Ponte inútil e sem
nome
Professor
Nazareno*
Rondônia tem uma
ponte sobre o rio Madeira em Porto Velho. A rigor, esta obra faraônica, que
custou uma fortuna do pobre contribuinte, não serve para absolutamente nada. A
única “serventia” visível é que na
capital dos rondonienses, por causa da suntuosa e desnecessária obra, aumentou
o número de suicídios. E como não existe estrada do outro lado, sua função é
muito próxima de zero. A caríssima ponte até agora sequer serviu para subsidiar
a farinha de mandioca, comida típica da região, que se produz do outro lado do
rio. É um elefante branco sem utilidade ou préstimo. Ficou escura por seis anos
e hoje quase não é mais visitada. Nem para fazer “fotinhas” para postar nas redes sociais os porto-velhenses a usam
mais. A ponte de Porto Velho, além de ser uma homenagem ao desperdício de
dinheiro público, nada trouxe de benefícios.
O desajeitado trambolho custou na
época pelo menos 310 milhões de reais. Quase 140 milhões de dólares na cotação
de então. Dinheiro mais do que suficiente para vacinar toda a população do
Estado de Rondônia contra o Coronavírus. E ainda teria sobrado muito dinheiro
para terem criado, por exemplo, uma faculdade de Medicina estadual com pelo
menos 200 vagas por ano. Nossos jovens em vez de serem médicos, ficam
deslumbrados olhando aquela porcaria inútil. “O pôr do sol visto da ponte é algo incrível” falam muitos idiotas
que não sabem para que servem os recursos públicos. Se não existe estrada que
liga Porto Velho a Manaus, então a ponte continua sendo desnecessária. Pior, a
geringonça ainda não tem nome. Newton Navarro é a ponte que liga Natal às dunas
da cidade. Já a famosa ponte de Lisboa tem nome: Vasco da Gama.
Ponte Hercílio Luz em Florianópolis. Apesar de
ter sido um ditador cruel, genocida e sanguinário, Artur da Costa e Silva
empresta seu nome à Rio-Niterói, a mais famosa dentre as pontes do Brasil. Ponte
Golden Gate nos Estados Unidos. Toda ponte do Brasil e também do mundo tem um
nome. Podíamos batizar a daqui de ponte deputado Múcio Athayde. O “Homem do Chapéu” para quem não sabe foi
um deputado federal por Rondônia. Um dos mais votados na História deste Estado.
Outros nomes também bastante sugestivos seriam o do deputado José Eurípedes
Clemente, o Lebrão ou mesmo o de Geraldo da Rondônia. São políticos exemplares,
figuras ímpares e que representam muito bem este Estado. Se tivesse a
oportunidade, eu colocaria outro nome: ponte Rafinha Bastos. Foi esse humorista
que definiu muito bem o que é Rondônia.
Porém, nomes
rondonianos não faltariam na lista: Carlos Ghosn, Maurício Bustani ou mesmo o “Deus” de Rondônia, coronel Jorge
Teixeira. E até mesmo ponte Presidente Jair Bolsonaro. Sim, o “Bozo” goza de grande popularidade entre
a matutada, os reacionários e muitos dos “pseudo”
jornalistas de Rondônia. Já pensou também ponte governador Marcos Rocha ou ponte
prefeito Hildon Chaves? Acho que combinaria, já que os dois pouco ou nada
fizeram de útil até agora por Porto Velho nem por Rondônia. Porto-velhenses e
manauaras, com a mesma mentalidade beiradeira, gastaram horrores para fazer
pontes inúteis e eleitoreiras. Em Manaus, torraram um bilhão e 300 milhões de
reais para fazer uma ponte que não tira a cidade do isolamento com o resto do
país. O ideal mesmo era mandar implodir essa porcaria, já que não serve para
nada. Enquanto não sair a BR-319, que selará o fim da Amazônia, é tolice fazer
essas pontes fantasmas.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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