sábado, 30 de março de 2019

Democracia não festeja ditadura


Democracia não festeja ditadura


Professor Nazareno*

           
O Brasil tem 519 anos de existência. Neste período foi governado pela direita, a elite econômica do país, por exatos 506 anos. A esquerda o governou por apenas 13 anos e agora quem está no poder é a extrema-direita, que deverá governá-lo pelo menos nos próximos quatro anos. O nosso país figura entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Somos o segundo maior produtor de alimentos e temos as maiores extensões de terras agricultáveis do planeta. No entanto, apesar destes números garbosos, temos uma das piores nações em termos sociais. Nossa educação figura entre as piores, não temos saúde pública decente, estamos mergulhados numa corrupção endêmica, nossa desigualdade social é imensa e a nossa sociedade é uma das mais injustas de que se tem notícia. Vivemos a síndrome da “Casa Grande e Senzala”.
O atual governo é de extrema-direita e liderado por um ex-militar do Exército. O capitão Jair Messias Bolsonaro, chamado de “Mito” pelos seus bajuladores e eleitores, está à frente de um dos mais sinistros, fracos e enrolados governos de que se tem notícia. Desde que o maluco e surreal Jânio Quadros governou os brasileiros na década de 1960, que não vivíamos dias tão estranhos na política. Um governo sem rumo e totalmente perdido em suas ações. Do suposto envolvimento de familiares do presidente com as milícias no Rio de Janeiro e com o possível assassinato da vereadora Marielle Franco, esse governo é pífio e até agora só serviu para nos envergonhar. Todos os que votaram nele, os que se abstiveram e, claro, todos os opositores. Dos atuais ministros, não se sabe qual é o mais burro e inapto. O Brasil não merecia este governo bizarro.
Para se completar o circo de horrores, o “Mito” resolveu comemorar o dia 31 de março de 1964. Foi proibido pela Justiça e houve críticas dentro e fora do país. A História não pode ser reescrita: em 1964 tivemos um golpe de Estado que sufocou a nossa jovem democracia. Depois se instalou uma feroz Ditadura Militar de 21 anos que praticou as mais terríveis violações contra a oposição. De novo, Bolsonaro voltou atrás: “não foi comemorar, foi rememorar”, disse cinicamente. Democracias não comemoram ditaduras. Se comemorar é porque não é uma democracia. Só as ditaduras se auto elogiam. Bolsonaro foi criticado no Chile onde elogiou o ditador sanguinário Augusto Pinochet. Depois elogiou Alfredo Stroessner do Paraguai. Se gosta tanto assim dos ditadores, por que o “Mito” não elogia também o cruel Nicolás Maduro da Venezuela?
Celebrar os anos da Ditadura Militar, marcados pelo fechamento do Congresso Nacional, cassação de direitos políticos, perseguição e tortura de adversários, além de censura à imprensa e o assassinato de mais de 400 pessoas de ambos os lados definitivamente não combina com os dias atuais. Bolsonaro está perdido e não sabe o que faz. Precisamos construir 2019 para depois comemorar 1964. O PT, claro, roubou muito e também ajudou a saquear o país, mas o líder do bando já está preso em Curitiba, julgado, condenado e pagando pelos seus erros. E o Brasil, ao seu jeito, já fez as pazes com o passado. E nele tivemos uma Ditadura Militar cruel e sanguinária. Desastrados, os militares foram combater uma suposta ditadura comunista e nos deram outra pior ainda. E se não foi golpe nem Ditadura, como explicar as violações às novas gerações? Então o DOI-CODI, eleições indiretas, censura, torturas, perseguições e exílios foi fake.





*É Professor em Porto Velho.

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