A Pena de Morte
e os políticos
Professor
Nazareno*
Outro dia fui perguntado se eu teria
coragem de matar alguém. “-Claro que sim”, respondi convicto. Não só eu,
mas quase todos os seres humanos, por serem animais de sangue quente, reagiriam
com a mesma truculência com que foi atacado. O momento e as circunstâncias
geralmente é quem determinam a reação. Dificilmente daríamos o outro lado da
face para receber outro golpe como Cristo teria feito. Porém, mesmo sendo
cristãos e seguindo as doutrinas do Cristianismo poucas pessoas fariam tal
ação. “- Então o senhor é a favor da pena de morte”, afirmou o sujeito
sem perceber que uma coisa nada tem a ver com a outra. A adoção da pena capital
é uma procuração que os indivíduos passam para que o Estado, de maneira fria e
calculista, possa matar pessoas em nome deles. “É quando se mata alguém para
ensiná-lo que não se deve matar”.
Por isso, quando alguém defende essa
pena deveria pelo menos refletir como é que o Estado exerce a sua função no
Brasil. E todos nós sabemos que, de um modo geral, o Poder Público no nosso
país é exercido pela classe política e apresenta, em quase todas as suas ações
muitas distorções, injustiças, maus-tratos, perseguições, violências e
incompetências de todos os tamanhos. São homens “tortos e falíveis”,
enfim, que imbuídos de um poder Supremo, decidem se alguém deve ou não morrer.
Nos Estados Unidos, por exemplo, é o governador do Estado ou o presidente do
Poder Legislativo local que dá a decisão final se o condenado “vive ou morre”.
Já na Indonésia é o Presidente do país que, como na Roma antiga, mostra o
polegar direito para cima ou para baixo. De suas cabeças sai a sentença que
decidirá o destino de seres humanos.
É muito engraçado e até incoerente
perceber que no Brasil, uns 90% da população odeiam a política com todos os
políticos juntos. Porém, este mesmo percentual gostaria que a pena de morte
fosse adotada no país. Ou seja, querem dar de gosto e vontade mais poderes para
quem tanto criticam. Uma espécie de poder divino que decide quem vai viver ou
quem vai morrer. Eu jamais gostaria de morrer, por exemplo, com a aprovação de
uma Dilma Rousseff, mas quem defende a pena capital aceitaria, em tese, esta
absurda hipótese: ser fuzilado ou tomar uma injeção letal com a autorização da
petista. Em Rondônia quem daria o fatídico veredito seria, pasmem, Confúcio
Moura e na ausência dele, Maurão de Carvalho, presidente da Assembleia
Legislativa. Quem é favorável à carnificina, pode ir logo se acostumando com o
fato.
Óbvio que não existe, ainda, a pena de
morte no Brasil, mas a diminuição da maioridade penal, dentre outros
anacronismos, já é um mau prenúncio de que os direitos individuais no país serão
de agora em diante pisoteados sistematicamente por esta mentalidade assassina e
vingativa da maioria dos cidadãos brasileiros. E quase todos se consideram
cristãos, mesmo contrariando os ensinamentos de seu Mestre. Um Estado imoral,
indecente, anacrônico, corrupto, injusto, ladrão, incompetente, humano, não tem
direito nem moral suficiente para punir ninguém. Muito menos matar, como querem
os defensores destas indecências. Essa gente quer a diminuição da maioridade
penal, a pena de morte, a amputação de ladrões, dentre tantas outras
brutalidades e se alia vergonhosamente aos políticos por que talvez todos
queiram eliminar os pobres. Esses “coxinhas” sabem qual a classe social
que mandará mais indivíduos para o cadafalso.
*É
Professor em Porto Velho.
2 comentários:
Nobre professor, concordo com seu ponto de vista, pois fico a imaginar se a lei seguisse a lógica dos EUA, e como sabiamente vc disse, a autorização partindo do Chefe do Executivo ou Legislativo, pasmem ....... De fato, temos que ser mesmo contra a pena de morte, aliás assunto até vedado pela nossa Constituição.
O ideal caro aprendiz de cronista seria fuzilar que emite idéias desta feita, o país estaria melhor.
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