quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Sirenes debochadas e tardias


Sirenes debochadas e tardias


Professor Nazareno*


O brasileiro só fecha a porta depois que foi roubado”. Esse é um dos ditados populares mais corretos e perfeitos de que se tem notícia. E a triste realidade que estamos vivendo não nos deixa nenhuma dúvida. A tragédia de Brumadinho em Minas Gerais é um claro exemplo disso. Antes do rompimento da barragem, nenhuma sirene tocou para alertar as pessoas do perigo iminente. O resultado foi mais de 320 mortes. Agora, depois da tragédia consumada, todo dia é um soar de sirenes por todos os cantos. Moradores das várias cidades que têm barragens já perderam o sossego. “Ninguém consegue mais dormir direito com o barulho, desnecessário agora, dessas sirenes”, disse um morador de Nova Lima em Minas Gerais. “Parece que elas estão debochando de nós, pois tocam a esmo sem nenhum perigo à vista”, reclamam outros moradores.
No Brasil infelizmente as coisas parecem que só funcionam assim. E o atual governo do “Mito” Jair Bolsonaro não deixa quaisquer dúvidas. É um governo que só produz notícias ruins. Mas agora é tarde. O cara já está instalado no Planalto e de lá só vai sair depois de pelo menos uns quatro anos. A hora é de começar a cobrar responsabilidades de quem o elegeu para tentar evitar outra desgraça dessa no futuro. “O nosso país não merecia um governo desses e nem ser governado dessa maneira”, é a impressão que se tem. A maioria dos assessores escolhidos é de um amadorismo fora do comum. Parece um governo de mentirinha. Da exótica ministra Damares Alves até o recém-exonerado ministro Gustavo Bebiano e passando pelo ex-juiz Sérgio Moro que as trapalhadas se sucedem numa frequência nunca vista. “Estamos no mato sem cachorro”.
Dá nojo ver a cara lavada dos eleitores do “Bozo” tentando arranjar desculpas para os embustes do “Mito”. E ainda não se completaram nem dois meses desse governo atrapalhado. As barbaridades que ele falava antes de ser eleito deviam ter sido levadas em conta antes de se elegê-lo para governar um país complexo como o Brasil. Todos os seus eleitores foram mais uma vez enganados e nada podem fazer a não ser lamentar. Em Rondônia, a situação até agora em nada mudou. O nepotismo é uma triste realidade que teima em se repetir nesse Estado na maior cara de pau. O número de comissionados sem concurso já passou a incrível marca das quatro mil contratações e ainda vem mais por aí. Nenhum governo anterior conseguiu esta cifra absurda. Se isso for mudança é uma mudança para pior. Até merenda está faltando nas escolas nesse início de governo.
Sérgio Moro, o outrora sisudo e “competente” juiz da Lava Jato e agora Ministro da Justiça, já disse que “Caixa 2” não é mais corrupção. Por isso, até virou chacota nas redes sociais. A impressão que se tem é que o Brasil perdeu um juiz fiel às leis e ganhou um ministro que compactua descaradamente com o pensamento da classe política vigente. O laranjal do PSL, partido que elegeu o presidente, está aí para todo mundo ver e vergonhosamente contemplar. É um escândalo atrás do outro, infelizmente. Os filhos do Bolsonaro são piores do que os filhos do Lula. Michel Temer e muitos de seus colaboradores continuam soltos e as punições abrandam-se e diminuem cada vez mais. As sirenes tocam e mostram a terrível barafunda em que este país se meteu. Só que elas estão tocando muito tarde. A desgraça já está feita. O Brasil virou piada no mundo civilizado. A lama podre já começou a inundar todo o país. Entramos na Idade Média.




*É Professor em Porto Velho.

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