Coitado do Coronel
Professor
Nazareno*
Marcos José
Rocha dos Santos ou apenas Coronel Marcos Rocha, carioca de nascimento, é o
mais novo governador de Rondônia. Eleito no segundo turno com 530.188 votos,
ele tem agora nas mãos um dos piores abacaxis de sua vida. Político de início
de carreira como gosta de se autodenominar, o Coronel terá pela frente uma das
mais espinhosas tarefas com que um cidadão poderia sonhar. O longínquo,
atrasado, incivilizado e inóspito Estado de Rondônia é tão importante na
realidade do Brasil que muitos o confundem naturalmente com Roraima e
vice-versa. Com menos de um por cento da população do país, sem nenhum IDH e
com um PIB desprezível, esta tosca unidade da federação deveria ser entregue
aos bolivianos ou então devolvida ao Amazonas e ao Mato Grosso se quisesse ter
melhores dias para a sua sofrida população.
Alegre, eufórico e muito feliz pelo
que considera uma façanha, o Coronel parece ignorar a desgraça que lhe espera
pela frente. O “rabo de foguete” em
que se meteu poderá fazê-lo se arrepender amargamente. Rondônia é um lugar
esquecido, cuja população é composta em sua maioria por funcionários públicos
acomodados, velhos e pouco produtivos. Bem diferente dos princípios defendidos
pelo PSL e pelo Bolsonaro, a sua eminência parda. Não fosse a ajuda
paternalista de Brasília, Rondônia já teria encontrado o seu ocaso há tempos. O
lugar é uma desgraça só. A capital é a pior em IDH e saneamento básico dentre
as maiores cidades do país. O mesmo acontece na maioria dos municípios do Estado.
Todas são cidades sujas, feias, mal administradas, sem água tratada e sem
esgoto sanitário. Resumindo tudo: o animado Coronel se lascou.
O que o Estado arrecada “mal dá para pagar os que arrecadam”. A
eterna dívida do Beron com o governo federal asfixia qualquer orçamento. As
hidrelétricas até produzem energia, mas para abastecer os de fora. Se seguir a
Lei de Responsabilidade Fiscal ele não investirá nada em obras e benfeitorias. Ainda
assim, prometeu “governar melhor para
todos”. Vamos esperar pela duplicação da BR-364, já que ninguém em sã
consciência vai querer comprar aquilo. Porto Velho, a antessala do inferno,
precisa de investimentos para ontem. Uma nova rodoviária, um porto decente,
saneamento básico, internacionalização do acanhado aeroporto e mobilidade
urbana. Isso só para começar. O novo governador precisa substituir urgentemente
o “açougue” João Paulo II, já que nem
Raupp, nem Cassol e nem Confúcio fizeram tal proeza. Caos: ainda tem a fumaça.
É para termos muita pena desse Coronel
na sua tentativa de governar este fim de mundo, esta morada do Satanás, este
elo perdido da existência humana. Mas como ele é de fora pode até ter algum
apoio local. E como o rondoniense é muito indolente, o mesmo poderia pedir
conselhos aos ex-governadores Ivo Cassol, o do Império da Roça, e mesmo ao blogueiro
Confúcio Moura, da República Familiar de Ariquemes. Só que como eles nada
fizeram por Rondônia, nada eles têm para aconselhar ao novo governo. Não votei
nele nem no Expedito Júnior: é que eu só voto no menos ruim e eles são
péssimos. Se os rondonienses elegeram um sujeito desconhecido, alheio à
política, acusado de não ter experiência e de não decidir nada, como se alegrar
com sua inusitada vitória? E como Deus não quer saber da “latrina do Brasil”, espera-se que pelo menos o Diabo tenha piedade
de nós. Não seria melhor começarmos já a aprender o castelhano?
*É
Professor em Porto Velho.
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