Duisburg,
a pérola do Reno
Professor
Nazareno*
Adoro viajar, mas como não tenho
dinheiro, tempo e nem boa saúde, quase não saio do Brasil. Há pouco mais de
dois anos, no entanto, estive na Alemanha visitando algumas de suas belas e
encantadoras cidades. Estava em Munique na Baviera e decidi visitar Duisburg,
cidade industrial e portuária de aproximadamente 500 mil habitantes, localizada
no Estado alemão da Renânia do Norte, no vale do Ruhr. Maior porto seco da
Europa, esta encantadora metrópole germânica tem, portanto, quase a mesma
população de Porto Velho, nossa feia, suja e desorganizada capital. Situa-se na
confluência dos rios Ruhr e Reno a poucos quilômetros da fronteira com a
Holanda e a apenas 20 minutos de trem de Dusseldorf e de Dortmund, as maiores
cidades da região. Esse mesmo número de habitantes é a única coincidência de
Duisburg com a nossa fedorenta Porto Velho.
Como sofro da “Síndrome de
Vira-Latas”, fiquei encantado e de boca aberta quando cheguei à Estação Central
(Bahnhof Apotheke) desta linda cidade. Tudo limpo,
organizado, pontual e funcionando no melhor estilo germânico. O trem devia
chegar exatamente às 4 horas e 52 minutos da tarde. E para o meu espanto,
chegou às 4h52. Recebi ali mesmo informações em Alemão, Inglês e Português de
como me deslocar pela cidade e visitar os principais pontos turísticos. Meu
Deus! Quanta diferença quando se chega a Porto Velho. Na nossa imunda, sem
nenhuma limpeza e pouco cheirosa rodoviária, devemos agradecer aos céus se não
formos roubados ou importunados com pedintes que não nos deixam em paz. Em
Duisburg, o cheiro das flores em duas praças próximas dali contamina o ar com a
fragrância dos mais nobres e caros perfumes.
A charmosa Avenida Friedrich
Wilhelm, que liga a estação de trem ao centro da cidade, é um deslumbre só. Motoristas
super educados que respeitam os pedestres é uma rotina normal de se ver. Bem
diferente da nossa desarrumada e suja Avenida Carlos Gomes, por exemplo. Nunca
vi tanta gente limpa, cheirosa, inteligente e educada convivendo juntas. Naquela
charmosa avenida, e em outras ruas da cidade, é impossível encontrar uma única
garrafa Pet, pedaços de papel ou qualquer outro entulho de lixo jogado ao chão,
enquanto por aqui... Como pode esta gente sisuda e disciplinada ter criado o
Nazismo em tempos passados? Raciocinei intrigado. Em Duisburg tem metrô, o Stadtbahn, com pelo menos 13 estações. Pense num lugar limpo e
asseado. Em cada estação, a composição para no horário previsto e a
pontualidade chega a ser enfadonha.
Tudo funciona naquela cidade. O
porto fluvial é uma loucura de tanta eficiência. Nunca vi tanta limpeza e
organização em toda a minha vida. Nos dois rios que cortam a cidade é
impossível ver qualquer coisa boiando em suas quase transparentes e limpíssimas
águas. Nem um absorvente feminino usado se vê ali. O aeroporto que serve à
cidade é “internacional de verdade” e recebe voos de várias outras
cidades da Europa e do mundo. Duisburg tem um prefeito. É Sören Link, do SPD, o
Partido Social Democrata Alemão. De ideias arrojadas e dinâmicas, é um jovem de
apenas 38 anos. Porto Velho também tem um prefeito. É o médico Mauro Nazif, que
dispensa quaisquer comentários. A pérola do Reno faz jus ao nome enquanto aqui
somos o monturo, o lixo. Os índices de corrupção e violência naquela cidade
estão muito próximos de zero e não vi nenhuma obra inacabada por lá. Será que já
sucumbimos ao caos e à barbárie?
*É Professor em
Porto Velho.
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