Loucos conduzem
cegos
Professor
Nazareno*
A tragédia
teatral Rei Lear de Shakespeare produzida há mais de quatro séculos está de
volta à realidade. Nela, um rei louco comanda todo um povo que está cego pelas
circunstâncias e falta de conhecimentos. O Brasil, guardadas as devidas
proporções, está também vivendo esta tragédia bem ao pé da letra. O governo de
Jair Bolsonaro retrata perfeitamente a obra de Shakespeare. O “rei” daqui pode até não ser louco, mas antes
e durante a campanha eleitoral falou tantas barbaridades e loucuras que muitas
pessoas diziam que ele realmente “não
tinha juízo”. Bolsonaro zombou dos quilombolas, atacou os homossexuais,
ridicularizou a mulher, desrespeitou os direitos humanos, fez chacotas com
esquerdistas, falou mal de todos e se portou como um verdadeiro doido. Porém,
muito pior do que a postura deprimente dele foi a escolha dos seus ministros.
Pelo menos dois assessores do atual
governo nos dão a impressão de que realmente estamos vivendo em séculos
passados. Damares Alves, já apelidada de “Doidamares”,
ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é uma figura ímpar neste
governo. A pastora evangélica é motivo de piadas e chacotas toda vez que faz
uma declaração. Ricardo Pérez Rodríguez, colombiano de nascimento e que ainda
se expressa com um forte sotaque castelhano, completa a sinistra lista de
ministros “desmiolados” do governo do
“Mito”. Mas ainda há outros
assessores do Bolsonaro que não deixam quaisquer dúvidas de que são pessoas “sem o menor juízo e totalmente sem preparo
suficiente” para estarem assumindo postos tão importantes no governo de um
país. A real impressão que se tem é que “um
desequilibrado” se juntou a outros loucos.
A ministra “Doidamares” iniciou suas loucuras dizendo ter visto Jesus Cristo em
cima de um pé de goiaba. Foi chacota nacional. Virou piada nas redes sociais e
os brasileiros “mais sensatos” quase
lhe comem o fígado. Mas ela não parou por aí. Depois afirmou em rede nacional
que “de agora em diante, os meninos
vestem azul e as meninas vestem rosa”. Foi novamente massacrada, teve que
pedir publicamente desculpas e voltou atrás nas suas declarações alucinadas. Já
o ministro colombiano, que afirma ser patriota com o país dos outros, não fica
atrás da insana ministra. Determinou recentemente que se deve cantar o Hino
Nacional nas escolas de todo o país. E foi além com a sua demência explícita: “todas as crianças devem ser filmadas
cantando”. Foi achincalhado publicamente, voltou atrás na sua decisão e
pediu desculpas públicas.
Os mais de 57 milhões de cidadãos
brasileiros, “cegos” e desprovidos de
conhecimentos mínimos e que votaram nessa gente conduzindo-a ao poder maior no
país não merecem ser governados dessa maneira absurda e surreal. O Brasil,
apesar de já terem dito não ser um país sério, não merece essa gente desmiolada
lhe governando. É um “volta atrás com
pedidos de desculpas” jamais visto na nossa História. Os “Bolsominions” estão em polvorosa e
muitos já não têm mais onde botar a cara de tanta vergonha. O Brasil não tem
sorte mesmo: tirou os ladrões petistas do poder por meio de um golpe
constitucional e na sequência colocou outros ladrões comandados por Temer e sua
gente e agora, achando que tinha resolvido seus problemas, tem que conviver com
lunáticos varridos no governo. O povo, na sua ignorância eterna, de nada
desconfia e crê que está sendo bem conduzido. Pena: Shakespeare e o mundo
continuam rindo de nós.
*É
Professor em Porto Velho.
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