Meu professor de
História
Professor
Nazareno*
Meu professor de
História é uma daquelas pessoas inesquecíveis que deixam marcas nos seus alunos
a partir da primeira aula. Homem casado com a mesma mulher há pelo menos 36
anos, sempre fez questão de defender os valores da família, embora nos tenha falado
sobre a crise que esta instituição vive atualmente no mundo inteiro. Dizia
sempre muito convicto que é comum vermos hoje em dia o fracasso de alguns
relacionamentos, mas que isso é muito triste, já que segundo a nossa tradição “o que Deus uniu o homem não pode separar”.
Ele e sua esposa se conheceram em sala de aula quando o mesmo, ainda muito
jovem, lecionava em uma escola particular da cidade. Sua única esposa, pessoa
maravilhosa e sempre alegre, é filha de um rico comerciante. Eles têm dois maravilhosos
filhos desse lindo relacionamento amoroso e são felizes.
O meu professor
de História nunca deixou transparecer para os seus alunos o seu posicionamento
político ou até mesmo para que time de futebol torcia. Nas suas excelentes
explanações procurava sempre mostrar com bons argumentos todas as tendências
filosóficas, históricas, políticas, econômicas e sociais. Mesmo na religião,
procurava sempre mostrar seu “jeito laico”
de se comportar. Dizia a todos os seus atentos alunos que “toda religião é muito importante” e que a convivência pacífica
entre elas era ainda mais satisfatória num mundo tão conturbado como o nosso.
Embora fosse de tendência cristã, era comum ver nos seus discursos o respeito a
toda e qualquer crença. E até a não crença. Era raro se envolver em discussões
sobre o assunto. Sabia como ninguém mostrar bons argumentos para o incentivo da
boa convivência entre elas.
Sobre política,
o meu professor de História dava aulas impagáveis. Defensor intransigente dos
diretos humanos mostrava com maestria a importância de se colocar o ser humano
acima de tudo na terra. Sobre o Nazismo e o Fascismo tinha conhecimentos como
ninguém. “O Holocausto foi a grande vergonha da humanidade”, sempre dizia convictamente até com lágrimas nos olhos.
Falava com muito conhecimento de causa sobre a Escravidão e o Neocolonialismo. Era
também um especialista em Ditadura Militar. Sem se envolver em partidarismos ou
mesmo na dicotomia Direita X Esquerda, mostrava o que de fato aconteceu. Meu
mestre era, claro, formado em História, tinha pós-graduação e fez dois mestrados
em duas universidades: uma francesa e outra norte-americana. Nunca perdeu um curso
de atualização política sobre o mundo. E era Doutor.
Respeitava a
ideologia de gênero, era contra a censura, seus princípios sempre enalteceram a
democracia, tinha uma visão ímpar sobre os quilombolas, os índios, os
homossexuais e todas as outras minorias. Sempre esteve à frente dos movimentos
sociais, pois achava muito importante a participação popular dentro da
sociedade. Nunca “navegou” em nenhuma
“onda” na política. Analisava
detalhadamente todos os acontecimentos para depois emitir opiniões e conceitos.
Por tudo isso e levando em consideração o seu coerente posicionamento político
e suas convicções partidárias, o meu professor de História declarou
recentemente que vai votar no “Estimado
Líder”, o senhor Jair Bolsonaro do PSL. Os professores de Redação, de
Literatura, de Geografia, Filosofia e Sociologia também vão seguir o mestre de
História. Fascistas? Não! Todos são humanistas e apaixonados pelo Brasil.
Jamais esquecerei os meus amados mestres.
*É
Professor em Porto Velho.
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