O “Bozo” dará um golpe?
Professor
Nazareno*
O atual
presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, nunca foi admirador de nenhum
regime democrático. E também jamais escondeu isto de ninguém. Ex-capitão
expulso do Exército por indisciplina, ele ficou pelo menos sete mandatos na
Câmara dos Deputados como deputado federal pelo Rio de Janeiro e durante esses
28 anos nada fez a não ser defender a nefasta Ditadura Militar e o golpe de
março de 1964, além de desmerecer por completo a democracia e todos os seus
líderes. Bolsonaro enalteceu torturadores do regime militar como Carlos
Brilhante Ustra e em todas as suas entrevistas nunca escondeu sua simpatia e apreço
pela tortura aos opositores, ojeriza às instituições democráticas e ao comunismo.
Ele também se mostrou racista, homofóbico e misógino. Apesar de tudo isso, em
2018 foi eleito com mais de 57 milhões de votos.
No poder, já com quase três anos de
mandato, Jair Bolsonaro de um modo geral também pouco ou nada fez em benefício
dos brasileiros. Neste tempo, o presidente só se preocupou com a sua reeleição.
Assim, incitou o ódio aos oposicionistas, continuou atacando o STF e seus
ministros, cortou direitos adquiridos de muitos brasileiros e menosprezou várias
vezes a democracia em suas desastradas falas. Com pouca ou nenhuma leitura de
mundo, o “Bozo” não conseguiu e nem
consegue entender até agora que num regime democrático a governança de uma
sociedade é exercida basicamente entre os três poderes constituídos. No entanto,
com medo de uma possível punição pelo Poder Legislativo e para não ser cassado,
comprou com dinheiro público muitos parlamentares do Centrão, grupo odioso e
imoral de políticos corruptos e fisiologistas.
Acusado pela oposição de ser o
principal responsável pela morte hoje de quase 500 mil pessoas durante a
pandemia do Coronavírus no Brasil e com sua popularidade derretendo todo dia, o
presidente se vê acuado e aos poucos “vai
mostrando as garras” e desnudando de uma vez por todas suas intenções ditatoriais
e antidemocráticas. Com suas ações toscas, Bolsonaro infantilmente provoca as
Forças Armadas, participa de aglomerações de pessoas, não usa máscara e deixa
claro que não vai largar o poder tão fácil assim, mesmo que perca as eleições
no próximo ano. Se essas eleições fossem hoje, ele perderia feio para o Lula.
Mas como Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e já escorraçado do
poder, o “Bozo” vai certamente
inventar uma desculpa qualquer para não deixar o Planalto. Mesmo que isso implique
o fim da democracia.
Bolsonaro nunca teve apreço nenhum
pelas liberdades. Por isso faz ameaças para continuar no poder. Inventa, sem
nenhuma prova, que as urnas eletrônicas não são confiáveis e que o Brasil deve
adotar de novo o voto impresso. Um retrocesso absurdo. O “Bozo” disse que nos Estados Unidos, por exemplo, as eleições em que
o Trump perdeu foram fraudadas. Só que lá não existe o voto eletrônico. Até
agora não se sabe se as Forças Armadas do Brasil, uma instituição de Estado e
não de governo, vão avalizar uma aventura irresponsável do presidente. Um golpe
de Estado e o fim da nossa jovem democracia podem estar sendo tramados à nossa
vista. Como dificilmente ele evitará uma derrota quase certa numa eleição livre
e limpa em 2022, fica mais do que claro que pode tentar golpear nossas
instituições democráticas para permanecer no poder. Só resta saber se o mundo
civilizado também concordará. E ele ficará no Planalto ou na cadeia?
*Foi
Professor em Porto Velho.
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