Bolsonaro na
cabeça
Professor
Nazareno*
O Brasil passa
de novo por algumas dificuldades. Na política vivemos o Armagedon. E como esta
é a mais importante das ciências, claro que as outras áreas podem também ser
afetadas pelo caos. Podem, mas não serão. O fim do suplício dos brasileiros já
tem nome e data. Jair Messias Bolsonaro pode ser eleito o novo presidente do
país a partir de 2018. Bolsonaro é o tipo de político “que também não é político” e por isso encanta grande parte do
eleitorado brasileiro. Militar da reserva do Exército e deputado federal já
pela sexta vez, o mais novo líder desponta nas pesquisas de opinião como
presença certa e talvez até vitoriosa no segundo turno das próximas eleições.
Com um discurso messiânico e afiado, “Bolsomito”
encanta multidões por onde passa: jovens principalmente e também os velhos
saudosistas dos “áureos tempos” entre
1964 e 1985.
No poder, certamente ele reconduzirá
o Brasil para a modernidade e as nações mais ricas e prósperas do mundo ficarão
com inveja do nosso país. Internamente haverá uma verdadeira revolução nos
costumes e nas práticas cotidianas. Muitas coisas do “melhor período da nossa História” voltarão a ser realidade.
Bolsonaro recriará o DOI-CODI para a euforia geral. Esquerdistas inconsequentes
não terão vez nem voz com ele. Opiniões todos terão, mas só com
responsabilidade e altivez. Em todas as unidades da federação haverá
escritórios e fiscais que acompanharão os passos de todos. É o Estado
preocupado com o bem estar do cidadão comum, coisa tão boa, mas que há mais de
três décadas não acontece. Televisão, sites e a mídia de um modo geral serão orientados
para participarem do crescimento do país e para respeitar os novos métodos
implantados.
Na área da segurança pública não
haverá mais violência, pois será criado o Ministério da Justiça com as Próprias
Mãos. E como o brasileiro comum entende muito bem de leis e de Direitos Humanos
essa nova pasta será um sucesso. Na Educação, todas as escolas serão
militarizadas. O pioneiro e bravo exemplo de Rondônia será levado para todo o
país. Acho que nosso Estado terá representante na Esplanada dos Ministérios.
Usar fardamento e cantar o hino nacional diariamente elevará o nível das nossas
escolas e dos nossos alunos. Além do mais, como os militares já resolveram o
problema da violência, nada mais louvável do que responderem também pela
Educação. O Conselho Nacional dos Direitos Humanos será, claro, extinto. O
comunismo será crime e o país voltará a ter a Lei de Segurança Nacional e os bons
Atos Institucionais.
Na Saúde,
Rondônia proporá a ele a “joãopaulinização”
de todos os hospitais e clínicas do país, já que o modelo por aqui sempre deu
certo para todos os cidadãos, principalmente aqueles mais pobres e carentes. O
nosso novo presidente terá um blog e a cada seis meses viajará para a Europa de
férias, já que ninguém é de ferro. E tudo com a aprovação dos políticos mais
chegados. Para alegria de muitos, a Constituição será substituída pela Bíblia e
os homossexuais, LGBT e afins serão proibidos de existir. O Estado não mais
será laico e poetas, professores, blogueiros e intelectuais poderão sofrer “pequenas restrições” em suas atividades.
Para o bem de todos, greves não mais existirão e todas as passeatas e
manifestações serão devidamente controladas pelo Poder Público. O Judiciário ainda
existirá, mas será igual àquele das décadas de 60 e 70. Lava Jato só para lavar
carros mesmo. Ele “prenderá e arrebentará”
quem não votar nele?
*É
Professor em Porto Velho.
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