. Ninguém pagaria do próprio bolso pelo silêncio dessa gente. Maus políticos se confraternizam todo ano com a mídia venal.

            Dentro de uma redação de jornal, de rádio ou de um site de notícias qualquer, nesses tempos modernos e cheios de ética, deve ser a coisa mais normal do mundo uma possível conversa do “dono” com os seus funcionários: “Atenção, chegou mais um texto daquele colaborador (ou de outro qualquer colunista). Leiam com bastante atenção cada palavra, pois se falar MAL da Assembleia Legislativa, do prefeito, de determinado deputado, senador ou então do governador, não pode ser divulgado”. Também muito estranha seria a conversa de um político com algum subordinado seu: “pergunte ao fulano de tal, dono do jornal, do site ou da rádio quanto ele quer para falar bem da nossa gestão. Acerte o preço, condições e formas de pagamento”. Estas vozes podem ser tão atuais quanto à Covid-19. E falam mal do “Bozo”, mas se vendem.

            Um jornalista amigo meu me disse que a pior censura é a autocensura, pois enquanto aquela era determinada por razões políticas e ideológicas, esta é determinada pela ambição, pela falta de vergonha e respeito pela profissão. Aquela era uma política de Estado e de governo. Esta é uma decisão de uma só pessoa: o meu patrão. A censura da Ditadura Militar, por exemplo, podia ser driblada pela inteligência, era ilegal, era denunciada e tinha data marcada para acabar. Como de fato acabou. Já a censura de hoje é somente imoral e não acabará nunca. Inteligência neste caso não vale nada, apenas o puxa-saquismo e o vil metal. Como fica o caráter de um “jornalista” que sabe que está se vendendo, sendo corrupto e fazendo algo errado, indecente, antiético e dessa forma contribuindo para a piora da sociedade onde vive? São “putas” dignas só de pena e nojo mesmo. Já pensou se houvesse julgamentos para esses tipos de crimes morais e éticos?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.




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