Vou
torcer contra a seleção
Professor
Nazareno*
A
Copa do Mundo de futebol está começando no Catar, país riquíssimo do Oriente
Médio. Esta edição do torneio será jogada em novembro e dezembro em vez das
tradicionais realizações no meio do ano coincidindo sempre com o verão europeu.
Em 2022 decidiu-se realizar os jogos no final do ano para driblar o desumano
calor daquela região. Como sempre, o Brasil vai participar junto a outras
grandes seleções de renome internacional desse esporte, mas com honrosas
exceções como a Itália, Suécia, Nigéria, Colômbia e Chile. E também como sempre
vou torcer contra a seleção nacional: não é justo o Brasil ganhar um campeonato
jogando o futebol medíocre como o que tem apresentado nos últimos jogos. Além
do mais, o nosso grupo tem uma média de idade muito alta para este esporte com
28,4 anos. Como um time tão longevo pode ter sucesso?
Como
se não bastasse esse terrível obstáculo, o técnico do Brasil, o senhor Adenor
Leonardo Bacchi, parece que entende muito pouco de futebol. Convocou, por
exemplo, o Daniel Alves com quase 40 anos e deixou craques bem mais novos e mais
produtivos de fora. Gabigol do Flamengo e Gustavo Scarpa do Palmeiras são prova
desta insanidade futebolística. Isso para não citar outros grandes craques que
não irão ao Catar. O Brasil, pentacampeão do mundo nesta modalidade de esporte,
há um bom tempo que já não tem mais o mesmo carisma e a mesma competência para
fazer grandes atuações. Países como a Dinamarca, a Bélgica e a Croácia vêm se
destacando com grandes seleções nacionais. Isso sem falar na poderosa Alemanha,
na Argentina e na Holanda. Aliás, foram a Holanda, a Alemanha e a Bélgica
respectivamente que despacharam o Brasil nas últimas três copas.
E
nem é bom falar nas sempre favoritas França, Inglaterra e Espanha. Com uma
seleção muito velha e praticamente só com jogadores “estrangeiros” a
seleção canarinho pode dar um vexame após o outro nesta Copa do Mundo.
Raríssimos jogadores de futebol dos nossos times hoje em dia querem ficar no
Brasil. Quase todos eles optam pelos dólares e pelos euros dos riquíssimos e
organizados campeonatos europeus. Já decidi: não vou torcer pela seleção do
Brasil nesta Copa do Mundo de futebol. Há times muito melhores para aplaudir.
Tremo só de pensar em torcer por um time repleto de bolsonaristas dentro de
campo: aquelas camisas amarelas podem ser um prenúncio de que a política pode
imitar o futebol, pois quase todos os jogadores da nossa seleção são
bolsonaristas de carteirinha, como o Neymar, que pediu votos para o “ex-Mito”.
Extrema-direita? Tô fora!
Sempre
tive vergonha de vestir essa camisa amarela e feia que, para mim, nada diz ou
acrescenta. E quando vejo alguém a usando, tenho delírios esquisitos. Nas
últimas eleições, torci contra o Bolsonaro e deu certo: ele perdeu a contenda.
E apesar de eu ter votado no Lula, a minha maior alegria foi mesmo ter se livrado
do “Bozo”. O pior é que quase todos os prognósticos sobre a Copa do
Mundo estranhamente colocam o Brasil como o principal favorito. Parece até
coisas ditas somente para nos enganar. “Que venha o hexa dessa vez! Rumo ao
hexa! Brasil, não tem pra ninguém!” são as manchetes mais do que otimistas.
Nenhuma, no entanto, nos prepara para uma possível e previsível derrota. Por
isso, a cada Copa perdida uma tristeza imensa toma conta do país inteiro. Porém
se perdermos dessa vez, poderemos fazer como os bolsomínions mais fanáticos:
sairemos às ruas e exigiremos a entrega da taça. Já pensou se a FIFA acreditar
na loucura?
*Foi Professor em Porto
Velho.
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