“Brasileirice”
na tragédia?
Professor
Nazareno*
A tragédia que
se abateu sobre o jovem time da Chapecoense e consternou o mundo do futebol
teve dimensões épicas de dor e sofrimento inenarráveis para o Brasil e
principalmente para aquela desenvolvida cidade no interior de Santa Catarina. É
inimaginável tentar medir ou mesmo compreender o que estão passando os
familiares das 71 vítimas fatais daquele fatídico voo. O Brasil que dá certo
chora mais uma vez uma tragédia em pouco tempo. Outras catástrofes como o
rompimento de uma barragem em Mariana, Mina Gerais, e o incêndio da boate Kiss
em Santa Maria no Rio Grande do Sul deixarão marcas profundas nos corações e mentes
de todos os envolvidos que chorarão amargamente sobre cinzas e lama. Mas uma
pergunta que não quer calar ainda ecoa incômoda: havia meios de se evitar o
caos ou tudo não passou de obra do acaso?
Não há ainda explicações claras e
precisas sobre as causas que levaram o “avião da Chapecoense” a se
espatifar sobre os Andes em plena selva colombiana matando quase uma centena de
pessoas e dizimando completamente a promissora equipe de futebol brasileira.
Pode ter sido um temporal amazônico, muito comum em nossa região. Podem ter
sido falhas mecânicas ou outras causas até então desconhecidas e que serão
futuramente melhor explicadas pelas autoridades daquele país. Mas ao que tudo
indica, o problema mais provável foi mesmo pane seca, ou seja, falta de
combustível. A aeronave, um modelo AVRO/ RJ 85 de fabricação britânica, tem
autonomia para três mil KM de voo. Exatamente a mesma distância entre as
cidades de Santa Cruz de La Sierra na Bolívia e Medellín, destino final na
Colômbia. Não houve escalas na viagem.
Mas segundo autoridades aeronáuticas
bolivianas, o plano de voo desta aeronave previa uma escala em Cobija ou mesmo em
Bogotá para reabastecimento. Além dessas duas cidades havia possibilidades de
paradas para esse fim em Porto Velho, Rondônia, Rio Branco e Cruzeiro do Sul no
Acre, Iquitos no Peru ou até mesmo Manaus, Tefé ou Tabatinga no Amazonas. Será
que o piloto pensou como um brasileiro e achou que o combustível seria
suficiente para completar a fatídica viagem? Além do mais, quem em sã
consciência gostaria de fazer um pouso em Porto Velho, Brasil, um fim de mundo
atrasado e esquecido como esse? “Um voo sem escalas economizaria tempo e
dinheiro”, podem ter pensado erradamente os responsáveis pela condução
daquela aeronave. Se assim foi, o jeitinho brasileiro prevaleceu e levou a um
desastre que comoveu o mundo.
Chapecó não merecia isso. Nem ela nem nenhuma outra cidade do mundo, claro. Município progressista do desenvolvido Oeste de Santa Catarina com cerca de 210 mil habitantes tem na agricultura e na indústria agropecuária o carro-chefe de suas receitas. Com uma das melhores qualidades de vida do Brasil, a limpa, civilizada, florida e asseada “capital do Oeste catarinense” pode até ser comparada a algumas cidades da Europa e dos Estados Unidos. Bem diferente das cidades do Norte e do Nordeste do Brasil, onde pobreza, lixo, exploração humana, miséria e violência são cenas comuns. A Chape, seu apelido carinhoso, tinha uma folha enxuta, organização, um bom elenco e já despontava como uma das grandes equipes do fracassado futebol brasileiro. Por tudo que se faça para reparar a tragédia, nada apagará de nossas mentes a alegria daqueles meninos alviverdes do interior. A Chapecoense viverá para sempre em nossos corações.
Chapecó não merecia isso. Nem ela nem nenhuma outra cidade do mundo, claro. Município progressista do desenvolvido Oeste de Santa Catarina com cerca de 210 mil habitantes tem na agricultura e na indústria agropecuária o carro-chefe de suas receitas. Com uma das melhores qualidades de vida do Brasil, a limpa, civilizada, florida e asseada “capital do Oeste catarinense” pode até ser comparada a algumas cidades da Europa e dos Estados Unidos. Bem diferente das cidades do Norte e do Nordeste do Brasil, onde pobreza, lixo, exploração humana, miséria e violência são cenas comuns. A Chape, seu apelido carinhoso, tinha uma folha enxuta, organização, um bom elenco e já despontava como uma das grandes equipes do fracassado futebol brasileiro. Por tudo que se faça para reparar a tragédia, nada apagará de nossas mentes a alegria daqueles meninos alviverdes do interior. A Chapecoense viverá para sempre em nossos corações.
É Professor em Porto Velho.
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