Petrobras para
presidente
Professor
Nazareno*
Este ano de 2022
tem eleições para presidente da República. A disputa é grande e está muito
polarizada principalmente entre o atual ocupante do cargo, o presidente Jair
Bolsonaro da extrema-direita e o ex-presidente Lula da esquerda, que lideram
todas as pesquisas até aqui. Porém, uma terceira via vem se organizando a duras
penas para também concorrer ao pleito. O ex-juiz Sergio Moro, a senadora Simone
Tebet do Mato Grosso do Sul, o governador paulista João Dória e Eduardo Leite
governador gaúcho, dentre tantos outros, são candidatos e também alimentam
esperanças de ocupar o palácio do Planalto. No entanto, a principal promessa
dessa terceira via é a Petrobrás, a poderosa estatal do petróleo que sempre teve
muito poder, manda em tudo sem ser incomodada. Durante o governo do Lula
roubaram-na, mas esse escândalo castigou os petistas ladrões.
E o Bolsonaro corre sérios riscos de
não se reeleger nas próximas eleições por causa dos constantes aumentos de
preços dos combustíveis. O país inteiro entra em polvorosa quando, por conta
própria, a estatal anuncia novos reajustes. E quem determina esses aumentos
escorchantes contra todo o povo brasileiro é a própria estatal e não o governo.
O “Mito” dos brasileiros já disse
publicamente que não manda na Petrobras nem na sua política de preços, embora o
Estado seja o maior acionista dela. Assim, é o presidente quem nomeia ou demite
o chefe maior daquela repartição. Ou seja, diante da estatal do petróleo, o
presidente do país é uma espécie de “Zé
Ninguém”, pois está de mão atadas e nada pode fazer. O Conselho de
Administração é quem de fato manda. É esse conselho que determina a política de
preços no país inteiro. Paga quem pode e ponto final.
Com tanto poder assim, a Petrobras
deveria ter um candidato próprio à Presidência da República. De tão importante
que é, ninguém ganharia tantos votos. A estatal, no entanto, vive um drama
freudiano: não é totalmente pública nem privada. E parece que ela é uma empresa
do primeiro mundo e de países ricos, pois nota-se que ela não se preocupa com o
drama dos cidadãos brasileiros mais pobres. Aumenta seus preços sem se
incomodar com a inflação nem com a miséria e a fome que advêm para o país. As
consequências dos reajustes é problema dos consumidores. Por isso, seus acionistas
estão nadando em dinheiro. Só no ano de 2021 os lucros foram de quase 107
bilhões de reais. E como raríssimas autoridades desse país pagam do próprio
bolso para abastecer os seus carrões, o martírio deve continuar ainda por muito
tempo. Estamos é lascados desse jeito.
Até os caminhoneiros, que se dizem
politizados, são reféns da estatal. Pagam o preço que ela cobra pelos
combustíveis e não têm coragem de parar o país. Muitos deles vão parar por que
não têm como pagar para abastecer seus caminhões. Ou seja, vão mudar de ramo.
As reclamações são feitas só nos dois primeiros dias. Depois vem a aceitação
pacata sem nenhum pio. E a lorota de que a elevação dos preços dos combustíveis
é por causa do mercado internacional não cola, pois quando o preço do barril de
petróleo sobe lá fora, rápido aumentam os preços aqui dentro do país, mas
quando esse valor cai, como agora, os preços não diminuem. O próprio presidente
Bolsonaro, desolado e triste, disse isso esta semana. A Petrobras manda no
presidente, manda no mercado, manda no STF, e até no Ministério Público, que
quer indagar o presidente por causa das críticas que ele teria feito à política
de preços da estatal. E para presidente, vote na Petrobras, a poderosa!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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