Eu defequei na
EFMM
Professor
Nazareno*
Eu nem sabia que a cidade de Porto
Velho estava comemorando seus 102 anos. Pensava que a data comemorativa da
cidade fosse dois de outubro como consta no brasão do município. E como sempre soube que se tratava de uma “cidade cem anos”, não dei muita
importância para o fato. Mesmo assim, fui à festa que a prefeitura organizou
para o evento lá na Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Fiquei encantado
várias vezes com o que vi naquelas bandas. Primeiro, a prefeitura da cidade,
que em outras administrações gastara mais de 11 milhões de reais para embelezar
a dita praça, saiu do marasmo tradicional e não mediu esforços para fazer a
limpeza do local onde seria realizado o grande espetáculo para alegrar a
população municipal, hoje carente de grandes homenagens oficiais. Antes, a
faxina foi geral e feita com afinco.
Caminhões-pipa limpando todos os
terrenos baldios da velha estação. O lodo, já impregnado ao ambiente, sendo
escorraçado a jatos de água. Sabão, detergentes, vassouras, rodos e homens
limpando cada centímetro quadrado daqueles trilhos enlameados e infectos. Cada
bolinha de papel era apanhada e retirada dali. Sacolas de plástico e garrafas pet
eram recolhidas em sacos de lixo. A grama milimetricamente aparada e varrida
dava a impressão de que se tratava de um campo de futebol do Primeiro Mundo
daqueles que só se veem na Alemanha ou na Suíça. Vi montanhas de fezes humanas sendo removidas e limpas a
vassouradas e esfregões potentes. Os trilhos antes retorcidos brilhavam como se
fossem novos. Não sejamos injustos: os dias que antecederam a festa foram
encarados pela prefeitura com uma verdadeira faxina.
Mas como tudo tem que ser criticado,
ouvi algumas pessoas más intencionadas falarem que no outro dia a sujeira
tomava conta daquele lugar. Mentira! Conversas de fofoqueiros e maliciosos. A
Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em Porto Velho estava na manhã do dia
25 de janeiro de 2017 muito mais limpa ainda do que nos dias que antecederam a
grande festa. Disseram os faladores que havia toneladas de lixo esparramado
pelo chão. Papel, garrafas pet, sacos plásticos, preservativos usados, fraldas descartáveis, absorventes femininos
manchados de vermelho, restos daqueles cigarros suspeitos, cacos de vidros e
até fezes humanas. Fico possesso de raiva quando alguém fala estas coisas do
povo de Porto Velho. Não nasci aqui, mas sou “rondoniense de coração” e não admito que falem uma só vírgula
contra qualquer morador daqui.
É claro que ninguém nascido aqui
teria coragem de sujar aquela linda escadinha que foi pacientemente pintada nas
cores azul e branca. Os trens impecavelmente limpos e asseados, as velhas peças
de ferro ainda lustrando e o chão quase sem resquícios da lama que sobrou da
enchente histórica nos convidavam a voltar no tempo para relembrar os áureos
anos da EFMM. O povo de Porto Velho é limpo e asseado. Jamais permitiria
qualquer tipo de sujeira num ambiente histórico daquele. Por isso, dizer que
havia sujeira depois da festa é pura invencionice. Em outras oportunidades e
festas naquele aprazível lugar o povo poderá provar o contrário de tudo o que
se falou dele. Até vendedores de refrigerantes e pipocas alertavam seguidamente
sobra a sujeira. A única coisa desagradável que aconteceu foi comigo mesmo.
Deu-me uma terrível dor de barriga e tive que defecar ali na grama.
Desculpe-me, Porto Velho! Foi sem querer!
*É
Professor em Porto Velho.
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