Como
ser otimista?
Professor
Nazareno*
O poeta, dramaturgo, escritor,
jornalista e Nobel de Literatura, o português José Saramago disse certa vez que
não era pessimista, mas “o mundo é que é péssimo”. Olhando por esta
ótica, a realidade do Brasil não aponta para outra perspectiva que não seja a
de sofrimento, tristeza, angústia, dor, decepção e penúria. O time de futebol
da Chapecoense de Santa Catarina, por exemplo, foi dizimado quase por inteiro
por causa da irresponsabilidade em um fatal desastre aéreo nos Andes
colombianos e o país consternado chorou copiosamente a perda de seus atletas.
Nesta tragédia, para mais uma tristeza nossa, vimos que a Colômbia é um país
muito mais civilizado e organizado do que nós brasileiros. Percebemos por que
somos uma nação de quinta categoria e que na maioria das vezes não merecemos
sequer o respeito de outros países do mundo.
Como ser otimista com essa classe
política que temos em nosso país? Como ter alegrias com esse povo, cuja maioria
é chinfrim, ridícula, com pouquíssima leitura de mundo, semianalfabeta,
despolitizada e que em todas as eleições vota sempre nos mesmos patifes e
ladrões? Como ter um mínimo de decência com um Congresso Nacional igual a esse
que temos no Brasil? Políticos escroques que em meio à dor coletiva do país legislaram
na calada da noite em causa própria. O presidente do Senado responde a vários
processos e inquéritos na Justiça e parece que nada acontece ao mesmo. Como
esboçar um mínimo de alegria num país cujo presidente da República é golpista, traidor,
sem popularidade alguma, com vários ministros afastados por corrupção e
desmandos e que representa uma legião de políticos igualmente nefastos?
Como suportar a dor de integrar uma
nação cuja maioria de seus governantes demonstra pouco ou nenhum respeito aos
seus próprios cidadãos? Como se conformar com o “jeitinho” como se fosse
a coisa mais normal e natural do mundo? Como conviver com um dos piores
sistemas de educação em pleno século vinte e um? Como ser tratado por uma
medicina curativa que suga cada centavo de seus pacientes e nada devolve em
serviços de excelência? Como ter os piores serviços públicos se para evitar
isso se paga uma das mais altas taxas de impostos de que se tem notícia? Como
aturar a falta de mobilidade urbana nas grandes e médias cidades espalhadas
pelo vasto território nacional? Como aceitar passivamente que um time grande
rebaixado no campeonato nacional de futebol pode entrar depois no tapetão e
evitar a queda para outra divisão?
Como morar numa capital de Estado como
Porto Velho que é cheia de lixo, ratos, urubus, podridão, bichos mortos, ruas
tortas, violência e pessoas mal educadas que ainda reclamam de quem denuncia
esse descaso? Como aceitar que as passagens aéreas para cá sejam as mais caras
do país? Como aceitar e ainda pacificamente que a cidade mais uma vez fique sem
decoração de Natal? Como votar e eleger uma Câmara de Vereadores como a que foi
recém-eleita na capital de Rondônia? Como no país ter a coragem de tirar uma
presidente eleita, mas negligente e no lugar dela colocar “todas essas
tranqueiras” que aí estão? A violência aumenta, a devastação da natureza
aumenta, a recessão aumenta, a inflação aumenta, os problemas sociais aumentam,
o cinismo aumenta e os políticos e as autoridades ainda zombam da população.
Como ser otimista num caos desse? Mas sejamos esperançosos: ainda não choveu
BOSTA aqui.
*É Professor em
Porto Velho.
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