"Escolas sem sentido"
Professor
Nazareno*
Ainda faltam
quase dois meses para o “Estimado Líder”
tomar posse na Presidência do Brasil e os seus “lambe-ovo” estão excitados para ver as muitas mudanças que ele
prometeu durante a campanha eleitoral. Uma dessas é a “escola sem partido”. Acreditam que o problema das nossas escolas é
o ideológico. O Brasil figura entre as dez maiores potências econômicas do
mundo há mais de 50 anos e tem um dos piores sistemas de educação dentre os
países desenvolvidos e em desenvolvimento. Não foi o PT sozinho ou qualquer
outro partido ou governo que destruiu o nosso falido sistema educacional. Foram
todos eles juntos. Desde a chegada de Cabral que nunca se investiu em educação
de qualidade por aqui. Esse privilégio é só para poucos. Para os pobres, somente
escolas velhas e podres que quase nunca ensinaram nada a ninguém.
Agora com a
eleição de um candidato da extrema-direita no país, volta ao debate a função do
professor e das escolas. Pura sacanagem. Só hipocrisia mesmo. Quase ninguém
neste país se interessou pelo ensino e pelas escolas. Não se destrói o que
sempre esteve destruído. Além do mais, a escola tem que ser a última trincheira
do saber. E o projeto “escola sem partido”
é um retrocesso dos mais notáveis uma vez que querem limitar ainda mais a
função dos professores e das próprias escolas. Querem trocar uma ideologia por
outra. Coisa de otários, de imbecis mesmo. Não tem nenhum problema se a escola
tem orientação marxista ou de qualquer outra tendência político-
ideológica. A escola tem que ser a
última trincheira do conhecimento. Um lugar em que se discute de MERDA a
FOGUETE. E é um lugar muito bom de se fazer política, sim.
Marx, Nietzsche, Gramsci, Drummond, Rui
Barbosa, Jesus Cristo, Sócrates, Platão, Aristóteles, Pablo Vittar, Lula e
Bolsonaro. É um lugar para se debater tudo. Todas as tendências sociais,
políticas, econômicas e religiosas. Da direita, da esquerda, do centro, de
cima, de baixo, de dentro e de fora. Se não se puder discutir política na
escola, isso já é em si uma discussão política e uma posição ideológica: a
neutralidade. Política se faz em todos os lugares, principalmente nas escolas.
O professor é um ser político por excelência. Quem não concordar com ele e com as
suas ideias, que traga os seus argumentos para o debate. Assim todos terão acesso
ao contraditório e todos aprenderão. Não se deve ter medo de debater nada.
Atenção professores reacionários e defensores da “escola sem partido”: não reduzam ainda mais a importância da escola.
Os senhores
sabem muito bem que o único lugar onde não se podia debater política era nos porões
do DOI-CODI e durante os interrogatórios antes de se começar uma sessão de torturas
durante a ditadura militar. Toda escola tem que ser multifacetada e plural na
sua ideologia. Nada de se militarizar escolas já existentes. Que se criem mais
escolas militares com esse objetivo. Uma vergonha que a discussão não seja
outra: a transformação de todas as escolas deste país em “escolas de tempo integral” como é nos países desenvolvidos do mundo
civilizado. O Brasil precisa melhor o seu ensino para chegar pelo menos ao seu
primeiro Prêmio Nobel. Escolas de excelência para todos: pobres e ricos. Com
isso, não haveria necessidade de cotas e certamente os serviços públicos
melhorariam juntamente com toda a sociedade. Mas em vez disso, preferem ficar
discutindo tolices. Escolas com e sem partido. E o aluno escolhe uma. Ou as
duas.
*É
Professor em Porto Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário