Rondônia lambe o
“Mito”
Professor
Nazareno*
Rondônia não é a
Coreia do Norte de Kim Jong-Un nem o Iraque de Saddam Hussein. É muito pior do
que estes países, mas é na política que se parece muito com eles. Quando havia
eleições no Iraque de Saddam, ele geralmente obtinha 99 ou até cem por cento
dos votos de seus cidadãos. A maioria absoluta, portanto. Na Coreia do Norte
atual é a mesma coisa. O ditador Kim sempre que permite ter eleições, obtém
incríveis 98 por cento dos sufrágios e às vezes até mais. Rondônia é uma
periferia sem nenhuma importância e perdida no mundo. Talvez por isso a
política daqui seja como a verificada nessas duas toscas nações também sem
importância. Rondônia inteira votou no Jânio Quadros achando que ele ia varrer
a corrupção do país. Elegeu Collor na esperança de que ele fosse caçar os
famosos marajás e agora adere quase cem por cento ao “Mito”.
No primeiro turno, Bolsonaro obteve
a maioria absoluta dos votos no Estado. E não pelo fato de aqui ter maioria de
evangélicos em sua população, mas por que tem e sempre teve a incrível mania de
“lamber botas” do presidenciável da
hora. Até com o “falido” PT foi
assim. Elegeu Roberto Sobrinho, o “JK da
Amazônia”, por duas vezes como prefeito da capital e também a professora
Fátima Cleide como senadora da República. Por total desconhecimento da
política, esta distante, atrasada e inútil unidade da federação segue a onda da
vez no país. Agora o “fenômeno” é
Jair Bolsonaro do PSL. O queridinho “arquétipo
de ditador” inebriou as lideranças políticas karipunas e as enfeitiçou. O
desconhecido coronel Marcos Rocha, por exemplo, desponta como uma liderança
regional e pode ganhar o pleito usando apenas o nome do seu adorado “Mito”.
Pior: Expedito Junior do “extinto” PSDB já declarou também apoio
total ao “grande líder”. Por aqui
ideologia é o que menos importa quando se quer chegar ao domínio do Erário. Os
dois concorrentes ao governo de Rondônia este ano têm algo muito em comum: eles
amam, tecem loas e apoiam Jair Bolsonaro. Então por que estão disputando o voto
dos eleitores? Por que não fazem logo um acordo e dividem o poder entre eles? O
governo de Rondônia devia ser logo rifado entre Marcos Rocha e Expedito Junior.
Pouparia a chatice de irmos votar no segundo turno. O coronel é do PSL, o mesmo
partido do “Mito” e se diz ser seu
único representante em terras rondonianas. A briga com o seu opositor parece
que será para saber quem mais “ama” o
provável futuro presidente do país e não para saber quem melhor governará os
tolos dos rondonienses.
Em Rondônia, quase todo mundo é
Bolsonaro desde criancinha. Até a surpresa destas eleições, a eleita deputada
federal Sílvia Cristina (que se parece com a Marielle Franco) já se adiantou ao
seu partido e declarou apoio ao “Mito”.
Acho que se brincar, até o PT daqui e seus filiados vão também fazer o mesmo. O
pastor Aluízio Vidal da REDE talvez possa enveredar por esta seara. Com
pensamento totalmente de direita, mas filiado a um partido de esquerda, o
pastor evangélico obteve mais de 51 mil votos e por causa de suas convicções
religiosas pode muito bem dar apoio ao “estimado
líder”. Afinal para o bem do Brasil, todos eles defendem a família
tradicional e são contrários ao casamento entre homossexuais. Fernando Haddad
devia sair de fininho e admitir que em Rondônia talvez não tenha um só voto. Só
há um problema: como toda unanimidade é burra, se o PSL aceitar esses apoios,
não ficará se parecendo com os outros partidos?
*É
Professor em Porto Velho.
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