quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Rondônia despedaçada de novo


Rondônia despedaçada de novo


Professor Nazareno*

            Rondônia de novo chega às manchetes nacionais. E o motivo é o de sempre: corrupção, roubalheira, maracutaias, conchavos, ladroagem, coisas mal feitas. E mais uma vez é a Assembleia Legislativa do Estado a responsável pelo massacre da imagem desta ínfima, distante e combalida unidade da Federação. O jovem Estado é uma espécie de “cu do mundo”, com todo o respeito ao esfíncter anal. É o suprassumo da merda. Um lugar “sem eira nem beira” distante de tudo e de todos. Neste final do ano de 2019, a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado deflagraram a Operação Feldberg com várias prisões visando desarticular organizações criminosas que têm a participação de servidores públicos na prática da “rachadinha”, em irregularidades na eleição do atual presidente da ALE/RO, além de outras falcatruas em operações com gado na Idaron.
            Num momento crucial como este para o desenvolvimento da região, uma operação desta coloca outra vez o nome de Rondônia no limbo. Difícil levar a sério um Estado cujo Poder Legislativo é uma brincadeira, um faz-de-conta. Como renegociar a dívida do Beron em termos mais vantajosos para Rondônia, por exemplo? Como dar prosseguimento ao processo de transposição e mandar mais funcionários públicos estaduais para o quadro federal? Qual a credibilidade, qual o exemplo de uma Assembleia Legislativa que abre uma CPI para apurar as irregularidades da concessionária de energia elétrica, a Energisa? A Assembleia fiscaliza a Energisa e quem fiscaliza a Assembleia? Como pedir ao Governo Federal que crie vagas na única universidade pública do Estado só para os alunos nascidos aqui se nos falta ética?
            Essa gente só pode estar de brincadeira com Rondônia. Não é possível que tenhamos voltado mais uma vez para o lodo, para o lixo, para o esgoto. Não é aceitável que continuemos sendo a “latrina do Brasil”. Operações policiais já viraram rotina nesta terra de pouca lei, nesta terra que nunca é levada a sério. Mas infelizmente Rondônia não é mesmo um lugar sério. Recentemente o governador do Estado, coronel Marcos Rocha, assinou a papelada para construir um tal de Centro de Convenções. Mais de 12,8 milhões de reais é a quantia destinada para este fim, além de reformas no “Estádio” Aluízio Ferreira de Porto Velho. E ainda dizem que é um sonho para a população rondoniense. E o “açougue” João Paulo II continua a ser o pesadelo? Onde será construído o novo hospital de pronto-socorro da capital? Ou não precisa mais?
            Os órgãos que destinam as verbas para construir estes elefantes brancos não poderiam ver a situação do velho “açougue” desta capital? Eles não são informados das nossas necessidades mais urgentes? Dirão que cada verba tem seu fim, seu objetivo, sua função. Mas este Estado não tem mais prioridades? O ser humano, principalmente o pobre, parece que não é prioridade para os políticos nem para os governantes. “Centro de Convenções Cidade Cultural” num lugar que nem cultura tem. Reforma no Estádio de futebol numa cidade que também nem futebol tem. A não ser que Genus e Rondoniense sejam times de futebol. “Isso vai nos deixar aptos para jogos oficiais”, dizem. Enquanto isso, os pobres continuam sendo massacrados e mortos diariamente no precário e vergonhoso sistema público de saúde deste falido Estado. Já há medidas para evitar as queimadas no próximo verão? Os políticos destroem Rondônia. E todos riem.




*É Professor em Porto Velho.

Um comentário:

Unknown disse...

A crítica é muito contundente, professor. Mas pasme, o presidente da ALE/RO não é afável nem justo quando a recebe. Ele bloqueia a todos que,em suas postagens, o criticam. . Daí já se vê o quão desonesto ele é. Veja nas publicações dele o quanto de bajuladores existem . Veja quanto de crítica há. É vergonhoso.