Eu teria
condenado o Lula
Professor
Nazareno*
Hoje eu sou um simples professor aposentado.
Mas se fosse um juiz, na época eu também teria condenado o ex-presidente Lula à
prisão. A corrupção é o pior inimigo das recém-democracias latino-americanas. É
inimiga da humanidade como um todo. E Lula chefiou um governo corrupto e imoral.
Prova maior é a condenação de muitos petistas que lhe assessoraram como Zé
Dirceu, Zé Genoíno, Antônio Palocci, Delúbio Soares, João Vaccari Neto dentre
tantos outros. Essa gente se envolveu primeiro no Mensalão e depois no
Petrolão. No primeiro caso, armaram um esquema indecente e abjeto para se
perpetuar no poder. Depois, sem dó nem piedade, se aliaram a uma parte da elite
empresarial do país para saquear a Petrobras. Tudo isso sem levar em conta os
princípios de igualdade e de honestidade que eles sempre defenderam antes do
poder.
Só que como juiz, eu teria condenado
o Lula e todos os outros petistas sempre dentro da legalidade. Não teria dado “brechas” para nenhuma ilação após o fato
consumado. O “Sapo Barbudo” teve,
claro, todo o direito à ampla defesa, mas “o
jogo” parecia já ter as cartas marcadas. Um juiz não pode jamais instruir
nenhuma das partes do processo, isso é consenso não só nos meios jurídicos, mas
a própria Constituição prevê esse dispositivo. Nos processos da Lava Jato que
incriminavam os petistas, Sérgio Moro não foi apenas um juiz, foi uma espécie
de advogado de acusação. As gravações da Vaza Jato deixam isso bastante claro.
Não havia escapatória para o ex-presidente. Ele fora flagrado no erro e com a “mão na botija”. Não lhe restava outra
alternativa: teria que pagar por todos os erros cometidos. E havia provas de
sobra para o veredito final.
De cada dez maneiras para condenar
os malfeitores, somente uma era a errada. E o juiz de Curitiba optou exatamente
por ela. Parece que na pressa e ambição de “subir
rápido na vida” e de conseguir mais admiradores, subverteu a lei e agiu
também de forma clandestina. Prendeu os corruptos, mas em troca queria fama,
cargos, Ministério da Justiça (que acabou conseguindo) e até uma vaga como
ministro do STF. Não os prendeu por que os mesmos tinham que ser presos e a lei
devia ser cumprida, mas por que teria dividendos e ganhos com isso. Lamentável
essa postura de um juiz. Na Itália, por exemplo, a Operação Mãos Limpas colocou
todos os mafiosos na cadeia e nunca misturou juízes com acusadores. Nenhum dos magistrados
após terminada a referida operação virou ministro de Estado ou assumiu qualquer
cargo de relevância no governo.
Lula está preso em Curitiba e de lá
não deveria sair tão cedo. Ele e seus comparsas devem muito a este país e têm
que pagar pelo mal que fizeram. Mas tinha que ter sido condenado de forma
justa, dentro da lei e por um juiz imparcial, como devem ser todos os juízes.
Na década de 1950, Sobral Pinto lutou pela legalidade da candidatura de
Juscelino Kubitschek à presidência e depois, convidado pelo mesmo JK, recusou a
cadeira de ministro da Justiça. “Não fiz
o meu trabalho em troca de um cargo no seu governo, fiz o que tinha que ser
feito por que ainda acredito na Justiça”, teria dito o melhor advogado que
este país já teve. Lula e o PT não destruíram o Brasil como se acredita, apenas
deram seguimento ao doloroso processo que vem desde os tempos coloniais. Além
do mais, não há nenhum problema em Lula estar preso. O doído é ver Aécio Neves,
Temer, Fabrício Queiroz, os donos da JBS e tantos outros estarem soltos.
*É
Professor em Porto Velho.
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