Democracia não festeja ditadura
Professor Nazareno*
O
Brasil tem 519 anos de existência. Neste período foi governado pela direita, a
elite econômica do país, por exatos 506 anos. A esquerda o governou por apenas
13 anos e agora quem está no poder é a extrema-direita, que deverá governá-lo
pelo menos nos próximos quatro anos. O nosso país figura entre as dez maiores
potências econômicas do mundo. Somos o segundo maior produtor de alimentos e
temos as maiores extensões de terras agricultáveis do planeta. No entanto,
apesar destes números garbosos, temos uma das piores nações em termos sociais.
Nossa educação figura entre as piores, não temos saúde pública decente, estamos
mergulhados numa corrupção endêmica, nossa desigualdade social é imensa e a
nossa sociedade é uma das mais injustas de que se tem notícia. Vivemos a
síndrome da “Casa Grande e Senzala”.
O
atual governo é de extrema-direita e liderado por um ex-militar do Exército. O
capitão Jair Messias Bolsonaro, chamado de “Mito”
pelos seus bajuladores e eleitores, está à frente de um dos mais sinistros,
fracos e enrolados governos de que se tem notícia. Desde que o maluco e surreal
Jânio Quadros governou os brasileiros na década de 1960, que não vivíamos dias
tão estranhos na política. Um governo sem rumo e totalmente perdido em suas ações.
Do suposto envolvimento de familiares do presidente com as milícias no Rio de
Janeiro e com o possível assassinato da vereadora Marielle Franco, esse governo
é pífio e até agora só serviu para nos envergonhar. Todos os que votaram nele, os
que se abstiveram e, claro, todos os opositores. Dos atuais ministros, não se
sabe qual é o mais burro e inapto. O Brasil não merecia este governo bizarro.
Para
se completar o circo de horrores, o “Mito”
resolveu comemorar o dia 31 de março de 1964. Foi proibido pela Justiça e houve
críticas dentro e fora do país. A História não pode ser reescrita: em 1964
tivemos um golpe de Estado que sufocou a nossa jovem democracia. Depois se
instalou uma feroz Ditadura Militar de 21 anos que praticou as mais terríveis
violações contra a oposição. De novo, Bolsonaro voltou atrás: “não foi comemorar, foi rememorar”, disse
cinicamente. Democracias não comemoram ditaduras. Se comemorar é porque não é
uma democracia. Só as ditaduras se auto elogiam. Bolsonaro foi criticado no
Chile onde elogiou o ditador sanguinário Augusto Pinochet. Depois elogiou Alfredo
Stroessner do Paraguai. Se gosta tanto assim dos ditadores, por que o “Mito” não elogia também o cruel Nicolás
Maduro da Venezuela?
Celebrar
os anos da Ditadura Militar, marcados pelo fechamento do Congresso Nacional,
cassação de direitos políticos, perseguição e tortura de adversários, além de
censura à imprensa e o assassinato de mais de 400 pessoas de ambos os lados
definitivamente não combina com os dias atuais. Bolsonaro está perdido e não
sabe o que faz. Precisamos construir 2019 para depois comemorar 1964. O PT, claro, roubou muito e também ajudou a
saquear o país, mas o líder do bando já está preso em Curitiba, julgado,
condenado e pagando pelos seus erros. E o Brasil, ao seu jeito, já fez as pazes
com o passado. E nele tivemos uma Ditadura Militar cruel e sanguinária.
Desastrados, os militares foram combater uma suposta ditadura comunista e nos
deram outra pior ainda. E se não foi golpe nem Ditadura, como explicar as
violações às novas gerações? Então o DOI-CODI, eleições indiretas,
censura, torturas, perseguições e exílios foi fake.
*É Professor em Porto Velho.
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