Olimpíadas
em Porto Velho
Professor
Nazareno*
Claro
que as Olimpíadas 2016 serão realizadas no Rio de Janeiro. Disso, quase todo
mundo sabe. E lamenta profundamente. O PT e o ex-presidente Lula conseguiram,
para a euforia de muitos simplórios esportistas brasileiros, trazer pela
primeira vez para o mundo subdesenvolvido e atrasado os mais famosos jogos da história
da humanidade. Não só os petistas e esquerdistas, mas grande parte da população
do país também aplaudiu calorosamente esta estupidez. Basta observar a “emoção”
de muitos idiotas e imbecis quando da passagem da tocha olímpica pelas cidades
e lugares espalhados pelo Brasil afora. Mas se por uma obra do acaso os jogos, em
vez da capital carioca, fossem realizados na cidade de Porto Velho, a suja,
fedorenta, quente e pouco civilizada capital de Rondônia os problemas aumentariam
e a competição ficaria marcada para sempre.
Se no Rio de Janeiro, cidade
conhecida no mundo inteiro e detentora de uma infraestrutura até que razoável
para receber estrangeiros, os problemas para a realização de uma Olimpíada são
insuperáveis, em Porto Velho viveríamos o Armagedon. Uma das primeiras
delegações a chegar à vila olímpica, a Austrália já decidiu que lá não fica. O
Comitê Olímpico Australiano reclamou das condições infectas do local e disse
que lá nenhum atleta do país ficará hospedado e pelos próximos dias devem ir
para um hotel. “Por causa de vários problemas na Vila Olímpica, como gás, sujeira,
eletricidade e encanamento, os atletas australianos se recusaram a ficar
naquele sinistro alojamento”. Vasos sanitários quebrados, vazamentos em
tubulações, escuridão nas escadarias e lixo em todos os lugares foram
encontradas pelos dirigentes da Oceania.
A sujeira e a imundície em Porto
Velho começariam pelas ruas inabitáveis da cidade. Já pensou um atleta de
renome internacional chegando a nossa suja e infecta rodoviária? E o nosso
aeroporto “internacional” que não faz voo para lugar nenhum fora do
Brasil? Como reagiriam competidores de primeira linha ao ver atletas locais
pedindo esmolas nas ruas para poder participar de uma festa esportiva? E a
inexistente mobilidade urbana da capital das sentinelas avançadas? Imaginem-se
estrangeiros usando o interbairros ou visitando o terminal de ônibus urbano,
que pode sofrer uma alagação do Madeira nas próximas enchentes. Aqui se vive
diariamente uma verdadeira Olimpíada: como sobreviver numa das piores cidades
do mundo sem a menor ajuda do poder público. Pior: Mauro Nazif deve se reeleger
e o rosário de agonias continuará.
Sem
nenhuma atração turística de importância e sem a menor infraestrutura que uma
capital de Estado deveria ter, só nos restaria mostrar aos nossos visitantes o
maior “São João fora de época” de que se tem notícia: o Flor do
Maracujá. Com relação aos possíveis ataques terroristas não haveria nenhum
problema. Qual o militante, por mais maluco e fanático que fosse, teria coragem
suficiente para se explodir em Porto Velho? Se no Rio as coisas não andam nada
boas para a realização desta desnecessária Olimpíada, por aqui essa loucura só
teria sucesso se fosse uma espécie de competição que envolvesse a sujeira, a
fedentina, a carniça, a desorganização e o lixo urbano. A “Olimpíada dos
urubus e dos ratos” daria muitas medalhas de ouro para Rondônia. Com milhões
de pobres e famintos, o Brasil deveria se preocupar em resolver seus infinitos
problemas em vez de fazer festa esportiva. E Porto Velho acabar seu monturo.
*É Professor em
Porto Velho.
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