Medalhas
de um país vira-lata
Professor
Nazareno*
Para alívio de
muitos brasileiros, acabaram os jogos olímpicos do Rio de Janeiro. As “olimpíadas
do fracasso” serviram apenas para mostrar ao mundo as deficiências do
Brasil não só no esporte, mas basicamente em todas as outras áreas. O circo e a
farsa finalmente chegaram ao fim. O papelão começou no distante ano de 2009
quando Lula e o PT tiveram confirmada a vinda destes jogos para o Brasil. A
decepção continuou com uma das piores aberturas de Olimpíadas de que se tem
notícia. Tosca e brega não encantou muita gente além de notórios puxa-sacos.
Com um número ridículo de medalhas, praticamente igual a Londres, o nosso país
não evoluiu em absolutamente nada apesar de longos quatro anos. Fomos
ridicularizados praticamente em todos os esportes de que participamos. Até nos
jogos coletivos mostramos nossa inferioridade.
O complexo de vira-lata do
brasileiro, tão decantado em nossa triste história, deu lugar à síndrome do
fracasso, da ruína e da decepção coletiva. Nem mais no futebol representamos coisa
alguma. O feminino, por quem o país inteiro torceu, só mostrou tristeza e choro.
Marta, ou Morta, e suas amigas não jogam ruim. Elas simplesmente não jogam nada.
Como pode um time inteiro passar mais de 400 minutos sem marcar um único gol? É
um acinte comparar essas jogadoras, que não ganharam nenhuma medalha, a atletas
de ponta de países como Canadá, Suécia e Alemanha. Os brasileiros gostam mesmo
de torcer pela derrota. Depois que descobriram que o país tinha um time de
futebol feminino nos jogos, a seleção não ganhou de mais ninguém. Pior: no
Brasil não existe até hoje um só campeonato desta modalidade. Aqui, só o futebol
dos machos.
No futebol masculino, aliás, que
deveria ser o nosso maior trunfo, foi só desastre e vergonha apesar do ouro que
veio no sufoco. Empatamos com a África do Sul e até com o Iraque. Ganhar da
seleção sub-21 da Alemanha, e nos pênaltis, não é nenhuma façanha. Até o Genus
de Porto Velho no tempo normal ganharia daquele time insosso. Mas em qualquer
aspecto cotidiano não podemos ser comparados aos organizados, disciplinados e
competentes germânicos. Há mais de quatro anos que eles já estão se preparando.
O objetivo maior deles não eram as olimpíadas nem a medalha de prata, mas a
Copa de 2022. Quem realmente gosta do esporte tem é que torcer pela competência,
pelo treinamento com objetividade e pela busca de bons resultados como fazem os
países desenvolvidos e civilizados do mundo. O Brasil é só galhofa e fiasco.
Numa rápida olhada nos 10 primeiros
colocados no quadro de medalhas das olimpíadas do Rio, percebe-se que ficamos
numa posição sem destaque. Nosso país não investe o que deveria em esportes
muito menos em educação de qualidade. Grande parte do dinheiro da sétima
potência econômica do mundo vai para os bolsos e contas dos políticos ladrões,
incompetentes e canalhas. E investimentos nas melhorias ficam só na promessa
como agora. E para felicidade geral, ninguém cobra nada. E ainda querem que as conquistas
venham de graça e aos montes? Este país deve repensar sua política de educação e
esportes para tirar as crianças e adolescentes das ruas e do mundo do crime. O
Brasil não pode ser eternamente o país apenas do presente e do passado.
Precisamos acreditar que temos futuro e ter esperanças nele. A festa acabou: voltemos
agora ao fogão a lenha e à rotina macabra de sofrimento e dor, já que não se
comem medalhas.
*É Professor em
Porto Velho.
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