Um
“cardume” acomodado
Professor
Nazareno*
Jean-Jacques Rousseau, iluminista
francês, disse que “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”. Essa
máxima, de fato, é um dos marcos que se tem observado na maioria dos seres
humanos. De um modo geral, as pessoas preferem seguir “o cardume” a agir
como uma “metamorfose ambulante”. Em quase todas as ações do cotidiano, a
maioria dos cidadãos segue bovinamente o pensamento ditado por outros sem
questionar absolutamente nada. Com pouco ou nenhum conhecimento de mundo e
alheios às mais simples e coerentes teorias do pensamento humano, aceitam-se “ordens”
de estranhos com a maior tranquilidade. Na vida diária, na religião, na
política, na escola, na igreja, no trabalho, enfim, somos guiados pelo senso
comum para seguir caminhos desconhecidos e muitas vezes traumáticos. E sem nada
falar, aceita-se tudo.
Desde pequenos, por exemplo, nos ensinam
que Deus existe e que foi Ele quem criou o homem. E os que não creem nesse ser
poderoso e nessas histórias mirabolantes sofrem discriminações e preconceitos. Há,
no entanto, possibilidades de ter acontecido o contrário: foi o homem que criou
Deus. Medroso, inseguro e sem respostas para as suas indagações e
questionamentos os humanos resolveram a maioria de seus problemas e encontraram
muitas respostas pregando a falsa existência de um ser invisível que tudo pode.
Então é verdade que Deus não existe? Não é, mas também pode não ser verdade que
Ele exista. Para muitos, até o Deus de Espinosa pode ser um delírio da
nossa mente. Deus, não só criou o homem como também o fez com uma bula, uma
espécie de manual de instruções que o acompanhará por toda a vida: a Bíblia
que, afirma-se, é sagrada.
Os que não
acreditam na infalibilidade bíblica afirmam que “há milhares de anos, as
lendas, mentiras, besteiras, mitos e costumes primitivos de uma pequena tribo
de nômades semisselvagens foram reunidos e escritos em pergaminhos. Ao longo
dos séculos estes textos foram modificados, mutilados, truncados, floreados e
divididos em pequenos pedaços que foram então embaralhados várias vezes. Em
seguida, este material foi mal traduzido para várias línguas e vários povos o
adotaram como a expressão da verdade, a palavra de Deus definitiva e
irretocável". Inerrante ou não, o fato é que ao lado dessas escrituras,
aceitas como sagradas, apareceram outras de igual valor dependendo da época, do
povo e das circunstâncias: o Corão muçulmano e a Torá judaica, dentre muitos
outros “manuais de instrução humana”, seguem guiando almas.
Outra tolice e
estupidez sem tamanho que nos ensinam é o sentimento telúrico.
Incondicionalmente sempre se tem amor pela terra onde se nasce. Numa realidade
capitalista se ganha dinheiro pela competência e pelo trabalho que se faz e
jamais por ter nascido neste ou naquele lugar. O patriotismo, por exemplo, é o
pior dos sentimentos coletivos assim como foram o Fascismo e o Nazismo. Volte-se
então à questão religiosa: se Deus fez o homem, Mauro Nazif, Confúcio Moura e
Dilma Rousseff são, portanto, criações divinas assim como todos os outros
políticos brasileiros. Duvido que o Criador Supremo tenha dito: “- Vai,
Nazif, administra Porto Velho”. Ou então o improvável, “- Confúcio, Eu
te fiz. Governa os rondonienses, então”. Deus não pode ser tão mau assim.
Com relação à Dilma, aí Deus “já estava morto”. Por que se aceita tudo o
que nos dizem sem esboçar questionamentos?
É por sermos idiotas ou inteligentes?
*É Professor em Porto Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário