sábado, 3 de dezembro de 2016

Como ser otimista?

Como ser otimista?

Professor Nazareno*

O poeta, dramaturgo, escritor, jornalista e Nobel de Literatura, o português José Saramago disse certa vez que não era pessimista, mas “o mundo é que é péssimo”. Olhando por esta ótica, a realidade do Brasil não aponta para outra perspectiva que não seja a de sofrimento, tristeza, angústia, dor, decepção e penúria. O time de futebol da Chapecoense de Santa Catarina, por exemplo, foi dizimado quase por inteiro por causa da irresponsabilidade em um fatal desastre aéreo nos Andes colombianos e o país consternado chorou copiosamente a perda de seus atletas. Nesta tragédia, para mais uma tristeza nossa, vimos que a Colômbia é um país muito mais civilizado e organizado do que nós brasileiros. Percebemos por que somos uma nação de quinta categoria e que na maioria das vezes não merecemos sequer o respeito de outros países do mundo.
Como ser otimista com essa classe política que temos em nosso país? Como ter alegrias com esse povo, cuja maioria é chinfrim, ridícula, com pouquíssima leitura de mundo, semianalfabeta, despolitizada e que em todas as eleições vota sempre nos mesmos patifes e ladrões? Como ter um mínimo de decência com um Congresso Nacional igual a esse que temos no Brasil? Políticos escroques que em meio à dor coletiva do país legislaram na calada da noite em causa própria. O presidente do Senado responde a vários processos e inquéritos na Justiça e parece que nada acontece ao mesmo. Como esboçar um mínimo de alegria num país cujo presidente da República é golpista, traidor, sem popularidade alguma, com vários ministros afastados por corrupção e desmandos e que representa uma legião de políticos igualmente nefastos?
Como suportar a dor de integrar uma nação cuja maioria de seus governantes demonstra pouco ou nenhum respeito aos seus próprios cidadãos? Como se conformar com o “jeitinho” como se fosse a coisa mais normal e natural do mundo? Como conviver com um dos piores sistemas de educação em pleno século vinte e um? Como ser tratado por uma medicina curativa que suga cada centavo de seus pacientes e nada devolve em serviços de excelência? Como ter os piores serviços públicos se para evitar isso se paga uma das mais altas taxas de impostos de que se tem notícia? Como aturar a falta de mobilidade urbana nas grandes e médias cidades espalhadas pelo vasto território nacional? Como aceitar passivamente que um time grande rebaixado no campeonato nacional de futebol pode entrar depois no tapetão e evitar a queda para outra divisão?
Como morar numa capital de Estado como Porto Velho que é cheia de lixo, ratos, urubus, podridão, bichos mortos, ruas tortas, violência e pessoas mal educadas que ainda reclamam de quem denuncia esse descaso? Como aceitar que as passagens aéreas para cá sejam as mais caras do país? Como aceitar e ainda pacificamente que a cidade mais uma vez fique sem decoração de Natal? Como votar e eleger uma Câmara de Vereadores como a que foi recém-eleita na capital de Rondônia? Como no país ter a coragem de tirar uma presidente eleita, mas negligente e no lugar dela colocar “todas essas tranqueiras” que aí estão? A violência aumenta, a devastação da natureza aumenta, a recessão aumenta, a inflação aumenta, os problemas sociais aumentam, o cinismo aumenta e os políticos e as autoridades ainda zombam da população. Como ser otimista num caos desse? Mas sejamos esperançosos: ainda não choveu BOSTA aqui.




*É Professor em Porto Velho.

Nenhum comentário: