Os combustíveis
estão baratos
Professor
Nazareno*
Com o último
aumento do preço dos combustíveis, a chiadeira no Brasil inteiro foi geral. Até
aí, nenhuma novidade, pois sempre que a Petrobras anuncia um novo aumento, todo
mundo reclama só nos primeiros dias e depois aceita tranquilamente a realidade
e paga sem mais reclamar pelo reajuste. A paulada agora foi de quase 20 por
cento para a gasolina, 25% para o diesel e 16% para o botijão de gás de 13
quilos. Muitas autoridades, que geralmente não pagam para abastecer seus carros,
fingem ficar muito preocupadas com a majoração. Fazem reuniões, inventam
auxílios disso e daquilo, convocam assessores, fazem discursos inflamados e
depois tudo volta à normalidade pelo menos até o próximo aumento. O que muita
gente não sabe é que o preço atual dos combustíveis está bem abaixo do que em
outros anos. Senão vejamos:
O preço médio de um litro de
gasolina hoje, por exemplo, está por 7,80 reais depois desse aumento. Em 2004,
época em que o Lula e o PT governavam o país, o preço de um litro de gasolina
era em média 1,98 reais. Pois bem, o salário mínimo do Brasil atualmente está
1.212,00 reais. Em 2004 o menor salário era 260,00 reais. Um salário mínimo de
hoje dá para comprar quase 156 litros do combustível. Em 2004 só compraria 130
litros, ou seja, bem menos. Para equiparar os preços de hoje aos de 18 anos
atrás, o justo seria cobrar agora pelo menos 9,22 reais pelo litro da gasolina.
Com a botija de gás de 13 quilos aconteceu a mesma coisa. Em 2004 ela custava
30,47 reais, por isso hoje deveria estar custando pelo menos 150 reais. O
brasileiro reclama de tudo. Se a gasolina fosse de graça, todos iriam reclamar
que não estão levando até suas casas.
O maior problema, no entanto, é o
salário que não aumenta com essa mesma frequência. Além do mais, as desculpas
dadas convencem cada vez mais os fanáticos, que são seguidores desse ou daquele
político. Antes, os combustíveis estavam caros por causa da pandemia, agora é
por causa da atual guerra na Ucrânia. E o drama só aumenta em um ano de
eleições como este que estamos vivendo. Temos um presidente muito fraco,
dominado e incompetente. Bolsonaro já disse que não manda na Petrobras e que
nada pode fazer pelos brasileiros. Aumenta a gasolina, aumentam automaticamente
todos os outros produtos e assim a inflação perde o controle. Parece até que a
Petrobras não é do povo brasileiro e sim dos acionistas e dos investidores
internacionais. Mas se o salário mínimo do Brasil fosse alto e tivesse um poder
aquisitivo maior, ninguém falava.
Todo governante deveria estar preocupado com o povo que o
elegeu e não permitir os abusos de estatal nenhuma. Porém, nem Lula nem
Bolsonaro, nem nenhum outro presidente, se preocupou com os mais pobres. Nunca
houve um governo no Brasil em que os ricos e poderosos não se beneficiaram e
foram privilegiados. Eles geralmente se preocupam somente em se manter no
poder. Lula e o PT saquearam a Petrobras. Todo mundo sabe disto. Já o Bolsonaro
deu poderes demais a ela. E a situação fica sem comando. Se a Petrobras
derrubou Lula e o PT, ela pode “não
permitir” a reeleição do “Bozo”. O
fato é que não se podem aplaudir os preços exorbitantes dos combustíveis. Muito
menos “livrar a cabeça” desses
políticos. Isso se chama mau-caratismo, pois raros cidadãos são acionistas da
estatal. Cozinhar a lenha, andar a pé e passar fome será a nova realidade de
muita gente pobre. O presidente devia abastecer o carro num posto.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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