sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Rondônia, província alemã


Rondônia, província alemã

Professor Nazareno*

            O Estado de Rondônia tem pouco mais de 237 mil quilômetros quadrados de área territorial e uma população inferior a dois milhões de habitantes. A Alemanha tem uma área um pouco maior: 357 mil quilômetros, mas uma população superior a 83 milhões de pessoas, ou seja, quase 50 vezes a população desse Estado brasileiro. O país europeu é uma das maiores potências do mundo e lá tudo é organizado, civilizado e dentro do maior padrão de humanidade que se conhece enquanto em Rondônia tudo é uma desgraça só. Por isso, o governo do Brasil deveria entregar esta unidade da federação para os germânicos administrarem. Depois eles devolveriam. Será? Quem sabe assim nos livraríamos das tristes sequelas a que já nos acostumamos? O nome do nosso novo governador seria Helmut, Gerhardt ou Wolfgang. Não seria mais chique?
                A capital continuaria sendo a suja e emporcalhada Porto Velho mesmo. Mas teria outra roupagem, claro. Confúcio Moura continuaria respondendo politicamente pelo Estado assim como Hildon Chaves e todos os outros 51 prefeitos eleitos democraticamente. Porém todos eles só observavam como os alemães fazem para administrar e governar um povo. Haveria ainda Câmaras de Vereadores e Assembleia Legislativa bem como o Poder Judiciário e o Ministério Público. Mas tudo só de enfeite mesmo. Os alemães é que “dariam as cartas” em tudo. Os zelosos europeus organizariam toda a falida sociedade rondoniense. A começar pela fracassada Educação. Escolas de tempo integral, limpas, com mini-hospitais, laboratórios, transportes grátis para todos, prática de esportes e professores bem remunerados seriam rotina por aqui.
            Na área da saúde, os novos administradores implodiriam o Hospital João Paulo Segundo. É que a experiência deles com “Campos de Extermínios” não foi muito boa. Médicos renomados ganhando a mesma coisa que outros profissionais seriam rotina. A medicina no Estado seria preventiva e não levaria mais em conta a renda e a classe social do paciente. O aeroporto seria de fato internacional e faria voos para Frankfurt, Berlim e Munique. O esporte seria incentivado e as equipes teriam nomes locais. Nada de Genus ou outro nome ridículo. O funcionalismo público seria todo concursado. Comissionados não existiriam de jeito nenhum. Na mídia, os jornalistas respeitariam os direitos humanos e a democracia. Nenhuma emissora de TV local exibiria programação gravada. Já pensou assistir aos jornais e vê as notícias na hora em que o fato acontece?
            Não haveria rebeliões em presídios e a paz reinava em todas as cidades. Até alguns presídios seriam fechados por falta de criminosos. Violência próxima de zero com uma polícia educada e inteligente seria algo comum. Os rondonienses, muitos deles mal educados e grossos, agora tratariam bem todas as pessoas. Lixo nas ruas? De jeito nenhum. Todos com esgoto e água tratada. Lama e poeira seriam lembranças do passado. Os ares de Porto Velho agora sim, ficariam cheirosos e perfumados. A rodoviária seria limpa e asseada e os igarapés da cidade todos ficariam cheios de peixes e cisnes negros. Mobilidade urbana haveria em todas as cidades. Ninguém venderia votos nas eleições e os eleitos trabalhariam em prol dos mais necessitados. Nada de corrupção. O maior problema seria a depressão que se abateria sobre os rondonienses. Acostumados a toda sorte de desgraças e mazelas, como se adaptar a uma nova vida?




*É Professor em Porto Velho.

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