Bolsonaro paz e
amor?
Professor
Nazareno*
A palavra “establishment” em inglês se refere, de forma depreciativa, às
pessoas que detêm o poder. É, portanto, aquilo que já está estabelecido dentro
da sociedade, aquelas regras que não mudam tão facilmente. No Brasil e também
em grande parte do mundo civilizado, essas normas já são seguidas por todos e dificilmente
vão mudar. A valorização aos princípios democráticos, por exemplo, deve ser
enaltecida por todos os políticos, candidatos e autoridades comuns. Nada de
golpe, nada de virada de mesa, nada de casuísmos. Embora muito jovem, a nossa
democracia não permite nem tolera outro regime que não seja o democrático.
Ditadura, tirania e outros afins fazem parte do passado e dificilmente voltarão
a nos atormentar. E, claro, Jair Bolsonaro sabe muito bem disso assim como o Fernando
Haddad, os nossos dois candidatos a presidente.
Embora o PT, Partido dos
Trabalhadores, tenha certo viés ditatorial, uma vez que apoiou pelo menos sete
ditaduras espalhadas pelo mundo e ainda hoje flerta com o comunismo ateu, foi o
Bolsonaro que destilou frases antidemocráticas e palavras de efeito
atentatórias ao politicamente correto antes deste processo de eleições no
Brasil. E ambos, tanto os “companheiros”
quanto o “projeto de ditador” terão
que mudar sua retórica se quiserem chegar mais longe. Mesmo tendo uma
mentalidade golpista e de ser chegado a uma ditadura no varejo, o eleitorado
brasileiro precisa repudiar tudo aquilo que ameaça o “establishment” e o politicamente correto. Insuflado pela mídia,
pode não tolerar mais as aventuras nem de um lado nem de outro. Por isso, é bom
que os dois candidatos coloquem as “barbas
de molho”, inclusive o vice do PSL, o general Mourão.
A conjuntura política internacional
não permitirá qualquer virada de mesa em nosso país. Por isso o senhor Jair
Bolsonaro tem que mudar a sua “retórica
de cachorro louco” se quiser chegar ao Planalto. Assim como o radicalismo
insano de alguns petistas deve ser mais moderado também. No Brasil moderno não
há mais espaço para bravatas nem para radicalismos. Ditadura nunca mais! Temas
polêmicos como direitos humanos, emancipação da mulher, negros, quilombolas,
homossexuais, índios e principalmente nordestinos têm que ser encarados com
mais argumentos e menos rancor e ódio. O Nordeste tem quase 40 milhões de
eleitores e uma história repleta de exploração. Principalmente de sua gente
mais pobre. Nenhum dos candidatos pode chamá-los de preguiçosos, acomodados ou
outra infâmia qualquer sem ter que pagar.
Da mesma forma, os índios, negros,
quilombolas e LGBT’s precisam ter o seu espaço e o seu reconhecimento dentro de
uma sociedade pluralista como a nossa. Qualquer palavra que os deprecie e os diminua
é um atentado claro ao próprio país como nação. Por isso os seguidores do “Mito”, principalmente, precisam mudar o
seu repertório preconceituoso e anacrônico sob pena de sanções. Não reconhecer
a importância da mulher em qualquer sociedade é um atentado ao bom senso. Não
acredito que o senhor Jair Bolsonaro acredite no que disse com relação a essa
gente. Ou ela vira “Bolsonaro paz e amor”
ou perde o bonde da História. Aqui, o espaço para ódio está fechado.
Desrespeitar também os direitos humanos num momento em que o prêmio Nobel
reconhece seus ativistas é “remar contra
a maré” do mundo civilizado. As disputas começam nesta sexta. Tomara que os
dois adversários não se tornem inimigos.
*É
Professor em Porto Velho.
Um comentário:
Professor, não concordo mas respeito sua opinião. E sobre os candidatos a governo de Rondônia? Qual sua opinião? Obrigado.
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