Coletivos: ‘busão’ a cinco reais
Professor Nazareno*
Com uma população estimada em 500 mil
habitantes em todo o município e pouco menos de 400 mil na área urbana, Porto
Velho tem uma das mais baratas passagens de ônibus urbanos do país. Apenas 2,60
é o preço que os portovelhenses ainda pagam para se deslocar diariamente horas
a fio pela cidade dentro de um limpo e asseado ônibus. Preço congelado desde há
muito tempo, esta quantia simbólica que se desembolsa para desfrutar de um dos
melhores serviços prestados à população em todo o Brasil está completamente
fora da realidade de inflação e de preços em elevação que se verificam na nossa
realidade econômica. O preço real de uma passagem no transporte coletivo em
Porto Velho deveria, pela cotação de hoje, ser pelo menos uns cinco reais ou
mais se levarmos em conta a comodidade e a pontualidade dos serviços prestados.
Com um serviço porco, se comparado à
realidade de Porto Velho, a cidade de São Paulo, por exemplo, cobra uma fortuna
pela passagem urbana. Basta verificar quanto se paga pelas passagens nas demais
capitais do país bem como nas cidades de grande porte. Para se ter uma ideia,
em Paris, a desorganizada capital da
França, cobram-se cerca de três euros pela passagem. São dez reais pela cotação
mais otimista se você quiser colocar os pés dentro de um sujo, fedorento e todo
quebrado ônibus ou mesmo no metrô lá na cidade da torre Eiffel. Sem nenhuma
mobilidade urbana, com ruas esburacadas, assaltos e muita sujeira, as cidades
do Velho Continente têm um dos piores sistemas de transportes coletivos do
mundo. Andar de “busão” em Munique na Alemanha, por exemplo, é um horror.
Londres, Barcelona e Berlim nem se fala.
Em Porto Velho, não! Eu mesmo adoro o
Interbairros, além de outros ônibus e linhas. Às vezes saio com toda a minha
família só para dar umas voltinhas pela cidade. Deixo o meu velho Palio em casa
para poder desfrutar da comodidade e da pontualidade do nosso transporte. É
muito mais rápido, confortável e seguro andar de coletivo em Porto Velho a ter
que enfrentar o estressante trânsito da cidade. Cansei de dar uma nota de cinco
e até de dez reais e deixar o troco com o educado e polido cobrador. “- Fique
como gorjeta, digo-lhe alegremente”. Não há dinheiro que pague a visão que
se tem da cidade. E o prefeito Mauro Nazif tem caprichado neste aspecto. Vejo
os viadutos inacabados, as árvores derrubadas pela cidade, a exemplo da
centenária castanheira do Triângulo, o cemitério de locomotivas, o lixo, a
podridão, além de outros atrativos.
À noite, existe emoção maior do que
passar de coletivo em cima da ponte escura feito breu? Ruas tão iluminadas que
quase chegam a nos cegar é uma rotina linda de se ver e de se admirar. Nunca
entendi por que muitos passageiros colocam a mão no nariz quando se passa em
algum ponto da capital. A “cidade-luz” da Amazônia é um encanto. O povo
de Porto Velho merece todos estes mimos, pois na hora de votar e escolher seus
representantes jamais foge às suas responsabilidades. Devíamos sair às ruas e
exigir que o preço das passagens urbanas aumente e chegue logo a cinco ou seis
reais para poder compensar a eficiência e os bons serviços com que os
empresários desse setor nos têm presenteado. Aumentou o preço dos combustíveis?
Aumente-se logo o preço das passagens urbanas. Devia ser assim. Fico preocupado
só de pensar que algumas dessas empresas podem deixar de operar por aqui. Será
que o prefeito não gosta mais de nós?
*É Professor em Porto
Velho.
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