Bolsonaro, Putin
e Hitler
Professor
Nazareno*
Esses três
cidadãos, dois dos quais ainda vivos, são como três grandes abortos da
natureza. Só tristeza, mortes, caos, infortúnios, desgraças e tudo de ruim
trouxe e ainda trazem para quem conviveu e ainda convive ao redor deles. Suas
aspirações ditatoriais, suas ambições, a inércia e o descrédito de seus
opositores e principalmente a ignorância popular podem tê-los conduzido ao
poder de seus respectivos países. “Todo
mal deve ser cortado pela raiz”, assim diz o ditado popular. Se não
impusermos limites a um filho nosso, por exemplo, ele vai se criar pensando que
pode fazer tudo e depois que cresce é tarde demais para impedir suas nefastas e
maléficas ações. E assim aconteceu e ainda está acontecendo com cada um destes
três seres humanos. Só que cada um ao seu tempo e dentro da realidade de seus
respectivos países. Os dois primeiros são amigos.
Sob o ponto de vista de suas ações à
frente do poder, os três têm muitas coincidências. Todos eles foram
inicialmente subestimados e não levados muito a sério por quem poderia ter
interrompido o rosário de desgraças e amarguras que semeou e semeiam ao longo
de suas vidas. Da extrema-direita, Jair Bolsonaro, o atual presidente do
Brasil, poderia ter sido barrado muito antes de ter chegado à presidência do
país. O “Bozo” elogiou publicamente
um torturador durante o golpe que deram na ex-presidente Dilma Rousseff e nada
aconteceu com ele. Recebeu 57 milhões de votos e se elegeu. Suas falas
misóginas, homofóbicas, racistas e preconceituosas sempre foram levadas na
brincadeira. Seus ataques às instituições da República em especial ao STF e aos
seus ministros só criaram e ainda criam crises institucionais. Bolsonaro
precisa ser contido.
O ovo da serpente precisa ser
quebrado antes de chocar. Se Adolf Hitler tivesse sido parado no começo, o
mundo não teria presenciado o Holocausto e a morte de mais de 60 milhões de
pessoas. Os países aliados não acreditavam que Hitler chegaria aonde chegou.
Depois da Primeira Guerra Mundial ele rearmou a Alemanha, pregou mentiras,
perseguiu minorias e finalmente chegou ao poder. Anexou a Áustria (Anschluss)
em 1938 e praticamente não teve oposição de nenhum outro país. A seguir, anexou
os Sudetos da Checoslováquia e enganando a todos, disse que pararia por ali. As
potências europeias e os Estados Unidos iam permitindo todos os avanços do
nazista, pois acreditavam nas palavras do Führer até que por fim ele invadiu a
Polônia dando início à Segunda Guerra. E Hitler só cresceu por causa da inércia
de quem poderia tê-lo parado.
A mesma coisa está acontecendo com
Vladimir Putin da Rússia. O tempo todo ele dizia que não iria invadir a Ucrânia
e que o Ocidente estava com histeria. Em 2014 ele anexou a península da Crimeia
ali “nas barbas” das potências
europeias e dos Estados Unidos. A seguir reconheceu as províncias ucranianas de
Lugansk e Donetsk com o pretexto de garantir a paz na região e logo a seguir
invadiu toda a Ucrânia. Pior: faz ameaças contínuas a quem se envolver no
conflito. E não vai parar por aí: já ameaçou a Finlândia e a Suécia caso esses
países se filiem à OTAN, a organização militar dos países ocidentais. Putin
ameaça também as nações da ex-União Soviética e pode invadi-las ou anexá-las. Na
contramão da política externa do Brasil, Jair Bolsonaro já prestou
solidariedade ao ditador russo. O mundo não aprendeu nada. Não se deve dar
créditos a ditadores lunáticos. O mal deve ser cortado pela raiz. Depois pode
ser tarde.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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