Tsunami
em Porto Velho?
Professor
Nazareno*
A notícia é bem
recente. No início deste mês de novembro de 2015 em Manaus, o Doutor em
Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, Philip Fearnside,
advertiu durante uma audiência pública que a falta de uma avaliação séria antes
do início das obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio na calha do rio
Madeira pode levar ao rompimento total dos dois projetos trazendo consequências
inimagináveis para uns 30 por cento da população de Porto Velho em Rondônia. “Além
dos colossais impactos ambientais causados à região, essas construções podem
não aguentar as futuras enchentes devido às mudanças climáticas”, disse o
estudioso. Ora, se uma tragédia dessa ocorrer, nada acontecerá a ninguém, pois
os consórcios das usinas são competentes e sempre mostraram preocupações com o
bem-estar da população.
Fala-se em 50 mil mortos e em
grandes prejuízos, mas é tudo bobagem. Os consórcios e autoridades têm infraestrutura
suficiente para evacuar toda a população em tempo recorde. Diferente de outros
países do mundo onde os governantes evacuam nas pessoas e não resolvem nada,
aqui qualquer problema será resolvido de imediato sempre visando à segurança de
todos os atingidos. Mas pensando bem: uma catástrofe dessa natureza poderia até
ser algo bom para a capital dos rondonienses. Já pensou se as águas caudalosas
do Madeira levassem o Palácio Presidente Vargas para as profundezas? Não
haveria coisa melhor, já que não faria nenhuma falta. E se conseguissem
destruir a Assembleia Legislativa do Estado durante uma de suas sessões
ordinárias? Seria um êxtase. Pena que o lodaçal não conseguiria chegar à Câmara
de Vereadores da cidade.
Além do mais, essa capital está
precisando mesmo de uma boa lavada. Em que cidade deste país se encontra tanta
podridão e tanto lixo acumulados? E seria uma oportunidade única para destruir
tudo o que foi feito (mal feito) desde 1914 para poder começar do zero com mais
organização e responsabilidade. Mesmo sendo uma tragédia imensurável, a
natureza só estaria fazendo um grande favor para muitas pessoas: depois que
estas malditas usinas foram construídas, o preço da energia elétrica só
aumentou em vez de diminuir conforme prometeram antes de suas construções.
Nenhum benefício visível foi visto até agora para os nativos e nem para
Rondônia. É natureza estuprada, assoreamento do rio em sua área navegável,
secas constantes, temporais, enchente histórica, mortandade de várias espécies
de peixes, banzeiros assassinos, êxodo rural...
Fiquemos tranquilos: não haverá
nenhuma hecatombe por enquanto, mas de qualquer maneira é bom “ficar esperto”,
pois Rondônia é o paraíso das obras inacabadas, eleitoreiras e mal feitas. E
como aqui prostituta se apaixona, traficante se vicia e político diz que é
honesto é sempre bom ficar “com um olho no gato e o outro no peixe”. E
nem precisa se pegar com Deus, pois Ele não construiu barragem nenhuma e nem é
protetor de Porto Velho. Vamos torcer para que o Satanás tenha dó de nós e nos
dê a proteção que merecemos. E qualquer coisa anormal, todo mundo seria avisado
com bastante antecedência para tomar as precauções. Nossas autoridades não
deixariam que algo do gênero acontecesse conosco. Já pensou a TV Rondônia
noticiando a catástrofe com duas horas de atraso em relação ao restante do
país? Não creio que tsunami ou qualquer outra intempérie da natureza nos atinja
antes da esperada chuva de merda.
*É Professor em
Porto Velho.
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