Anseios
patéticos da sociedade
Professor
Nazareno*
O
Brasil está dividido politicamente. Metade da população é da direita e da
extrema-direita. A outra metade é da esquerda e eleitora do PT, PSOL e de partidos
socialistas. Os primeiros geralmente são anticomunistas, militaristas,
conservadores ferrenhos e defensores de Deus, da família e da pátria. Podem até
não serem mais da TFP, mas defendem com unhas e dentes o famoso tripé Tradição,
Família e Propriedade. São evangélicos na sua maioria, porém há também muitos
judeus, católicos e talvez até muçulmanos entre eles. Já os esquerdistas em sua
maioria defendem o comunismo, a reforma agrária e os direitos humanos. Uns
querem um Estado mínimo sem muitas interferências na vida do cidadão comum.
Entendem que o trabalho é o principal caminho para o acúmulo de capital,
enquanto os outros defendem um Estado grande e paternalista.
Ambos
os grupos lutam ou já lutaram desesperadamente para vencer na vida, ou seja,
para ganhar dinheiro sem, no entanto, demonstrar muita preocupação como isto
iria acontecer. Difícil não encontrar hoje um sujeito que não queira ver seu
filho ser futuramente um médico, juiz ou funcionário público, já que muita
gente ainda acredita, como na música “Ouro de Tolo” de Raul Seixas, que
é um médico, padre ou policial que ainda contribuem para o nosso belo quadro
social. Médico, juiz e mesmo alguns militares hoje no Brasil ganham dinheiro
como ninguém. Salários astronômicos e totalmente distante da combalida
realidade nacional. Fato este que num passado recente fez um candidato a
presidente se eleger com o mote de “caçador de marajás”. Fila do osso,
aceso a programas sociais e a outras esmolas oficias não fazem parte da “dolce
vita” dessa gente.
Morar
em condomínio fechado, bem longe dos pobres, famintos e miseráveis, ter um bom
plano de saúde para não ter que sofrer nas filas dos “açougues” da vida
e colocar os filhos para estudar em escolas particulares livrando-se do péssimo
sistema de Educação pública do país, são apostas das classes média e também de
outros indivíduos que estão na fila dos privilegiados. Morar em casa própria e
ter um carro novo também são prêmios bastante disputados pelos emergentes nacionais.
Possuindo esse “patrimônio”, já se pode fazer doações para os moradores
da vila Miséria, por exemplo, sem nenhuma dor de consciência. Não só para o
lixão de Porto Velho, mas também para toda e qualquer favela espalhada pelas
cidades do país. Assim, o Brasil da “Casa Grande & Senzala” se
perpetua a olhos vistos para a felicidade geral de todos: pobres, ricos e
também os de classe média.
Assim,
o objetivo maior de muita gente é vencer na vida ganhando rios de dinheiro sem
se importar com a péssima qualidade de vida dos habitantes da nação como um
todo. Somos um país muito rico, mas com pessoas muito pobres. A lorota de que
se precisa trabalhar muito para vencer na vida, deixa muita gente escrava do
dinheiro, da riqueza. É muito comum hoje ver algumas pessoas ao chegar à
velhice se lamentando dos bons momentos que perderam por que estavam presas ao
trabalho durante toda a vida útil que tiveram. Ser feliz devia ser o primeiro
mandamento na vida de qualquer pessoa. Em muitos casos, a busca pela felicidade
foi transformada na busca por dinheiro. O dinheiro, já faz tempo, virou Deus
para muitos. “E da vida não se leva nada, somente a vida que se leva”.
Todo patrimônio que se conseguiu juntar com tantos sacrifícios fica para a briga
dos outros. Diga a um rico que viver bem é ele servir, dar, repartir, amar e
compreender...
*Foi Professor em Porto Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário