Não roube
(muito), Lula!
Professor
Nazareno*
Não há o que se discutir: Luiz
Inácio Lula da Silva foi eleito em 2022, de forma transparente, pela terceira
vez presidente do Brasil. Agora com mais de 60 milhões de votos no segundo
turno. Ex-metalúrgico de São Paulo, mas com raízes nordestinas, Lula já
governou o Brasil por duas vezes consecutivas. O primeiro mandato foi entre
2003 e 2006 e o segundo foi entre 2007 e 2010. E nas duas administrações, os
escândalos de corrupção do seu governo se tornaram algo banal entre os
brasileiros. O mensalão foi a marca maior do primeiro mandato, enquanto o
petrolão “adornou” as manchetes
diárias no segundo mandato. Os dois casos, no entanto, não atrapalharam em nada
as pretensões políticas do primeiro governo de esquerda que o Brasil teve. Lula
não só foi reeleito como também conseguiu eleger tranquilamente Dilma Rousseff
em 2010 e reelegê-la em 2014.
Apesar de não ser um principiante na
administração do país, Lula aparece outra vez como uma nova esperança para
muitos brasileiros. Ele teve o crédito de, dessa vez, derrotar o Fascismo
bolsonarista e livrar o Brasil de uma longa noite que durou quatro anos de
ataques à democracia, às instituições e ao bom senso. E mesmo tendo sido eleito
com uma diferença muito pequena de votos, menos de dois por cento em relação ao
seu adversário, o ex-metalúrgico vai precisar trabalhar de maneira bem
diferente do que fez nos seus mandatos anteriores. Isso se não quiser a volta
do obscurantismo, da devastação do meio ambiente e de tudo de ruim que o país
passou no último governo. Se não fizer as coisas direito, em 2026 o Fascismo
voltará com mais força ainda. Em primeiro lugar, Lula não devia roubar e “nem deixar roubar” nesse seu atual
governo como já aconteceu antes.
Depois, não pode falar em herança
maldita. Afirmar que o governo anterior deixou o país em frangalhos, não cola
mais. No Brasil, de um modo geral todos os governantes assim que assumem o
poder, colocam logo culpas no seu antecessor. Ora, quando eram candidatos todos
sabiam de cor e salteado como o país estava sendo governado. Portanto, já
deviam estar preparados para resolver todos os problemas herdados. Assim, nada
de desculpas esfarrapadas. Além do mais, Lula não roubando e nem deixando
roubar um só centavo de dinheiro público, pode até sobrar alguns recursos, já
que o Brasil é um dos países mais ricos do mundo. Investir em educação de
qualidade, combater a desigualdade social, acabar com a fome, taxar as grandes
fortunas, implantar o Socialismo e não fazer acordos espúrios com o Centrão nem
com parlamentares ladrões já seria um bom começo.
O novo governo deveria também acabar
com o latifúndio improdutivo, o garimpo ilegal, a especulação financeira e as
agressões à natureza. O Brasil precisa urgentemente deixar de ser um pária
internacional e se inserir na nova ordem mundial. Os “patriotários”
precisam também sair imediatamente da frente dos quartéis e começarem a fazer
oposição séria e responsável ao novo governo. Aceitar a derrota é uma das
principais características de toda democracia. Sendo bem vigiados, Lula, o PT e
seus aliados não vão roubar (tanto) como fizeram anteriormente. O pior é que
assim como o Bolsonaro, Lula pode ser apenas mais uma marionete nas mãos da
elite nacional, que sempre ditou as regras do jogo. E certamente ele já o foi,
pois os banqueiros, por exemplo, nunca ganharam tanto dinheiro dos brasileiros como
nos governos petistas. E também o agronegócio, as empreiteiras, doleiros,
especuladores. Se roubar, Lula devia roubar menos. Roubando muito seria pego.
*Foi
Professor em Porto Velho*
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