domingo, 7 de outubro de 2018

Nobel para Rondônia


Nobel para Rondônia


Professor Nazareno*


Depois das eleições gerais de 2018 no Brasil, eis que despontam para o mundo as características estranhas e o perfil de alguns eleitores de Rondônia. Lugar ermo, longínquo e atrasado, esse rincão incivilizado e subdesenvolvido tem menos de um por cento do total de eleitores do país. Porém, a falta de importância da província distante compensa com as esquisitices, copiadas sob medida do restante do país e aperfeiçoadas em terras karipunas. Se o Brasil é uma infame periferia do mundo civilizado, aqui é um fim do mundo sem eira nem beira onde a classe política de certa forma se aproveita da estupidez da maioria dos eleitores para impor suas vontades e colher os dividendos eleitorais. Tem-se aqui, por exemplo, toda espécie de candidato. Do processado ao embusteiro profissional, só que todos muito amados pelos eufóricos e tolos eleitores.
Ao se analisar a visão desses votantes, percebe-se que em vários deles há muitas características com o eleitor do restante do país, embora o cidadão provinciano leve desvantagem por depender quase que totalmente da política e ser, claro, mais estúpido e desinformado. Sem leitura de mundo, semiletrado, grosso, roceiro e ainda com mentalidade ditatorial, muitos cidadãos comuns deste Estado “escolhem a dedo” somente as tranqueiras para lhes governar. Sofre com falta de IDH, de saúde pública e de educação de qualidade, mas está sempre feliz e alegre. No Estado deve haver alguns eleitores mais conscientes e com alguma leitura de mundo, mas por que elegem preferencialmente os candidatos que são de fora? Agora, além de elegerem quase só os forasteiros, votaram também no arquétipo de ditador-mor e também no seu preposto.
Não entende nada de política, de moda, nem das coisas mais simples do dia-a-dia. Sua única experiência internacional é Guayaramerín na Bolívia, onde compra produtos “Ching Ling”. Na arte, confunde a “obra do mestre Picasso com a pica de aço do mestre de obra”. Por não conhecer a realidade das coisas mais simples, alguns eleitores ficam encantados com qualquer besteira. E os políticos se aproveitam para explorá-los ainda mais. No superfaturado Espaço Alternativo da cidade, por exemplo, fizeram uma “montanha-russa do atraso” e deram de presente aos nativos às vésperas das eleições. Ainda hoje há muitas pessoas fazendo fotinhas para postar nas redes sociais. E as letrinhas ridículas que colocaram por lá? Delírio geral para quem só tem um Shopping-center como lazer. E todos já foram reeleitos: a festa dos índios não para.
Depois que foram bovinamente às urnas para chancelar sua desgraça por mais quatro anos, os idiotas comemoram feito loucos. Um povo que é protagonista de seu próprio sofrimento não devia ser chamado de povo, mas de ajuntamento humano. Um prêmio Nobel para esses eleitores, portanto. Na verdade mais outro Nobel, pois os grafiteiros dos viadutos também mereciam um com aquela tosca “arte”. Olhem só os dois senadores que eles elegeram. Pior: não havia opções melhores. Mas dizer que o eleitor rondoniense não sabe votar pode aborrecer algumas pessoas. A nova composição da Assembleia Legislativa é um primor. Rondônia e o seu povo a merecem. Os novos representantes para a Câmara Federal foram escolhidos com critérios. Incrível: ninguém comprou voto nem ninguém vendeu. Mas como em Rondônia tudo é a “cu de cavalo”, a escolha ridícula não destoou. Rondônia em nível de Brasil não decide nada. Ainda bem.




*É Professor em Porto Velho.

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