Porto
Velho ficará sem símbolo
Professor
Nazareno*
A cidade de Porto Velho, diferente
de muitas outras cidades do Brasil e do mundo, nunca teve um símbolo bonito e
importante que a representasse. Outro dia eu disse em um texto que as Três
Caixas d’Água não serviam para representar uma capital de Estado. A chiadeira
foi geral e quase fui escorraçado da cidade por ter constatado o óbvio. Se
tivéssemos um prefeito ou uma autoridade que gostasse mesmo deste lugar, aquele
trambolho desajeitado, feio e estúpido já teria sido implodido há muito tempo.
E nem precisou de muito esforço para que a homenagem àqueles “três paus de
jumentos emparelhados” fosse chamuscada: a nova sede da Assembleia
Legislativa do Estado de Rondônia jogou a pá de cal para sepultar a visão do
horroroso e sinistro monumento. Coisa que nem um hotel cinco estrelas
conseguira na “áurea época das vacas gordas”.
Para quem entra na cidade, vindo da
zona sul pela Avenida Rogério Weber ou adjacências, a visão não deixa nenhuma
dúvida: uma das três caixas, a da direita, está totalmente encoberta pela nova sede
da casa legislativa de Rondônia. Ou seja, o IPHAN/RO, que antes embargou a
construção de um hotel cinco estrelas de renome internacional por causa do
lúgubre monumento, desta vez “passou batido” com a inusitada situação e
por isso perdeu a oportunidade ímpar de entrar para a História daqui, do Brasil
e talvez até do mundo: impedir a construção de uma Assembleia Legislativa por
motivos estéticos e patrimoniais. Além do mais, teria colocado “um monte de
ferro velho imprestável” numa cadeia de importância maior do que uma ALE.
Que falta faria ao povo a nova sede de um poder como o Legislativo de Rondônia?
São raras as pessoas que gostam da “capital
dos destemidos pioneiros”. Muitos dos que aqui nasceram têm vergonha de sua
certidão de nascimento. Só alguns que para cá vieram e estão enchendo “as
burras” de dinheiro, que ainda têm coragem de dizer que são “filhos de
coração” desta terra já há muito amaldiçoada por todos os demônios do
inferno. Satanás é o protetor de Porto Velho, a capital de Rondônia. Nem Deus
nem nenhum outro santo ou entidade celestial quer representar lugar tão
bagunçado e fedorento. Até os amazonenses, que gastaram mais de um bilhão de
reais para fazer uma ponte, não querem negócio com Rondônia e nem sua imunda e
suja capital. A maioria deles não quer se ligar ao restante do Brasil passando
por este Estado via BR-319. Muitos manauaras nem participaram das manifestações
pedindo a reabertura da estrada.
As eternas carcaças dos viadutos do
PT, a ponte escura, o Espaço Alternativo inacabado, o “teatro dos cupins”,
o cemitério de locomotivas, as imundas e fétidas valas abertas no meio das
ruas, a sujeira e a carniça bem que poderiam simbolizar a “cidade das
hidrelétricas” em vez de monstruosas e inúteis caixas d’água enferrujadas
agora escondidas por outra feia e também imprestável construção. Até as
comemorações do Natal em Porto Velho são de arrepiar o Demônio. Quem não se lembra
daqueles pneus velhos e pintados que mais se pareciam “cocô de monstro”
espalhado no meio das ruas? Será muito difícil quebrar esta maldição que paira
sobre a “capital das sentinelas avançadas”. E parece que nada resolve o
caos, já que ninguém quis “abraçar Porto Velho”. Nós, os “500 mil
matutos num canto só”, precisamos de bons líderes que nos deem a dignidade
que nunca tivemos. Será que em 2016 vamos prorrogar essa agonia?
*É Professor em Porto Velho.
*É Professor em Porto Velho.
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