Democracia em
perigo
Professor
Nazareno*
Sir Winston Churchill
teria dito que a democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras
formas. Ou seja, sem democracia não se consegue governar um povo de forma
correta, coerente e justa. No Brasil, o nosso regime democrático é muito jovem
se comparado a outros países civilizados do mundo. Temos hoje somente 35 anos
de democracia, conquistada “há pouco
tempo e a muito custo”. Só que nos 520 anos de História do nosso país, esse
é o maior período ininterrupto com este regime. Desde 1985 com a saída
espontânea do regime militar e o fim de 21 anos de arbítrio com torturas,
perseguições, assassinatos e eleições indiretas, que vivemos ares de maior
participação popular nas decisões governamentais. Mas a nossa jovem democracia
corre perigo. Com a vitória da extrema-direita em 2018 com Jair Bolsonaro,
tempos bicudos se anunciam.
Para tentar se livrar
da roubalheira e da corrupção do PT e de suas quadrilhas, o eleitor brasileiro
optou por conduzir ao poder maior da nação um grupo de políticos inexperientes
e acusados de ter um viés fascista e antidemocrático. Jair Bolsonaro foi eleito
com 57 milhões de votos mesmo não escondendo de ninguém a sua admiração por
torturadores e por golpistas. Suas declarações absurdas e atemporais, antes e
depois das eleições, apontavam e ainda apontam para um regime de exceção. Mas a
nossa democracia tem resistido e demonstrado que grande parte da população
brasileira não aceita regimes antidemocráticos e de exceção. Os três filhos do
presidente assim como alguns dos seus mais fieis seguidores têm demonstrado em
declarações que “o ideal” para o
Brasil e para os brasileiros de um modo geral seria a volta dos anos de chumbo.
Tanto um dos filhos do
presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, como o Ministro da Economia
Paulo Guedes já se referiram ao temível AI-5 como uma forma “viável” e também “possível” de se governar o país. Em Rondônia, ainda em 2017, o
atual prefeito Thiago Flores de Ariquemes e mais sete vereadores da cidade tentaram
iniciar a volta da censura ao propor rasgar páginas de livros escolares que
continham ideologia de gênero. Agora, com a história muito mal contada da “lista de livros proibidos pela Seduc/RO”
o tema da censura, do obscurantismo e do índex volta a rondar a nossa frágil
democracia. Neste caso, ainda não se sabe quem está falando a verdade. Porém,
as respostas a todas estas iniciativas monstruosas foram pontuais. Os fascistas
recuaram e por enquanto nossa frágil democracia resiste e continua existindo.
Tanto no Brasil como em
Rondônia, “a cadela do fascismo continua
no cio” à espera de dar o bote. Se a sociedade titubear, se os defensores
da democracia não estiverem atentos, o tempo pode fechar e a volta à “longa noite de terror” será apenas uma
questão de dias ou meses. “Infelizmente esses talvez não sejam episódios
isolados de ataques à democracia e à nossa sociedade. Já se vê isso desde o
primeiro dia do governo Bolsonaro. E em todos os Estados e cidades governados
por essa gente não é diferente. Paulo Freire, educador de renome internacional,
virou algoz dos atuais governantes. A cultura do país foi demonizada. Autores e
atores viraram inimigos da nação! Não há ninguém fora do círculo governamental
que valha alguma coisa, que seja valorizado. Como nas mais cruéis e
sanguinárias ditaduras, foram todos linchados e elevados a inimigos do Estado”. O ovo da serpente está para eclodir. Alerta,
portanto!
*Foi Professor em Porto Velho.
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