O Amazonas é o
Brasil/2018
Professor
Nazareno*
Na política, o Brasil vive há tempos
momentos angustiantes e vergonhosos. É roubalheira sem fim em quase todos os
partidos políticos, autoridades presas por corrupção, malas de dinheiro sendo
escondidas, propinas, ataques ao erário, desvios de verbas, acordos espúrios,
delações premiadas, acusações de extorsão, escândalos gravados, golpe de
Estado, obras superfaturadas e inacabadas, cuecas recheadas de grana, gravações
ilícitas, roubo escancarado de dinheiro público, nomeações fantasmas, operações
policiais, compra de votos, contratos fraudulentos envolvendo políticos e
outras autoridades, “vergonha em cima de
vergonha”. O povo, roubado e vilipendiado até a alma, promete dar o troco e
se vingar dos políticos nas próximas eleições. Anular o voto ou simplesmente se
abster de ir às urnas é o que mais se ouve entre os eleitores.
Só que não
haverá vingança nenhuma. Infelizmente nas eleições do próximo ano as coisas não
mudarão e todos ou quase todos os políticos envolvidos em maracutaias e
roubalheiras serão tranquilamente reconduzidos aos seus cargos. Todas as 27
unidades da federação reelegerão os próximos deputados estaduais, deputados
federais, senadores, governadores e até o presidente da República, porém as
mudanças, as renovações, se houver, serão mínimas, inexpressivas. E quem afirma
isso ou pelo menos quem confirmou este absurdo foi o resultado das recentes
eleições que aconteceram no Estado do Amazonas. Em votação para um mandato
tampão de governador do Estado, já que o mandatário amazonense fora cassado por
compra de votos, o eleitor foi às urnas e reelegeu de novo Amazonino Mendes, um
velho cacique conhecido da política local.
Se o eleitor amazonense não fez no seu
Estado a mudança que o país espera, como ter esperanças de que nas próximas
eleições haverá qualquer novidade na política nacional? Nada mudou no Amazonas
e nada mudará também no resto do Brasil. O eleitor do Amazonas tem o mesmo
perfil do eleitor de qualquer outra parte deste país, infelizmente. Amazonino
Mendes já foi governador daquele Estado e prefeito de Manaus pelo menos umas
três ou quatro vezes. Da mesma forma que Eduardo Braga, seu oponente no segundo
turno. Se depender da maioria desses cidadãos despolitizados, todas as
figurinhas carimbadas da nossa política vão continuar dando as cartas por um
bom tempo. O eleitor não tem competência nem quer mudar no voto a caótica
situação do país. E Rondônia continuará com Raupp, Cassol, Expedito, Capixaba,
Mosquini...
O brasileiro comum não entende de
política e dela quase não participa. Aqui, o candidato quanto mais ladrão e
cafajeste, mas voto tem e mais cargo ocupa sempre com o apoio do eleitor
idiota. Se Michel Temer fosse candidato a presidente, por exemplo, teria
chances de ganhar o pleito. Tudo ia depender somente do apoio que recebesse, dos
marqueteiros e dos financiadores da campanha. Convencer o otário eleitor de que
Temer ou qualquer outro candidato é bom, é uma coisa fácil e simples. Não é à
toa que Lula e Bolsonaro aparecem nas pesquisas à frente de muitos candidatos.
Basta fazer uma lista, Estado por Estado, dos políticos citados em
contravenções e coisas erradas para ver se a maioria não será reeleita nas
próximas eleições. “Não existe sociedade
honesta com governo corrupto ou vice-versa”, sentenciou o professor e
historiador Leandro Karnal. Sinais sombrios: o Amazonas disse ontem ao Brasil
que tão cedo não haverá mudanças.
*É
Professor em Porto Velho.
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