Porto
Velho, capital de Roraima
Professor
Nazareno*
Raríssimas
pessoas no Brasil sabem que Porto Velho é a capital de Rondônia. Já a capital
de Roraima é, claro, Boa Vista. São duas cidades do mesmo tamanho, sem nenhuma
importância na realidade nacional ou mesmo regional e que contam hoje cada uma
com pouco mais de 400 mil habitantes segundo as últimas contagens do IBGE.
Ambas as cidades são como favelas imundas: feias, desarrumadas, sujas,
fedorentas, sem água tratada, sem mobilidade urbana, sem esgoto, sem
arborização e sem áreas de lazer. Estão atualmente, segundo o ITB, Instituto
Trata Brasil, nas últimas colocações em qualidade de vida dentre as 27 capitais
brasileiras. A confusão se faz, provavelmente, por que as duas capitais
incorporaram ultimamente aos seus já pobres e miseráveis cidadãos, milhares de
imigrantes venezuelanos que pedem esmolas em seus raros sinais de trânsito.
Apesar
de ter poucos moradores, as duas sinistras cidades têm na área da política algo
muito estranho. São cidades dominadas pela extrema-direita reacionária, apesar
da visível miséria e da pobreza extrema que se observam em suas imundas e sujas
ruas e avenidas. Boa Vista eu não conheço, mas tenho a certeza de que a vista
por lá também não é muito boa. Já Porto Velho é o meu reduto. Tenho a
infelicidade suprema de morar nesta “filial do inferno” há mais de
quarenta anos. E, via de regra, nestas quatro décadas nada mudou por aqui.
Porto Velho, Boa Vista, Macapá e Rio Branco são lugares que não deviam sequer
existir como cidades de tão sujas, feias e desorganizadas que são. Muito menos
como capitais de Estados. São lugares ermos que mais se parecem com “currutelas
fedidas” sem eira e nem beira. Mas são capitais e por isso devem ser
entendidas como tal.
Quase
ninguém no restante do Brasil viaja para essas cidades. Os preços das passagens
aéreas são os mais caros que há. Seus acanhados aeroportos mais se parecem com
aqueles precários campos de pouso de meados do século passado. Recebem
diariamente um ou dois voos regulares e só. Nenhuma dessas arriscadas
aglomerações urbanas tem um só atrativo turístico que justifique a aventura de
alguém se deslocar para cá. Nesse perdido submundo de atrasos e dificuldades
até a hora local está mais atrasada em relação ao restante do país com exceção
de Macapá no isolado e distante Amapá. Deve ser por isso que confundir Rondônia
com Roraima deve ser a coisa mais normal do mundo para quem tem a sorte e o
deleite de morar em lugares mais desenvolvidos e civilizados. Muitas cidades do
mundo, há três ou quatro séculos, eram menos patógenas.
Acre,
Rondônia, Roraima e Amapá são tão distantes da realidade de um morador de São
Paulo, Curitiba ou Porto Alegre, por exemplo, que mais se parecem com nomes
daquelas províncias distantes do Nepal ou da Nigéria. Porto Velho, a capital de
Roraima, nasceu a partir de um rio, o Madeira, mas já lhe deu as costas faz
tempo. Até na sua principal avenida, a Sete de Setembro, os carros e as pessoas
só saem em vez de chegarem. Antes era bem arborizada e tinha até mão dupla. Já
a lendária praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré foi esquecida há tempos e o
porto do Cai N’Água, que originou a cidade, é hoje um lugar podre, sujo,
violento e insalubre, talvez em homenagem à cidade horrorosa que o rodeia. Os
barcos de turismo foram abandonados e hoje pegam seus poucos visitantes no
barranco íngreme e escorregadio que sobrou. Até as “andorinhas cagonas”
nos abandonaram. Não parece, mas isso aqui já foi administrado pela esquerda.
*Foi Professor em Porto Velho.
Um comentário:
Ao longo de toda história de Porto Velho apenas uma coisa tenho certeza, tudo é podre nessa cidade.
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