Sérgio Moro
emparedado
Professor
Nazareno*
O Ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sérgio Fernando Moro, está se apequenando muito rápido no atual governo. O outrora todo poderoso chefe da Operação Lava Jato de Curitiba e tido como herói nacional pelos mais incautos e trouxas está vendo o seu prestígio descer ladeira abaixo. Paparicado por todos e endeusado como um caçador de corruptos além de ter sido um feroz combatente da corrupção, o juiz hoje não é nem a sombra daquela autoridade de tempos passados. Acusado de perseguir “somente os esquerdistas” e de ter condenado o ex-presidente Lula sem provas consistentes apenas para tirá-lo da disputa presidencial, o magistrado do Paraná já teve que voltar atrás com suas declarações e pior: foi desautorizado quando nomeou Ilona Szabór para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
A impressão que se tem é que Sérgio
Moro condenou o petista somente para abrir caminho para o “Mito”, a cujo governo serve como um
verdadeiro capacho. O Brasil perdeu um bom juiz e ganhou apenas um ministro “meia-boca”, igual ou pior a todos os
outros que o antecederam. O ex-juiz já disse que Caixa 2 não é mais um crime
tão grave assim. Entrevistas dele dadas anteriormente dizendo o contrário inundaram
as redes sociais e mostraram ao país que até um juiz do porte dele, dependendo
das circunstâncias e dos interesses em jogo, pode mudar de opinião em tão pouco
tempo. Parece que a carta branca dada por Jair Bolsonaro ao seu “superministro” foi revogada. Se quiser
ainda manter a fama, Moro tem que sair logo deste governo. Que poderes tem um
ministro que não pode nem nomear uma simples funcionária de terceiro escalão?
Diz a História
que Sobral Pinto, um dos melhores advogados que este país já teve, lutou
ferozmente pela Liga de Defesa da Legalidade ainda na década de 50 do século
passado para defender a candidatura de JK ao governo. Vitorioso, Juscelino
teria convidado o advogado para integrar o seu ministério. Sobral Pinto
rejeitou o convite e avisou ao novo presidente que seria dali em diante um
fiscal do novo governo. “Lutei para
conseguir sua candidatura à Presidência e não para participar de sua
administração”, teria dito na época o eminente advogado. Moro, se não
tivesse sido picado pela mosca azul, poderia ter dito isso ao “Mito”. Como magistrado, ele poderia
investigar bem mais a fundo o “laranjal”
dos Bolsonaros. Gozando do prestígio que possuía, seria muito mais útil aos
brasileiros como juiz do que como um reles ministro.
Só que a classe
política já tratou de tirar os poderes do ex-combatente juiz de Curitiba.
Sérgio Moro precisa urgentemente salvar a sua biografia se ainda tiver
quaisquer aspirações futuras e cair fora desse “governo de insanos”. Ainda assim, é um ministro considerado sensato
num sinistro ambiente onde os “loucos e
ensandecidos” assessores prevalecem e os filhos do presidente dão as cartas
abertamente. “O atual governo do Brasil
está entregue nas mãos de desequilibrados e desmiolados”, é a impressão que
se tem. Em apenas dois meses, Moro descobriu que Brasília é diferente de
Curitiba. Só que isso pode ser tarde demais. Ele já vive a sua prisão moral. Sem
poder e sem prestígio, logo será ex-ministro e se aposentará, saindo para sempre
da vida pública. Um fim melancólico e triste para quem há pouco tempo gozava de
tanta admiração no país. “O justiceiro
messiânico já queima como o Girolamo Savonarola.
*É Professor em Porto Velho.
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