Saudade dos pneus velhos
Professor
Nazareno*
Quando o ex-prefeito de Porto Velho,
Dr. Mauro Nazif, resolveu comemorar o Natal em Porto Velho com pneus velhos,
foi uma galhofa sem fim. As redes sociais foram inundadas de memes e de piadas.
O triste episódio ficou para sempre marcado na biografia do velho político, que
hoje é deputado federal por Rondônia. Mal sabiam os porto-velhenses que aquela
presepada, feita até com boa vontade e com o coração, deixaria saudades diante
da atual realidade da cidade: Porto Velho no dia de hoje não tem uma lâmpada
sequer que lembre as festas natalinas. Parece uma cidade de ateus ou uma aldeia
muçulmana, judia ou mesmo um lugar qualquer do extremo oriente onde a religião
cristã não faz parte do cotidiano das pessoas. Assim, Porto Velho segue sua
rotina de lama, alagações, abandono, escuridão e sem lugares onde passar as
festas.
A justificativa de que fora o TCE ou
outro órgão qualquer o responsável pela derrocada porto-velhense neste Natal de
pandemia não cola. Foi má vontade mesmo. Não sei se da administração municipal
ou de qualquer outra autoridade responsável. Cidades do interior de Rondônia
como sempre se esmeram em mostrar ao público suas mais novas decorações
natalinas. Em Ji-Paraná, por exemplo, o Natal é muito bonito de se ver. Cacoal,
Rolim de Moura, Vilhena e outras cidades menores capricharam em seus enfeites e
luzes. E mesmo vivendo em meio à pandemia do Coronavírus, várias dessas cidades
se lembraram de que sua população é majoritariamente cristã e por isso merecia
alguma coisa para “se alegrar”. Mas
Porto Velho, sempre ela, foi esquecida pelas autoridades e também pelos
moradores. Quem pôde, “montou no porco”
e caiu fora.
Várias cidades espalhadas pelo
Brasil afora fizeram decorações natalinas para alegrar as pessoas. Curitiba,
capital do Paraná, que dispensa quaisquer comentários em relação à organização
e boa administração, caprichou de novo neste Natal. Por causa do Coronavírus,
as pessoas veem toda a decoração natalina sem precisar descer do carro. Não há
aglomeração e o glamour encanta a todos com toda a segurança diante do perigo
da Covid-19. Em Porto Velho não houve criatividade, não houve iluminação, não
houve nada. Até algumas árvores que enfeitavam a cidade e que por isso mesmo podiam
ser iluminadas foram arrancadas pelas raízes sem dó nem piedade. Mas a Sema,
Secretaria de Meio Ambiente, que não entende muito de preservação ambiental,
não poderia mesmo entender de decoração natalina. Natal sem luzes, sem enfeites
e sem árvores.
Para completar a desgraça de quem
mora em Porto Velho, só está faltando mesmo a Energisa nos “presentear” com alguma queda da energia
elétrica. Aliás, coisa até comum nestes tempos bicudos por que passamos
ultimamente. E como São Pedro também se esqueceu deste fim de mundo inóspito,
uma chuva torrencial pode cair a qualquer instante durante a “noite de luzes”. E tomara que não seja a
“chuva de merda” tão esperada por
todos. Passar o Natal batendo carapanã é um mimo que ninguém mereceria em
lugares mais civilizados e menos esquecidos pelas autoridades. Será que o povo
de Porto Velho merece este esquecimento, esse desdém e toda essa desgraça de
quem foi eleito e reeleito para lhe administrar? Do ano passado e de anos
anteriores não sobrou uma única lâmpada ou um único enfeite para nos fazer a
diferença? Com pandemia e tudo, muitas cidades e muitos países cristãos não se
esqueceram do Natal.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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