Luto: “Bozo” em
Rondônia
Professor
Nazareno*
A cada dia
que passa, tem-se a certeza de que Rondônia é mesmo um lugar “sem eira nem beira”. Província
subdesenvolvida, distante e atrasada, eis que agora o insólito buraco tem a
suprema e infeliz (des) honra de receber ninguém menos que o presidente da
República. Uma espécie de “segunda pessoa
do quase nada”, o “Bozo” virá às
terras karipunas em um momento de plena campanha para a sua reeleição ao
Palácio do Planalto. Diz que vai receber outra figura tão apagada quanto ele: o
desconhecidíssimo presidente do Peru, cujo nome nenhum rondoniense de raro
conhecimento sabe. Se for só para pedir o voto dos tolos e deslumbrados
eleitores locais, o “Mito” deveria
ter evitado mais esta decepção em sua obscura vida pública. Mas se fosse para
receber Joe Biden, Emmanuel Macron ou Olaf Scholz o sacrifício de vir a
Rondônia valeria a pena.
Não
se sabe até agora o que diabos um sujeito de nome José Pedro Castillo tem a
oferecer aos rondonienses. Só se for pirarucu seco, farinha puba e balinhas de
cupuaçu. Aparecer numa triste foto junto com Jair Bolsonaro e Marcos Rocha deve
ser o maior desgosto para quem se diz ser um chefe de Estado. Coitado do presidente
peruano! Em Rondônia, “Bozo” pode até
ser muito útil para os modestos desejos do lugar. Incentivar que toquem fogo
ainda mais, no próximo verão, nas florestas nativas daqui poderia ser uma boa
pedida para um presidente que pouco ou nada tem feito para preservar o meio
ambiente. Bolsonaro poderia criar o prêmio “motosserra
de ouro” ou mesmo gratificar aquele que mais incendiasse as matas. O
criminoso garimpo de ouro no rio Madeira, com toneladas de mercúrio envenenando
as pessoas e a natureza, podia ser encorajado.
Do alto de
sua rara inteligência e de seus notórios conhecimentos em medicina, o
presidente poderia sabotar ainda mais as vacinas e exigir que as crianças rondonienses
não fossem mais imunizadas contra a Covid-19. Além de também mandar fuzilar a “petralhada” daqui, o apagado mandatário
brasileiro deveria estimular as aglomerações e o contato social entre os seus
politizados eleitores. Porém, um encontro com Txai Suruí seria o máximo. Se
dispusesse de tempo, a jovem, bela e popular indígena poderia falar com o chefe
da nação sobre a participação de ambos na COP26. O prefeito Hildon Chaves
poderia também ser útil durante esta visita. Levaria a “comitiva dourada” para conhecer os projetos de arborização da
prefeitura municipal e visitaria todas as obras de esgoto, mobilidade urbana e
de água tratada que está fazendo para os porto-velhenses.
Bolsonaro e
o peruano ficariam de “boca aberta” e
“muito entusiasmados” se pudessem
visitar as prometidas obras eleitoreiras da rodoviária e do novo “açougue” de Porto Velho. “Para ganhar o voto dos otários, as
autoridades de Rondônia e de Porto Velho não medem esforços”, diriam os
dois grandes estadistas sul-americanos em raro encontro no Palácio Rio Madeira,
a mais nova sede do poder no Brasil. Rondônia, Brasil e Peru: será que é uma
futura ordem mundial se desenhando? China, Rússia, Estados Unidos e União
Europeia que se cuidem. E se não confundir Rondônia com Roraima, o “Bozo” pode até virar estátua nestas
sinistras terras. Um tipo de encontro desnecessário em que todos perdem. Luto:
a infeliz data será considerada como um dia de infâmia e de vergonha para o
Estado. Que privilégios terá o tosco povo daqui em ver dois decadentes
políticos? E o que ganhará? Cloroquina e Ivermectina para a Covid-19?
*Foi Professor em Porto Velho.
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