Corrupção,
onde ela está?
Professor
Nazareno*
Segundo a ONG
Transparência Internacional, o Brasil é um dos países mais corruptos do mundo. Numa
recente lista de 180 nações divulgada pela entidade, ficamos num número nada
invejável ao lado de republiquetas africanas. Com um PIB que o coloca entre as
dez maiores economias do planeta, o nosso país patina de forma vergonhosa
quando o assunto é a qualidade de vida de sua população, que hoje já ultrapassa
os duzentos e seis milhões de indivíduos. O professor Leandro Karnal, um dos
ícones do pensamento esquerdista, afirma que “não existe sociedade honesta
com governo corrupto ou vice-versa”. No Brasil, infelizmente, tem sido
muito comum as pessoas apontarem o dedo sempre para os outros quando se quer
encontrar os culpados pelo mau uso do dinheiro público, principalmente. Aqui, o
corrupto sempre é o outro.
Para a maioria dos nossos cidadãos,
no entanto, “o roubo vem de fora, dos outros”. Pior: são os políticos os
maiores responsáveis pela corrupção que assola o país há séculos. E entre os
próprios políticos e autoridades, é comum apontar sempre o outro poder como o
maior responsável pela roubalheira. Mas todos estão redondamente enganados.
Somos um dos povos mais ladrões e desonestos do mundo e a culpa, como se pensa,
não é dos portugueses que a partir de 1500 trouxeram para cá os seus
degredados. Só que a nossa desonestidade com o alheio é algo próprio de nós
mesmos. Praticamente só pensamos em nós e depois em nós. A corrupção está no
Executivo, no Legislativo, no Judiciário, na Igreja, nas escolas, nas
instituições e em cada Estado e município deste país. Dizem até que nas nossas
veias corre um sangue já corrompido.
Execrar apenas o Congresso Nacional
ou o Poder Executivo por causa da corrupção é uma injustiça. Dentro do próprio
Judiciário deve haver “coisas tão cabeludas” que envergonhariam um
ladrão de chinelos. Por que um juiz como o Sérgio Moro só apareceu agora 514
anos depois de descoberto o país? Este estado de coisas só foi possível por que
houve vistas grossas por parte do Judiciário durante todo este tempo. E isto
não é corrupção? Um cidadão ganhar 100 mil reais por mês ou mais num país de
famintos e miseráveis não é corrupção? Os supersalários do Brasil, em quase
todos os setores da vida pública e que sangram mais de 10 bilhões de reais por
mês é algo decente e aceitável? Quase todos querem sempre ganhar acima do teto
fixado por lei sem se importar de onde saem os recursos. “Farinha pouca, meu
pirão primeiro!”
Na iniciativa privada, a “festa”
é até pior do que no setor público. No Brasil, o importante é levar vantagem em
tudo. Não interessa quem vai sair perdendo. O individualismo reinante na nossa
mentalidade é uma praga que já foi abolida há anos nos países civilizados.
Nunca se pensa no coletivo, apenas no “EU”. E quando os dois setores se
encontram a desgraça está feita sempre em desvantagem para os mais pobres.
Veja-se o exemplo da Operação Lava Jato e as relações incestuosas onde não se
define claramente o que público nem o que é privado. E as “punições”
dadas aos juízes brasileiros? E os privilégios dados a outros setores? E os
conchavos espúrios envolvendo os mandatários do país? Tudo isso não seria
também um tipo velado de corrupção e de privilégios? Deram um golpe numa
presidente eleita para botar no poder pessoas igualmente corruptas. A Odebrecht
delatou todos e o país caiu na vala comum.
*É Professor em
Porto Velho.
Um comentário:
Pode está por aqui, Professor. Talvez a verdade é que, o povo parecça não está nem um pouco interessado nela, até porque, a maioria das pessoas não tem acesso como deveria, em tempo hábil, sobre o perfil dos candidatos e situação dos partidos que os representam. veja isso. http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/pmdb-e-psdb-lideram-os-barrados-na-ficha-limpa/ . Como a corrupção é antes de tudo, um desvio grave de conduta dos indivíduos, que começa, às vezes, no seio familiar. Taí, um assunto que merece vossa atenção, como bom professor que é, no sentido de que, por iniciativa da classe dos mestres e professores de Rondônia, a o Estudo da Corrupção, seja matéria obrigatória nos currículos escolares, de primeiro e segundo gráus. A justificativa se da, pelo fato de que, sua minimização só será possível, se o seu conhecimento e de seus efeitos nocivos para a sociedade, tiver como ponto de partida, as crianças de idade escolar, inicial. São essas as nossas sugestões e contribuição.
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