Nobel para
Rondônia
Professor
Nazareno*
Depois das
eleições gerais de 2018 no Brasil, eis que despontam para o mundo as
características estranhas e o perfil de alguns eleitores de Rondônia. Lugar
ermo, longínquo e atrasado, esse rincão incivilizado e subdesenvolvido tem menos
de um por cento do total de eleitores do país. Porém, a falta de importância da
província distante compensa com as esquisitices, copiadas sob medida do
restante do país e aperfeiçoadas em terras karipunas. Se o Brasil é uma infame
periferia do mundo civilizado, aqui é um fim do mundo sem eira nem beira onde a
classe política de certa forma se aproveita da estupidez da maioria dos
eleitores para impor suas vontades e colher os dividendos eleitorais. Tem-se
aqui, por exemplo, toda espécie de candidato. Do processado ao embusteiro
profissional, só que todos muito amados pelos eufóricos e tolos eleitores.
Ao se analisar a
visão desses votantes, percebe-se que em vários deles há muitas características
com o eleitor do restante do país, embora o cidadão provinciano leve
desvantagem por depender quase que totalmente da política e ser, claro, mais
estúpido e desinformado. Sem leitura de mundo, semiletrado, grosso, roceiro e ainda
com mentalidade ditatorial, muitos cidadãos comuns deste Estado “escolhem a dedo” somente as tranqueiras
para lhes governar. Sofre com falta de IDH, de saúde pública e de educação de
qualidade, mas está sempre feliz e alegre. No Estado deve haver alguns
eleitores mais conscientes e com alguma leitura de mundo, mas por que elegem
preferencialmente os candidatos que são de fora? Agora, além de elegerem quase
só os forasteiros, votaram também no arquétipo de ditador-mor e também no seu
preposto.
Não entende nada
de política, de moda, nem das coisas mais simples do dia-a-dia. Sua única
experiência internacional é Guayaramerín na Bolívia, onde compra produtos “Ching Ling”. Na arte, confunde a “obra do mestre Picasso com a pica de aço do
mestre de obra”. Por não conhecer a realidade das coisas mais simples,
alguns eleitores ficam encantados com qualquer besteira. E os políticos se aproveitam para explorá-los ainda mais. No superfaturado Espaço Alternativo da
cidade, por exemplo, fizeram uma “montanha-russa
do atraso” e deram de presente aos nativos às vésperas das eleições. Ainda
hoje há muitas pessoas fazendo fotinhas para postar nas redes sociais. E as
letrinhas ridículas que colocaram por lá? Delírio geral para quem só tem um
Shopping-center como lazer. E todos já foram reeleitos: a festa dos índios não
para.
Depois que foram
bovinamente às urnas para chancelar sua desgraça por mais quatro anos, os
idiotas comemoram feito loucos. Um povo que é protagonista de seu próprio
sofrimento não devia ser chamado de povo, mas de ajuntamento humano. Um prêmio
Nobel para esses eleitores, portanto. Na verdade mais outro Nobel, pois os
grafiteiros dos viadutos também mereciam um com aquela tosca “arte”. Olhem só os dois senadores que
eles elegeram. Pior: não havia opções melhores. Mas dizer que o eleitor
rondoniense não sabe votar pode aborrecer algumas pessoas. A nova composição da
Assembleia Legislativa é um primor. Rondônia e o seu povo a merecem. Os novos
representantes para a Câmara Federal foram escolhidos com critérios. Incrível:
ninguém comprou voto nem ninguém vendeu. Mas como em Rondônia tudo é a “cu de cavalo”, a escolha ridícula não
destoou. Rondônia em nível de Brasil não decide nada. Ainda bem.
*É
Professor em Porto Velho.
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