Porto Velho vacinado: sonho?
Professor Nazareno*
Em 2016 quando foi eleito pela primeira vez prefeito de Porto Velho, o pernambucano Dr. Hildon Chaves prometeu que iria beijar e acariciar a suja e imunda cidade. Muita gente acreditou na bazófia e o elegeu na hora. Quatro anos depois, mesmo sem ter beijado e acariciado a capital mais nojenta do Brasil, o Dr. Hildon aparece com outra bravata: disse que acabará com as centenárias alagações e fará redes de esgoto e saneamento básico por toda a urbe. De novo, o povão acreditou na lorota e o reconduziu ao cargo. Agora, diante da pandemia do Coronavírus, o esperto alcaide faz uma aposta que, se der certo, vai conduzi-lo ao cargo de governador do Estado em 2022 e daí em diante, a senador, a ministro e talvez até a presidente da República. Ele prometeu solenemente comprar 400 mil doses de vacinas para imunizar toda a população local.
É claro que todos nós habitantes de Porto Velho estamos torcendo para que esta incrível “jogada política” dê certo. Todos nós aqui queremos nos vacinar contra o Coronavírus. Todos nós queremos sair dessa situação tenebrosa. Aí o Dr. Hildon apelou e jogou para a plateia: ofereceu água aos sedentos e comida aos famintos. Pode ter se aproveitado da situação de desespero das pessoas para faturar dividendos políticos. Mas se essa duvidosa aposta não der certo, ele não será eleito nem mais para vereador. E a contagem regressiva já começou. Agora só faltam vinte e poucos dias para a imunização “em massa” dos porto-velhenses. Será que “os sábios” da prefeitura de Porto Velho já ouviram falar no PNI, o Plano Nacional de Imunização? Ele obriga que todas as vacinas compradas por Estados e municípios sejam repassadas para o Ministério da Saúde.
Coincidência ou não, no mesmo dia 12 de março de 2021, quando o prefeito Hildon Chaves anunciava euforicamente a sua boa intenção de comprar as vacinas da Oxford/AstraZeneca, o Ministério da Saúde, por meio de seu secretário geral Élcio Franco, disse que vai revisar como serão gerenciadas todas essas doses compradas “por fora”. Uma das possiblidades, de acordo com Élcio Franco, é “abater” essas vacinas da quantidade que futuramente seria enviada pelo Ministério dentro do Programa Nacional de Vacinação. “Vamos discutir uma forma de continuar oferecendo a equidade”, disse ele. Não entendo como o Dr. Hildon Chaves quer ser o futuro governador de Rondônia beneficiando apenas a capital. E o restante das cidades? Ji-Paraná, Cacoal, Ariquemes, Vilhena, Jaru serão prejudicadas se 400 mil doses imunizarem somente Porto Velho.
Mas para a nossa alegria e felicidade se o bem intencionado prefeito porto-velhense conseguir esta façanha de imunizar apenas a sua cidade, sem dar bolas para o Ministério da Saúde, ele seria um “ninja”. Enquanto isso, o apagado governador do Estado, coronel Marcos Rocha, um admirador e fã do também apagado, desastrado e inútil presidente Jair Bolsonaro, nada fazem para conseguir vacinar seus eleitores. A pandemia da Covid-19 está ceifando a vida de duas mil pessoas todo dia e o país está sem vacinas, sem comando, sem leitos nos hospitais, sem UTI disponível, sem oxigênio, sem esperanças, sem nada. A intenção do Dr. Hildon Chaves pode até ser uma luz no fim do túnel, mas Marcos Rocha e Jair Bolsonaro já fizeram o favor de apagar essa tênue esperança. Sem qualquer direção, o Brasil e Rondônia já estão no buraco, no caos. Precisamos de homens públicos sérios que cumpram suas promessas. O resto é ficção.
*Foi Professor em Porto Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário