O Brasil rumo à Idade Média
Professor Nazareno*
Infelizmente sou brasileiro todos sabem,
mas não devia ser. Embora tenha a tristeza e o infortúnio de ter nascido em
terras tupiniquins, odeio a maioria das coisas deste país chinfrim e atrasado.
Tirando a farinha de mandioca, o clima (somente quando chove) e às vezes alguns
amigos e parentes, o que sobra não pode ser jogado no lixo em respeito ao
monturo e à carniça. O Brasil realmente não é um país sério como teria dito o
ex-presidente da França Charles de Gaulle. Não há uma única coisa em que esta
nação tenha se destacado internacionalmente. Nunca ganhamos um Prêmio Nobel, um
Oscar ou qualquer outra honraria que nos faça sentir orgulho de ter nascido
aqui. Até no futebol somos a vergonha mundial e hoje, depois dos 10 X 1,
corremos um sério risco de não participar, por incompetência, da próxima Copa
do Mundo em 2018 na Rússia.
O nosso sistema de educação, por exemplo,
é um dos piores do mundo. Com um turno único, não é nenhuma novidade que amarguemos
os piores resultados quando nos comparam com outras nações mais civilizadas. O
brasileiro comum, diferente de outros povos do mundo, não valoriza o saber, a
ciência, a informação e a leitura de mundo. São mais de 200 milhões de
habitantes e a esmagadora maioria vivendo na escuridão da ignorância e da
estupidez. Muitos deles mal sabem ler e escrever o próprio nome e sobrevivem às
duras penas de migalhas e esmolas que os outros produzem. Falar de Shakespeare,
Fernando Pessoa, Michelangelo, Da Vince, Nietzsche, Sartre, Michel Focault, Simone
de Beauvoir ou mesmo de Machado de Assis é “jogar pérolas aos porcos”.
Quase ninguém vai saber de quem se trata e que contribuição deu à cultura.
No último Enem, o Exame Nacional do
Ensino Médio, uma questão falando sobre Simone de Beauvoir quase fez o mundo despencar
sobre o país. Uma única questão, num universo de 180, despertou a ira de
setores conservadores da política nacional. “O governo está fazendo
doutrinação com a prova”, bradaram infantilmente alguns políticos
ignorantes. Setores do BBB, Bancada da Bala, Bancada da
Bíblia, que juntamente com a Bancada do Boi compõem a
maioria do Congresso Nacional, foram os mais inconformados. Não há desgosto
maior do que viver num país e ser contemporâneo de Marco Feliciano, Silas
Malafaia, Lula, Aécio, Bolsonaro, Eduardo Cunha e tantas outras figuras
sinistras. E o pior é que todos eles são eleitos “entra ano e sai ano”
por eleitores fanáticos. Tremo só em pensar na volta do “barbudo” em
2018.
Não é possível que os brasileiros sejam
tão passivos e acomodados. Será que todos sofremos do Mal de Alzheimer? A nossa
água e a comida diária só podem estar contaminadas com Diazepam, Valium,
Rivotril ou Lexotan. Corrupção de milhões, acordos
espúrios, limitação da ideia de família, retirada dos direitos da mulher, porte
de armas para deputados e senadores, diminuição da maioridade penal, projeto
que anistia dinheiro ilegal no exterior, impostos altos sem contrapartida
social, obras públicas inacabadas, semana de terça a quinta no Congresso, roubalheira
sem fim… E ninguém toma nenhuma providência. Ninguém reage. Isso é um país de
verdade? Que alegria há em residir e pagar altos impostos numa nação desta
qualidade? Para nossa vergonha, o Ministério Público da Suíça disse que se
fosse lá, o Eduardo Cunha já estaria preso. José Maria Marin está. E será extraditado
para os EUA. Meu Deus! Quero morar na Bolívia.
*É Professor em
Porto Velho.
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