Rondônia,
província alemã
Professor
Nazareno*
O Estado de
Rondônia tem pouco mais de 237 mil quilômetros quadrados de área territorial e
uma população inferior a dois milhões de habitantes. A Alemanha tem uma área um
pouco maior: 357 mil quilômetros, mas uma população superior a 83 milhões de
pessoas, ou seja, quase 50 vezes a população desse Estado brasileiro. O país
europeu é uma das maiores potências do mundo e lá tudo é organizado, civilizado
e dentro do maior padrão de humanidade que se conhece enquanto em Rondônia tudo
é uma desgraça só. Por isso, o governo do Brasil deveria entregar esta unidade
da federação para os germânicos administrarem. Depois eles devolveriam. Será? Quem
sabe assim nos livraríamos das tristes sequelas a que já nos acostumamos? O
nome do nosso novo governador seria Helmut, Gerhardt ou Wolfgang. Não seria mais
chique?
A capital continuaria
sendo a suja e emporcalhada Porto Velho mesmo. Mas teria outra roupagem, claro.
Confúcio Moura continuaria respondendo politicamente pelo Estado assim como
Hildon Chaves e todos os outros 51 prefeitos eleitos democraticamente. Porém
todos eles só observavam como os alemães fazem para administrar e governar um
povo. Haveria ainda Câmaras de Vereadores e Assembleia Legislativa bem como o
Poder Judiciário e o Ministério Público. Mas tudo só de enfeite mesmo. Os
alemães é que “dariam as cartas” em tudo. Os zelosos europeus organizariam
toda a falida sociedade rondoniense. A começar pela fracassada Educação.
Escolas de tempo integral, limpas, com mini-hospitais, laboratórios, transportes
grátis para todos, prática de esportes e professores bem remunerados seriam
rotina por aqui.
Na área da saúde, os novos administradores implodiriam o
Hospital João Paulo Segundo. É que a experiência deles com “Campos de
Extermínios” não foi muito boa. Médicos renomados ganhando a mesma coisa
que outros profissionais seriam rotina. A medicina no Estado seria preventiva e
não levaria mais em conta a renda e a classe social do paciente. O aeroporto
seria de fato internacional e faria voos para Frankfurt, Berlim e Munique. O
esporte seria incentivado e as equipes teriam nomes locais. Nada de Genus ou
outro nome ridículo. O funcionalismo público seria todo concursado.
Comissionados não existiriam de jeito nenhum. Na mídia, os jornalistas
respeitariam os direitos humanos e a democracia. Nenhuma emissora de TV local
exibiria programação gravada. Já pensou assistir aos jornais e vê as notícias
na hora em que o fato acontece?
Não haveria rebeliões em presídios e a paz reinava em
todas as cidades. Até alguns presídios seriam fechados por falta de criminosos.
Violência próxima de zero com uma polícia educada e inteligente seria algo comum.
Os rondonienses, muitos deles mal educados e grossos, agora tratariam bem todas
as pessoas. Lixo nas ruas? De jeito nenhum. Todos com esgoto e água tratada.
Lama e poeira seriam lembranças do passado. Os ares de Porto Velho agora sim,
ficariam cheirosos e perfumados. A rodoviária seria limpa e asseada e os
igarapés da cidade todos ficariam cheios de peixes e cisnes negros. Mobilidade
urbana haveria em todas as cidades. Ninguém venderia votos nas eleições e os
eleitos trabalhariam em prol dos mais necessitados. Nada de corrupção. O maior
problema seria a depressão que se abateria sobre os rondonienses. Acostumados a
toda sorte de desgraças e mazelas, como se adaptar a uma nova vida?
*É Professor em Porto Velho.
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