O amor sem a libido
Professor
Nazareno*
Libido é a vontade de fazer sexo, de
transar. É a energia que quase todos os seres humanos têm como uma “diferente” forma de divertimento e
também, às vezes, para dar prosseguimento à vida. Amor, muitos dizem que sabem
o que é por isso não precisa definir. Sentimos amor por pessoas, por lugares,
por coisas, por animais, por objetos. E este amor não tem que estar
necessariamente ligado à libido. É o que devia acontecer com muitas pessoas que
dizem “de peito aberto” amar o
Brasil, amar Rondônia e até Porto Velho. Não amo nenhuma destas três coisas,
muita gente sabe disto. Dentro do possível convivo com elas, pois não se
escolhe o lugar onde se nasce e muitas vezes até o lugar onde se tem que viver.
Os políticos do Brasil, quase todos eles, juram amá-lo incondicionalmente, mas
no final das contas o que se percebe é só uma relação libidinal.
Mas não somente os políticos e as
autoridades em geral precisam amar incondicionalmente suas coisas, lugares e
pessoas sem a libido, sem o desejo de querer levar vantagem em tudo. O povo
também tem muita culpa de fazer tudo isso também. Estacionam seus carros em
praças símbolos de suas cidades sem o menor acanhamento como no caso que
aconteceu recentemente em Porto Velho. Joga lixo nas ruas normalmente, arranca
gramas, flores e outros ornamentos feitos, às vezes, pelo poder público. A
Banda do Vai Quem Quer é campeã em lixo, carniça e sujeiras em geral quando desfila
todos os anos nas ruas da nossa surrada capital. Custa aos dirigentes da
agremiação encabeçar campanhas civilizatórias entre os brincantes para amenizar
o caos? Porém, muitos dizem amar a cidade e que é o Professor Nazareno que fala demais.
Muitos dos vereadores de Porto
Velho, por exemplo, recebem auxílio-moradia mesmo morando na cidade. Legal, mas
não é imoral, não? Deputados federais de Rondônia que, mesmo tendo recursos,
são campeões em usar verbas públicas para isso, verbas públicas para aquilo.
Verbas do povo. Juízes e outras autoridades que recebem salários astronômicos
sem se preocupar com a miséria reinante no país e que também muitos têm
auxílio-moradia sem o menor pudor. Amo Porto Velho, mano! Amo Rondônia, mano!
Mas quero ser vereador para me dar bem. Não abro mão dos meus privilégios.
Quero ser prefeito para deixar a cidade sem transportes urbanos e os alunos da
zona rural sem aulas. E o povão no “açougue”
João Paulo Segundo. Tenho plano de saúde, pago bom condomínio e tenho
segurança. “Os outros que se lasquem”,
pensam.
Amar um país, um Estado, uma cidade
ou mesmo outra pessoa não é fazer o que muita dessa gente faz. Deve-se amar sem
a libido, sem o desejo de “fud...” o
outro. É ter empatia, é se colocar no lugar do necessitado e se propor a
ajudá-lo sem querer receber algo em troca. É saber que um país que tem a oitava
economia do planeta não pode ter a 86ª colocação no IDH mundial. Fome onde se
produz alimentos. Muito alimento. Nos países mais desenvolvidos e civilizados
do mundo essa consciência de justiça social é cada vez mais trabalhada entre as
pessoas. Amar Rondônia e sua gente é cuidar já agora, durante o inverno na
região, das medidas para combater as futuras queimadas que podem acontecer no
próximo verão. E quem se preocupa com isso agora? Governantes fracos apenas
refletem o desejo maior de seus governados. “Um fraco rei faz fraca a sua forte gente”. E sem o amor verdadeiro,
tudo só vai piorar. Então, ame sem a libido!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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